Título da obra: Cabeças de Negras


Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini
Diana [Mulher e Corça] [A Mulher e a Corça]
,
1926
,
Vicente do Rego Monteiro
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Vicente do Rego Monteiro (Recife, Pernambuco, 1899 – idem, 1970). Pintor, escultor, desenhista, ilustrador, artista gráfico e poeta. Sua diversificada atuação envolve áreas como a dança, a poesia, a tradução, a docência e, sobretudo, a pintura, fortemente inspirada pela cultura indígena e marcada pela simplificação formal.
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1908, ano em que inicia os estudos artísticos, acompanhando sua irmã Fedora do Rego Monteiro (1889-1975) em cursos da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). No início da carreira, antes de se estabelecer como pintor, dedica-se brevemente à escultura.
Em 1911, a família se muda para Paris, onde o artista frequenta cursos livres das Academias Colarossi, Julian e de La Grande Chaumière. Participa do Salon des Indépendants [Salão dos Independentes], em 1913, do qual se torna membro societário.
No início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ele e a família deixam a França e se estabelecem no Rio de Janeiro, em 1915. Realiza a primeira individual, no Teatro Santa Isabel, em Recife, em 1918, e dois anos mais tarde expõe no Rio de Janeiro e em São Paulo. Nessa mostra, já revela o interesse pelas lendas e costumes da Amazônia, referência presente em grande parte de suas obras. A curiosidade pela cultura indígena, aliada à grande paixão pela dança, o levam a realizar o espetáculo Lendas, Crenças e Talismãs dos Índios do Amazonas (1921), no Teatro Trianon, no Rio de Janeiro, elogiado pelo poeta e crítico Ronald de Carvalho (1893-1935).
A década de 1920 é o período mais produtivo do artista. Estuda a arte marajoara das coleções do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, o que interfere em sua produção artística. Essa inspiração pode ser notada em aquarelas que representam lendas indígenas, recorrendo à figuração geométrica e também à ornamentação da cerâmica marajoara, como em Mani Oca e O Boto (ambas de 1921).
Em 1921, retorna a Paris e deixa algumas pinturas com Ronald de Carvalho, que decide incluí-las na seleção de obras expostas na Semana de Arte Moderna de 1922. Neste momento, interessa-se pelas estilizações formais do art déco. Na obra A Caçada (1923), o pintor utiliza o recurso de estilização das figuras, que apresentam certa tensão muscular e assumem o aspecto de engrenagens, tendo as obras do pintor francês Fernand Léger (1881-1955) como parâmetro. Em 1923, faz desenhos de máscaras e figurinos para o balé Legendes Indiennes de L'Amazonie.
Preocupado em adaptar temas tradicionais da arte sacra a uma linguagem moderna, produz Pietá (1924), que se destaca pela aparência plástica de relevo e pelo uso de uma gama cromática reduzida, recorrente em sua obra: nuances de ocre, cinza e marrom. O quadro A Crucifixão (1924) apresenta dramáticos efeitos de claro-escuro e é estruturado por meio do rigoroso jogo de linhas horizontais e verticais.
Em Os Calceteiros (1924), o artista expressa sensibilidade com a temática social, mais especificamente com o mundo dos trabalhadores. Dedica-se também às figuras de crianças, muitas vezes representadas ao lado de animais, como em O Menino e os Bichos (1925). Já em o Atirador de Arco (1925), inspira-se na representação do índio realizada anteriormente pelo pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848). Nessa obra, as tensões criadas pela envergadura do arco ecoam em uma sucessão de ondas, em espaço próximo ao do relevo.
Em 1930, traz ao Recife uma exposição de artistas da Escola de Paris, que inclui, além de suas obras, quadros do pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), do francês Georges Braque (1882-1963) e do italiano Gino Severini (1883-1966). Essa exposição é importante por ser a primeira mostra internacional de arte moderna realizada no Brasil com artistas ligados às grandes inovações nas artes plásticas, como o cubismo e o surrealismo. Além de passar pelo Rio de Janeiro, chega a São Paulo, onde são acrescidas telas de Tarsila do Amaral (1886-1973).
Decora a Capela do Brasil no Pavilhão Vaticano da Exposição Internacional de Paris, em 1937. Ainda nessa década, afasta-se da pintura e dedica-se à ilustração, com passagem pela redação das revistas Fronteiras, iniciada em 1935, e Renovação, a partir de 1939.
Em 1941, publica seus primeiros versos, Poemas de Bolso, organiza e promove vários salões e congressos de poesia no Brasil e na França. Em 1946, funda a Editora La Presse à Bras, dedicada à publicação de poesias brasileiras e francesas. Também atua como tradutor, e incentiva jovens escritores com auxílio para publicações. A partir da década de 1950, volta a se dedicar com maior intensidade à pintura, e temas regionais se tornam mais comuns em sua produção, é o caso de O Aguardenteiro (fim da década de 1950) e O Vaqueiro (ca.1963).
Em 1960, recebe o Prêmio Guillaume Apollinaire pelos sonetos reunidos no livro Broussais – La Charité (1957). Nesse período, começa a atuar como professor; em 1957 e 1966, dá aulas de pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco (EBA/UFPE), e, entre 1966 e 1968, leciona no Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília (UnB).
A produção de Vicente do Rego Monteiro tem como eixo comum a simplificação formal e o uso de uma gama cromática reduzida, aspectos aliados à interpretação do art déco. Tem importante papel na interlocução artística entre Brasil e França e na propagação da produção modernista internacional no país natal.
Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica João L. Musa/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Zé de Boni
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Paulo Scheuenstuhl
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Zé de Boni
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Vicente de Mello
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Teatro de Santa Isabel
Galeria Elegante (Recife, PE)
Fotografia Piereck (Recife, PE)
Galeria Rembrandt (Rio de Janeiro, RJ)
Livraria Moderna (São Paulo, SP)
Associação dos Empregados do Comércio (Recife, PE)
Teatro Trianon
Theatro Municipal de São Paulo
Maison de L'Amérique Latine (Paris, França)
Galerie Emeric Fabre (Paris, França)
Fundação Bienal de São Paulo
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