Título da obra: O Velho Mágico


Reprodução fotográfica autoria desconhecida
O Velho Mágico
,
1982
,
Carlos Matuck
|
Zaidler
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Definição
As inscrições em muros, paredes e metrôs - palavras e/ou desenhos -, sem autoria definida, tomam Nova York, no início da década de 1970. Em 1975, a exposição Artist's Space, nessa cidade, confere caráter artístico a parte dessa produção, classificada como graffiti. A palavra, do italiano graffito ou sgraffito que significa arranhado, rabiscado, é incorporada ao inglês no plural graffiti, para designar uma arte urbana com forte sentido de intervenção na cena pública. Giz, carimbos, pincéis e, sobretudo, spray são instrumentos para a criação de formas, símbolos e imagens em diversos espaços da cidade. O repertório dos artistas é composto de ícones do mundo da mídia, do cartum e da publicidade, o que evidencia as afinidades do graffiti com a arte pop, e a recusa em separar o universo artístico das coisas do mundo. Os grafiteiros remetem a origem de sua arte às pinturas pré-históricas e às inscrições nas cavernas. Nos termos de Keith Haring (1958-1990), um dos principais expoentes do graffiti nova-iorquino: "Decidi voltar ao desenho, que mudou pouco desde a pré-história e ainda guarda a mesma origem".
A definição e reconhecimento dessa nova modalidade artística impõem o estabelecimento de distinções entre graffiti e pichação, corroboradas por boa parte dos praticantes. Apesar de partilharem um mesmo espírito transgressor, a pichação aparece nos discursos críticos associada a uma produção essencialmente anônima, sem elaboração formal e realizada, em geral, sem projeto definido. No graffiti os artistas explicitam estilos próprios e diferenciados, mesclando referências às vanguardas e outras relacionadas ao universo dos mass midia. Cabe lembrar que vários artistas modernos - Brassaï (1899-1984), Antoni Tàpies (1923-2012), Alberto Burri (1915-1995) e Jean Dubuffet (1901-1985), entre outros - também incorporam elementos do grafitti em suas obras.
A produção de Haring se caracteriza pela ironia e crítica. No início dos anos 1980, suas imagens feitas com giz ocupam as superfícies negras das paredes do metrô, destinadas a cartazes publicitários. Bebês engatinhando, cachorros latindo, figuras magricelas etc. são suas marcas características.Em 1982, o mural com cores fluorescentes no Lower East Side e a animação para painel eletrônico na Times Square, Nova York, projeta o nome do artista, que desenvolve, a partir de então, projetos fora dos Estados Unidos: como o trabalho realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), 1984, e a intervenção no Muro de Berlim , em 1986. Suas telas de Haring - por exemplo, Portrait of Macho Camacho (1985), e Walking in The Rain (1989) - guardam semelhanças com o graffiti, seja pela manutenção da linha solta das inscrições e rabiscos, seja pelo repertório mobilizado.
Jean-Michel Basquiat (1960-1988) é outro nome importante dessa modalidade de produção artística. Ele enfatiza as ligações do graffiti e do hip hop e com o mundo underground dos pichadores que o trabalho de Haring anuncia. De origem haitiana, Basquiat enraíza sua arte na experiência da exclusão social, no universo dos migrantes e no repertório cultural dos afro-americanos. Ao longo dos anos 1970, seus "textos pintados" tomam os muros do Soho e do East Village em Nova York, redutos de intelectuais e artistas, e fazem dele um artista conhecido. Mas sé na década seguinte que a caligrafia visual de Basquiat - com suas referências à anatomia humana, ao rap, ao break dance e à vida nova-iorquina de modo geral - passa a ser reconhecida, pela sua colaboração com Andy Warhol (1928-1987), em Arm and Hammer (1985), por exemplo.
As obras de Haring e Basquiat tornam-se referências para experimentos com graffiti realizados em grandes cidades de todo o mundo. Em São Paulo, as imagens de Alex Vallauri (1949-1987) - figuras das histórias de quadrinhos, carrinhos de supermercado, o jacaré da marca Lacoste etc. - começam a ser identificados, entre 1978 e 1979. Ao lado dele, destacam-se os trabalhos de Zaidler (1958) e Carlos Matuck (1958). O grupo Tupinão Dá, 1986,- Carlos Delfino, Jaime Prades (1958), Milton Sogabe (1953), José Carratu e outros -, é mais uma referência importante quando o assunto é o graffiti na capital paulista, pois o grupo realiza performances e grafitagens pela cidade em toda a década de 1980. A Bienal Internacional de São Paulo de 1987 abre espaço para essa produção ao exibir uma parede pintada pelo grupo. Os adeptos do graffiti reconhecem seu débito em relação à arte pop e às experiências dos artistas norte-americanos.
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Eduardo Ortega
Reprodução Fotográfica Autoria Desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
São Paulo, SP
Reprodução fotográfica da artista
Franca, SP
Reprodução fotográfica da artista
Reprodução fotográfica da artista
Museu Aberto de Arte Urbana - Avenida Cruzeiro do Sul
Reprodução fotográfica da artista
Rua Fidalga, São Paulo
Reprodução fotográfica da artista
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: