Título da obra: Inacabável (roda sobre roda)


Reprodução fotográfica Jac Leirner
Os cem (roda)
,
1986
,
Jac Leirner
Reprodução fotográfica Cláudio Elizabetsky
Jacqueline Leirner (São Paulo, São Paulo, 1961). Artista multimídia. Em seu trabalho, coleta e organiza objetos comuns do cotidiano, frequentemente ligados ao consumo, rearranjando-os em novos objetos, que ganham um estatuto de obra artística, e passam a produzir, portanto, outros significados.
Jac Leirner forma-se em artes plásticas em 1984 pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), onde leciona entre 1987 e 1989. Um de seus primeiros trabalhos é a série Os Cem (1987), em que utiliza notas de 100 cruzeiros. Uma das obras dessa série consiste em uma escultura em que as notas são amarradas de modo a formar um círculo, priorizando, assim, traçados geométricos. Ao realizar tal operação, a artista tem a intenção de dar visibilidade a algo ordinário, como o dinheiro, que tem uma função prática de usabilidade no cotidiano mas passa despercebido aos nossos olhos.
Jac Leirner realiza um longo trabalho de coleta e de organização de objetos banais, o que faz com que uma das características mais importantes de sua produção seja o que alguns chamam de “colecionismo”, mas que pode ser considerada uma prática de inventário. A habilidade de Leirner está não simplesmente na acumulação desses objetos, como faz um simples colecionador, mas nas relações que estabelece entre eles, seguindo critérios como cor, temas e afinidades formais.
Exemplos dessa prática são as séries Corpus Delicti (1985), e Nomes (1989). A primeira reúne objetos extraídos de aviões e reorganizados de modo a formar novos objetos, como cinzeiros, que são ligados por uma corrente, de maneira a evocar uma joia. Já a segunda une sacolas de museus e de livrarias de arte, formando um tecido, com o qual se cobre salas ou paredes inteiras. A exposição desta instalação em 2018 rende a Leirner o prêmio Wolfgang Hahn, concedido anualmente pelo Museu Ludwig, em Colônia, na Alemanha, sendo a primeira artista sul-americana agraciada com a premiação.
Também é da década de 1980 uma de suas obras mais importantes, a série Pulmão (1987). Para executá-la, Leirner conservou 1.200 maços de cigarros, após consumir seu conteúdo, e os desmontou, recombinando suas partes semelhantes, que são agrupadas em obras distintas: lacre, papel-cartão, etiqueta de preço, celofane e laminado.
Com intervenções mínimas, como empilhamento e enfileiramento, a artista obtém como resultado novos objetos, nos quais já não é possível identificar sua matéria-prima: o maço de cigarro. Sobre essa série, o crítico Lorenzo Mammì afirma que ela marca uma etapa importante na produção de Leirner, na medida em que esta se mostra aberta a trabalhar com uma variedade maior de formas e cores dos materiais, indo na contramão da estética minimalista, uma das vanguardas artísticas que influenciam seu trabalho, o que remonta à característica transgressora de sua obra.
Outra série bastante conhecida de Jac Leirner é To and From (1991), na qual ela agrupa envelopes de correspondência entre museus, guardados e cedidos pelo Walker Art Center, em Minneapolis, nos Estados Unidos, onde atua como artista residente no mesmo ano. Nessa série, a artista intercepta a trajetória do objeto, tirando-o de sua circulação cotidiana e inserindo-o na esfera artística, refletindo, assim, sobre o estatuto artístico que a mudança espacial pode atribuir a um objeto qualquer, seja ele qual for.
Desempenham também esse papel as séries Foi um Prazer (1997), na qual a artista expõe nas paredes cartões de visita de artistas, curadores e galeristas, e Adesivos (2000/2002), em que exibe adesivos de bandas de rock, museus, de livrarias, e revistas, organizados por temas, cores ou formas.
A obra de Jac Leirner dialoga com a de Marcel Duchamp, com as serializações da minimal art e com a arte conceitual, entre outras vertentes, porém, com um acentuado sentido poético e autobiográfico.
Jac Leirner transforma objetos banais em obras de arte e concede-lhes novos significados. Com sua produção, a artista desempenha papel fundamental na arte contemporânea brasileira, inserindo-a no cenário internacional.
Reprodução fotográfica Jac Leirner
Reprodução fotográfica Eduardo Ortega
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Cláudio Elizabetsky
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Jac Leiner
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Luiz Carlos Felizardo
Reprodução fotográfica Glenn Halvorson
Reprodução fotográfica Glenn Halvorson
Reprodução fotográfica Studio Engsmar
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica Eduardo Ortega
Reprodução fotográfica Georg Rehsteiner
Reprodução fotográfica Eduardo Ortega
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Bill Orcutt
Jac Leirner - Enciclopédia Itaú Cultural
Sacolas plásticas vazadas, estufadas e costuradas, moedas e notas de dinheiro, cartões de visita, parafernálias de avião, chapas de raio X etc., para a artista multimídia paulistana Jac Leirner, todo e qualquer objeto pode ser transformado em arte: “Não tento representar nada, meu trabalho não é figurativo”, explica. Em sua obra, Leirner usa materiais comuns, utilizados pelas pessoas em seu cotidiano, e explora ao máximo os potenciais plásticos de cada objeto, deslocando o significado do que é consumido para um status artístico de minimal art a partir de novas propostas de conexões e agrupamentos.
De formação em arte moderna, seu trabalho tem referência na arte conceitual, que privilegia a ideia e não a obra executada: “O que sobra é o vazio, que é o próprio trabalho”, define a artista.
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Galeria Tenda (São Paulo, SP)
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Fundação Bienal de São Paulo
Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_)
Petite Galerie
Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_)
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Galeria Fernando Milan (São Paulo, SP)
Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP)
Galeria Fernando Milan (São Paulo, SP)
Fundação Bienal de São Paulo
Ikon Gallery (Birmingham, Reino Unido)
Fundação Bienal de São Paulo
BRASIL. Plural y singular. Curadoria Laura Buccellato, Clelia Taricco. Buenos Aires: MAMba, 2000.
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: