Carlos Fajardo
![Sem Título, 1970 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/000445014013.jpg)
Sem Título, 1970
Carlos Fajardo
Madeira policromada
Texto
Biografia
Carlos Alberto Fajardo (São Paulo, São Paulo, 1941). Artista plástico, professor. A pintura e o desenho, suportes utilizados no início da carreira, mais tarde orientam-se para as questões da escultura e instalação, especificamente a discussão da superfície.
Durante a década de 1960, enquanto cursa arquitetura na faculdade Mackenzie, Fajardo tem aulas de desenho com o artista Wesley Duke Lee (1931-2010). Nesse período, estuda também pintura, história da arte e comunicação visual, gravura em metal e litogravura.
Entre 1966 e 1967, ao lado dos artistas como Frederico Nasser (1945), Geraldo de Barros (1923-1998) e José Resende (1945), funda o grupo Rex e a Rex Gallery, em São Paulo, onde organiza eventos e edita o jornal Rex Time. Em 1987, é premiado pelo Ministério da Cultura com bolsa Ivan Serpa (1923-1973) e, em 1989, com bolsa Vitae em 1989.
O interesse pelo ensino de artes inicia-se com a criação do centro de experimentação artística Escola Brasil (1970-1974) com os artistas Luiz Paulo Baravelli (1942), José Resende e Frederico Nasser. Durante os anos 1980 e 1990, a atividade pedagógica expande-se com aulas em seu atelier. A partir de 1998, depois de concluir doutorado em artes com a tese Poéticas Visuais, a Profundidade e a Superfície, torna-se professor no Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), orientando alunos de graduação e pós-graduação.
Está presente em cinco edições da Bienal de São Paulo – 9a (1967), 16a (1981), 19a (1987), 25a (2002) e 29a (2010) – e na Bienal de Veneza de 1978 e 1993. Participa de duas edições do Arte Cidade, a 1a (1994) e a 4a (2002), e da 1a Bienal do Mercosul (1997). Suas obras estão em acervos do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), do Parque da Marina, em Porto Alegre, e da Fundação Demócrito Rocha, em Fortaleza.
Análise
Desde a Escola Brasil, Fajardo estabelece relação própria com sua formação em arte e o ensino: considera que a arte é aprendida, não ensinada. Essa concepção nasce no fazer artístico, cujo processo interessa mais do que o objeto final. A prática artística e as questões do ofício retroalimentam o aprendizado do artista, que desenvolve um discurso com base no próprio repertório. Do mesmo modo, o espectador não precisa ter conhecimento prévio em arte, uma vez que as obras devem ser vivenciadas, não entendidas.
Entre as técnicas que utiliza, o desenho é a que oferece o caminho plástico para o raciocínio visual, a memória do gesto e também a relação entre os materiais – o grafite e o papel. O contraste oferecido pelo encontro de materiais distintos perpassa toda a produção artística de Fajardo.
A corrente estética do minimalismo americano dos anos 1960 interessa-lhe pela questão construtiva e pelo uso de materiais industriais. O interesse pela superfície como propriedade material aparece também na pintura, técnica explorada até o começo dos anos 1980, como a tela Azul (1977), apresentada em 1981 na 16a Bienal de São Paulo. Já os trabalhos em fórmica são desenvolvidos de 1969 até os anos 1990. Neles, o uso do material industrial carrega a superfície de cor, reorganizada em formas que ainda se relacionam com a figuração, como em República do Líbano (1971).
Na emblemática Neutral (1966), Fajardo utiliza material industrial e não participa da produção da obra. Esta peça consiste em um cubo de 40 cm, produzido em acrílico transparente, com outro cubo virtual dentro dele, cujo traçado encontra-se deslocado em relação ao cubo de fora. Vende-se apenas as instruções para a confecção da obra pelo próprio comprador. Há também necessidade de interação do espectador com a obra, porque o cubo interior só é percebido pelo manuseio dela.
Ao longo das décadas, suas obras passam a ocupar espaço de grandes proporções e, como em Neural, sugerem maior proximidade com o espectador. A instalação montada na 25a Bienal de São Paulo (2002) é um bom exemplo. Ela convida o espectador a entrar em um ambiente de vidro, com 7.5m x 6 m de lado e 2,40 m de altura, revestido com uma superfície de metal fino que não permite que as pessoas do lado de dentro vejam o espaço exterior – e vice-versa. A entrada é uma espécie de corredor que tangencia a totalidade do espaço. O revestimento também impede a passagem do som. Essas características propiciam ao espectador vivência plena e articulam as relações sobre dentro e fora, propostas pela fisicalidade e presença da obra em seu mapeamento do espaço. A organização espacial na instalação também pressupõe relação de de troca, em termos de aceitação e oposição, para oferecer a experiência vivida pela e com a obra.
Em 2012, o artista cria a instalação No Meio do Vão, com piso e cobertura transparentes em um espaço de convivência do Sesc Belezinho. A profundidade em eixo vertical e a luz ambiente possibilitam que a estrutura instalada pelo artista – pórticos que seguram espelhos – multipliquem os reflexos do público, e que suas sombras apareçam em todas as faces construídas.
Obras 23
Sem Título
Sem Título
Sem Título
Ao Cubo
Lembrança de Wesselmann
Exposições 224
Feiras de arte 4
-
12/2/2004 - 16/2/2004
-
13/2/2008 - 18/2/2008
-
29/4/2010 - 2/5/2010
-
12/5/2011 - 15/5/2011
Festivais 3
Mesas redondas 1
-
5/11/1997 - 5/11/1997
Oficinas 1
Palestras 1
-
27/11/1997 - 27/11/1997
Workshops 1
-
23/11/2002 - 28/11/2002
Mídias (1)
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Fontes de pesquisa 28
- AMARANTE, Leonor. Fajardo: instalação conceitual. Galeria: Revista de Arte, São Paulo, n. 11, p. 95-97, 1988.
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- FARIAS, Agnaldo. Catálogo da Representação do Brasil na Bienal de Veneza. 1993.
- LEIRNER, Sheila; WILDER, Gabriela Suzana (Curad.). Em busca da essência: elementos de redução na arte brasileira. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1987.
- LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
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- SITE da Escola Comunicação e Artes Universidade de São Paulo. Disponível em: < http://www2.eca.usp.br/cms/index.php?option=com_content&view=article&id=56:carlos-fajardo&catid=14:folios&Itemid=10 >. Acesso em: 10 ago. 2017.
Como citar
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CARLOS Fajardo.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022.
Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9511/carlos-fajardo. Acesso em: 15 de agosto de 2022.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7