Título da obra: Nuvens


Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Trem
,
1990
,
Carmela Gross
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Maria do Carmo da Costa Gross (São Paulo, São Paulo, 1946). Artista visual. As primeiras obras de Carmela Gross nos anos 1960 são realizadas enquanto estuda artes plásticas na Faculdade Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, no curso de Formação de Professores de Desenho. A partir de 1972, é vinculada à área de Poesias Visuais no Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), onde leciona na graduação e na pós-graduação.
Em 1981, conclui o mestrado em Artes na ECA e, em 1987, o doutorado, ambos sob orientação do crítico de arte e curador Walter Zanini (1925-2013). Essas pesquisas acadêmicas, Projeto para a Construção de um Céu e Pintura-Desenho, tornam-se obras e são expostas respectivamente na Bienal de São Paulo, em 1981, e no Museu de Arte Contemporânea (MAC), em 1987. Em 1991, a artista recebe bolsa de estudos e passa quatro meses no The European Ceramics Workcentre, em Hertogenbosch, Holanda. O resultado da residência artística é apresentado na exposição Facas, inaugurada em 1994 Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, e no Museu de Arte Moderna (MAM), em 1995, em São Paulo. Em 2000, o livro Carmela Gross, com entrevistas e panorama de sua trajetória artística é publicado pela editora Cosac & Naify.
Participa de sete edições da Bienal de São Paulo (1967, 1969, 1981, 1983, 1989, 1998 e 2002); três edições do evento Arte Cidade (1994, 1997, 2002); 2a Bienal Nacional de Artes Plásticas (1968), em Salvador; 2a Bienal de Arte Contemporânea de Moscou (2007); e da 5a Bienal do Mercosul (2015), em Porto Alegre. Apresenta suas obras no Itaú Cultural, no Centro Universitário Maria Antônia, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre outras instituições no Brasil e no exterior. Produz obras públicas para as cidades de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Laguna (Santa Catarina) e Paris (França). Seus trabalhos fazem parte de coleções, como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da USP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte de Brasília, Museu de Arte do Paraná, Fundação Padre Anchieta, Itaú Cultural e Biblioteca Luis Angel Arango de Bogotá.
A cena artística durante o final dos anos 1960 presta-se a experimentações conceituais e técnicas, ainda que o governo da ditadura civil-militar cerceie a liberdade de expressão no País. O percurso de Carmela Gross, iniciado nesse período, trata da pesquisa teórica e formal, criando um repertório complexo. O material utilizado em sua obra, extraído do contexto original, serve como meio para a observação do processo artístico. Sua produção engloba desenhos, gravuras, pinturas, esculturas e intervenções públicas.
Conceitualmente, a discussão sobre o limite da arte encontra-se desde os primeiros trabalhos, como Nuvens (1967): um conjunto de seis peças de madeira pintadas com material industrial (esmalte azul) representando nuvens, cuja perfeição da forma sugere que se trata da replicação de um desenho. A ligação com a arte pop na escolha do tema e do material é evidenciada pela repetição na execução (que não implica a marca individual do artista) e pela crítica à avidez da sociedade de consumo.
A série Carimbos (1977-1978), apresentada na primeira individual da artista, na Galeria Monica Filgueiras/Raquel Arnaud, em São Paulo, retoma a fronteiras formais e os processos de produção. Nessa obra, 80 folhas de papel de 70 cm x 100 cm são carimbadas com signos que se referem a partes constituintes de um trabalho de arte-modelo (carimbo-manchas; carimbo-rabiscos; carimbo-linhas). A artista propõe uma versão-padrão, ordenada e reprodutível do fazer artístico que, a partir da linguagem, do uso de signos da cultura de massa e da realidade cotidiana, debruça-se sobre questões simbólicas do uso do espaço expositivo ou urbano.
A obra Quasares (1983) acentua o interesse pelo papel como suporte, mas é o embasamento teórico que articula o resultado formal. O título refere-se aos objetos celestes que, pela distância, não são identificáveis, apenas percebidos pela radiação que emitem. A obra apresenta 11 lâminas de papel com impressão off set, cobertas por um vidro transparente, dispostas no chão. As imagens do papel são geradas pela escolha de pequenas ilustrações impressas que, por meio da atuação da artista, são desconfiguradas até ficarem irreconhecíveis. Essa desconstrução retoma conceitualmente a feitura do desenho e revela novas leituras e significados.
