Título da obra: Saltimbancos em Ouro Fino


Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Preto Velho
,
1999
,
Álvaro Apocalypse
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Álvaro Brandão Apocalypse (Ouro Fino, MG, 1937 - Belo Horizonte, MG, 2003). Pintor, ilustrador, designer de bonecos, diretor teatral, cenógrafo, gravador, museólogo e professor. Em 1956, estuda litografia e gravura em metal na Escola Guignard e inicia curso de direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Realiza desenhos e atua como ilustrador em várias publicações. Em 1959, leciona na recém-criada Escola de Belas Artes da Faculdade de Arquitetura da UFMG, da qual se torna professor titular em 1981. Em 1962, torna-se professor da Fundação Mineira de Arte e começa a trabalhar em publicidade como layout-man.
Recebe o prêmio de viagem ao exterior no 3º Salão da Aliança Francesa em 1969. Viaja para Paris e realiza curso de história do desenho na Escola do Louvre. Durante a viagem à Europa, aprofunda seu contato com o universo do teatro de bonecos, assistindo a espetáculos e visitando exposições. No Brasil, inicia a construção de bonecos com o objetivo de fazer filmes de animação quadro a quadro, mas por não dominar técnicas de vídeo animação, decide dar continuidade ao projeto por meio do teatro de bonecos, levando adiante o processo inicial de construção de marionetes.
É nesse contexto que, em 1970, Álvaro Apocalypse cria em Belo Horizonte o grupo Giramundo, com as artistas plásticas Terezinha Veloso (1936-2003) – sua esposa – e Madu (1945), também professoras da UFMG. Em sua trajetória, produz cenários, figurinos e marionetes para várias peças teatrais. Ao todo, produz e dirige 27 espetáculos no Giramundo e, entre 1990 e 1991, coordena o Ateliê de Tecnologia do Instituto Internacional de Marionetes, em Charleville-Mèziéres, França.
Publica pela imprensa da UFMG, em 1977, o álbum de gravuras Minas de Guimarães Rosa, um trabalho em que se encontram as facetas de ilustrador e gravador empenhadas na representação de temas nacionais. Em 2001, é lançado o livro Álvaro Apocalypse: Depoimento, coordenado pela historiadora Marília Andrés Ribeiro e pelo curador e pesquisador Fernando Pedro da Silva, em que o artista expõe algumas diretrizes de seu trabalho, apresentando a linha como elemento central de suas pesquisas em artes plásticas através do desenho.
Álvaro Apocalypse expõe em diversos salões de arte e bienais. Dentre os inúmeros prêmios recebidos, pode-se destacar o Prêmio de Desenho do Salão de Arte Moderna de Pernambuco (1962), o Prêmio de Aquisição da 9ª Bienal Internacional de São Paulo (1967), o Prêmio de Cenografia do Festival Brasileiro de Cinema de Brasília (1986) e a Medalha da Inconfidência, oferecida pelo governo de Minas Gerais (1990).
À frente do grupo Giramundo de teatro de bonecos, Álvaro Apocalypse desenvolve uma gama variada de bonecos e aparatos cênicos. No grupo, é o principal responsável pela realização dos personagens, criando, inicialmente, desenhos com as características externas dos bonecos para, em seguida, realizar um conjunto de ilustrações de caráter mais técnico em que se vê a construção das articulações e o modo de manuseio das estruturas. Como cenógrafo e diretor, reúne diferentes linguagens e técnicas, criando um teatro experimental que se apropria de elementos da ópera, da mímica e da videoarte para a composição de uma dramaturgia muito particular no âmbito do teatro de bonecos. A variada gama de personagens e objetos cênicos produzidos para o teatro é organizada por Apocalypse com o grupo, originando o Museu Giramundo, o maior acervo de teatro de bonecos das Américas.
Nas artes plásticas, suas afinidades com a obra de Portinari (1903-1962), Di Cavalcanti (1897-1976) e Picasso (1881-1973) são visíveis em seus estudos e desenhos de figuras humanas e de animais, em que aprofunda o uso da linha para formar tons, sobretons e planos, como no desenho a carvão Bicho (1992). Nos desenhos em nanquim, nas xilografias e gravuras em metal, nas pinturas em óleo ou nas composições de pastel e guache, vemos também o rastro das linhas como elemento construtivo. Por um aspecto, as linhas se revelam como malha ou esboço estruturante, mas, por outro, compõem também a superfície e a textura das figuras, conferindo volume e movimento às personagens, que ganham como atributo uma espécie de movimento.
A partir de 1965, o trabalho de Álvaro Apocalypse apresenta um caráter surrealista que perdura em suas obras. É o caso de Objeto Não Identificado (1966), em que vemos um conjunto de elementos que pode figurar como uma pequena cidade ou como um pequeno tabuleiro cênico, posto na parte superior de um retângulo verticalizado que tem em sua base linhas representando uma cabeça perfilada com uma boca repleta de dentes. O traço surrealista é também visível na Entrada dos Saltimbancos em Ouro Fino (1996), em que os músicos são retratados como cones ou peões de tabuleiro, e seus corpos se confundem com os instrumentos musicais.
Álvaro Apocalypse identifica a necessidade de construir uma memória visual brasileira, e busca realizar, a partir dos temas nacionais, novas figurações capazes de retratar esse universo cultural pictórico que considera ainda não documentado. Esse procedimento pode ser visto em sua Ceia (2000), elaborada em acrílica sobre tela, em que Jesus está rodeado por negros e índios, além de figuras pitorescas como um enforcado e um palhaço.
Em suas obras, recorrentemente o artista retrata cenas e figuras da cultura popular. A representação de instrumentos musicais tradicionais, de festas e de manifestações folclóricas também é frequente. Muitos trabalhos são marcados pela representação de tipos brasileiros como o violeiro, o operário, o cangaceiro, o flautista de rua, o jagunço etc. – que ocasionalmente dão nome aos quadros. Na extensão de sua obra, Álvaro Apocalypse documenta e expõe, com singularidade, diferentes traços da cultura brasileira.
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Reprodução fotográfica autoria desconhecid
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Maurício Magno Rocha
Teatro Marília
Teatro Marília
Teatro Marília
Teatro Marília
Galeria Piccolo Spazio (Florianopólis, SC)
Museu de Arte da Pampulha (MAP)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Museu do Estado de Pernambuco (MEPE)
Galeria Prestes Maia
Museu de Arte da Pampulha (MAP)
Embaixada do Brasil (Lagos, Nigéria)
Galeria Atrium (São Paulo, SP)
Instituto Cultural Brasil Estados Unidos (Belo Horizonte, MG)
Brazilian-American Cultural Institute (Washington, DC, Estados Unidos)
Convento de Nossa Senhora do Carmo. Igreja (Salvador, BA)
Galeria Chez Bastião (Belo Horizonte, MG)
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