Título da obra: Nossa Senhora das Dores, Fase 5ª Máxima


Registro fotográfico Romulo Fialdini
Cristo é Aprisionado [A Prisão de Cristo]
,
1796
,
Aleijadinho
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Antônio Francisco Lisboa (Vila Rica, atual Ouro Preto, Minas Gerais, 1738 – idem, 1814). Escultor, entalhador, arquiteto, carpinteiro. Considerado o maior artista e arquiteto do período colonial brasileiro, Aleijadinho destaca-se por obras arquitetônicas, esculturas, retábulos, altares e outras peças de arte sacra em diversas cidades históricas de Minas Gerais.
Aleijadinho começa a trabalhar cedo como artesão e a fazer serviços nas igrejas de Ouro Preto e de cidades vizinhas, como Mariana e São João del-Rei. Estima-se que cresce em Ouro Preto com a família da sua madrasta e do seu pai, o arquiteto português Manuel Francisco Lisboa (?-1767). Tudo indica ser com ele e com o pintor João Gomes Batista (s.d.) que Aleijadinho aprende as primeiras noções de arquitetura, desenho e escultura.
De 1750 a 1759, frequenta o internato do Seminário dos Franciscanos Donatos do Hospício da Terra Santa, em Ouro Preto, onde estuda gramática, latim, matemática e religião. Em 1752, realiza seu primeiro projeto individual, um chafariz para o Palácio dos Governadores de Ouro Preto. Em 1756, viaja ao Rio de Janeiro, onde pode ver obras arquitetônicas importantes para seu trabalho futuro.
Por ser filho bastardo de pai português e mãe escravizada, encontra dificuldades para ser valorizado nos primeiros anos em que exerce seu ofício. Em 1758, esculpe um chafariz para o Hospício da Terra Santa, considerada a primeira obra do estilo barroco tardio. Nos anos 1760 e 1770, faz diversos trabalhos em igrejas de Minas Gerais, como a matriz de São João Batista, na hoje chamada Barão dos Cocais, e a fachada da Igreja do Carmo, em Ouro Preto.
Em 1766, termina parte da Igreja São Francisco de Assis, em Ouro Preto, considerada uma de suas maiores produções. Entre os anos 1770 e 1790, faz reparos e ajustes na mesma igreja e conclui essa obra. Embora siga o traçado português das igrejas matrizes, abandona o chamado estilo jesuítico, característico das construções religiosas da primeira metade do século XVIII no Brasil. Nesse estilo, as fachadas são retilíneas com elementos decorativos simplificados e escassos. A decoração feita por Aleijadinho, que talha pedra e madeira, é marcada pela presença do dourado e repleta de detalhes, como rocalhas1 e querubins. Menor e com formas mais arredondadas, com torres que apresentam recuo em relação à fachada, a igreja é considerada um dos maiores ícones do barroco brasileiro.
A arte barroca possui exuberância e é repleta de ornamentos. As expressões “barroco tardio” ou “barroco mineiro”, usadas para descrever a obra de Aleijadinho, com a qual esse estilo atinge seu ápice, são controversas. Para a historiadora Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira (1943), Aleijadinho tem estilo rococó, que se observa nas rocalhas, nas formas arredondadas e nos arabescos, e há certa leveza e suavidade em relação ao barroco, expressa, por exemplo, no uso de cores mais claras. Há historiadores que situam o escultor na transição desses dois estilos e, além disso, que identificam em suas obras elementos do gótico tardio alemão.
No início dos anos 1770, tem seu trabalho reconhecido e passa a ter uma equipe de artesãos. Além de fachadas, retábulos e altares, é contratado para dar pareceres sobre obras arquitetônicas de igrejas. Em 1777, é diagnosticado com uma doença grave que deforma os membros de seu corpo, principalmente suas mãos. Mesmo assim, segue seu trabalho, executado com a ajuda de auxiliares. No início dos anos 1790, passa a ser chamado pelo apelido Aleijadinho, por causa da sua doença.
Em 1796, conclui 64 esculturas de madeira que representam cenas da Paixão de Cristo, em Congonhas do Campo, Minas Gerais. Entre 1796 e 1805, finaliza as 12 esculturas dos profetas, localizadas no adro do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, na mesma cidade. O material usado é a pedra-sabão, característica em muitas obras do escultor. Todos os profetas têm cabelos encaracolados cobertos por turbantes e olhos levemente puxados – traço recorrente nas esculturas do artista. Essas esculturas têm caráter monumental e mesclam realismo e caricatura.
No século XX, Aleijadinho, até então pouco celebrado e reconhecido no Brasil, é redescoberto por artistas modernistas, entusiasmados com sua história e obra. Exemplo disso é o escritor Mário de Andrade (1893-1945) e seu texto Aleijadinho (1928). Criticando europeus que comentam as obras do escultor sem considerá-lo um gênio, Mário enxerga na obra de Aleijadinho uma invenção “que contém algumas das constâncias mais íntimas, mais arraigadas e mais étnicas da psicologia nacional”2. A imagem do “mulato” artista, cuja obra não é mera cópia de estilos europeus, é apreciada por um movimento que se propõe a pensar o Brasil mestiço.
Personagem importante da história da arte brasileira, Aleijadinho é considerado artista símbolo da arquitetura e da escultura de estilo barroco no país. Sua obra e biografia são até hoje objetos de discussões e controvérsias entre críticos e historiadores da arte.
1 Rocalha é uma obra de que imita rochedos, grutas e produtos brutos da natureza, construída com pedras, conchas etc.
2 ANDRADE, Mário de. Aspectos das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Martins, 1965, p. 34.
Registro fotográfico Romulo Fialdini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini/Itaú Cultural
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução Fotográfica Sérgio Guerini
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Fundação Bienal de São Paulo
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Restaurante Antiguarius
Fundação Bienal de São Paulo
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Museu Nacional de Belas Artes
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Museu de Arte Brasileira (MAB-FAAP)
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