Carmela explora a relação com a cidade pela primeira vez com A Negra (1997), escultura cuja forma é criada pela acumulação de camadas de tule preto, fixadas em uma estrutura de ferro móvel, criando um grande volume vertical com mais de três metros. A obra é apresentada na avenida Paulista como parte da mostra Diversidade da Escultura Brasileira Contemporânea, produzida pelo Itaú Cultural. O estranhamento no contato entre obra e fluxo urbano cotidiano ativa novas possibilidades de reflexões críticas, estéticas e sociais.
Durante a da 25a Bienal de São Paulo, expõe do lado de fora do edifício da Bienal a obra HOTEL, painel luminoso de led onde se lê o título da obra em neon vermelho. Por sua dimensão, a obra pode ser vista à distância e durante à noite. A localização reforça o diálogo entre espaço institucional, obra e cidade e critica o sistema de arte, no qual o consumo é anunciado e vendido em termos simbólicos e efetivos.
Duas mostras retrospectivas acontecem em São Paulo nos anos 2000. A Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta a exposição Corpo de Ideias (2010), com trabalhos realizados entre 1965 e 2010, e a Chácara Lane, em 2016, recebe Arte à Mão Armada. As mostras recebem instalações inéditas, pensadas para os espaços institucionais onde são exibidas: em Iluminuras, luzes de emergência são fixadas em toda extensão da fachada da Estação Pinacoteca; em Escada Chácara Lane, a artista conecta, por uma escada-escultura, a escola pública vizinha à Chácara Lane, como um convite para os alunos acessarem o espaço.
Aliada a um arcabouço conceitual, Carmela propõe a desarticulação entre os elementos formais que compõem a obra, trazendo a matéria a um estado anterior a qualquer decodificação, para expor, pelo arranjo e pela repetição, o sistema arbitrário em que esses códigos se inserem.
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução Fotográfica Marcello Nitsche
Reprodução Fotográfica Marcello Nitsche
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica João Luiz Musa
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Carmela Gross - Enciclopédia Itaú Cultural
O desenho é o ponto de partida da criação de Carmela Gross. Independentemente do suporte ou da técnica, suas obras surgem sempre no papel. “[O artista] escreve através do desenho. Ele anota as ideias e articula modos de produção”, diz ela. Autora de vários projetos de intervenção urbana, Carmela vê a arte contemporânea profundamente conectada à cidade, que possibilita novas formas de o público se relacionar com as obras. “Quando você está na rua, esse objeto ‘artístico’ pode ser observado indiferentemente por um passante, que nem se dá conta de que aquilo é um pensamento artístico”, comenta a criadora de Cascata, uma escadaria de concreto idealizada para a Bienal do Mercosul, às margens do Rio Guaíba, em Porto Alegre (RS). Seu objetivo, afirma, é criar uma interferência poética no cotidiano. “Mas, às vezes, essa intenção não é percebida, e isso não tem importância. Isso me agrada muito”, conclui.
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Museu de Arte Contemporânea José Pancetti (MACC)
Rex Gallery & Sons (São Paulo, SP)
Fundação Bienal de São Paulo
Teatro Nacional Cláudio Santoro
Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM/BA)
Museu de Arte Contemporânea José Pancetti (MACC)
Fundação Bienal de São Paulo
Museu de Arte Contemporânea José Pancetti (MACC)
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Paço das Artes
Gabinete de Artes Gráficas
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp)
Gabinete de Artes Gráficas
Gabinete de Artes Gráficas
Museu de Arte Brasileira (MAB-FAAP)
Museu da Imagem e do Som (São Paulo, SP)
Parque Ferial Juan Carlos I
Parque Ferial Juan Carlos I
Instituição de Feiras de Madrid
Fundação Bienal de São Paulo
Fundação Bienal de São Paulo
Itaú Cultural
GROSS, Carmela. Quasares. Firenze: Zona, 1984. folha dobrada, il. p&b.
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