Artigo sobre Hoje Comemos Rosas

Walmir Félix Ayala (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1933 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1991). Poeta, contista, romancista, tradutor, crítico de arte, ensaísta, dramaturgo e memorialista. Vive a primeira infância na casa dos avós, com os pais. Aos cinco anos, um ano após a morte da mãe, passa a viver apenas com a madrasta e o pai, casado novamente. Manifesta interesse literário já aos nove anos, quando simula editar seu próprio livro, com poemas e ilustrações.
Ingressa na Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), mas abandona o curso antes de se formar. Em 1955, em edição financiada pelo pai, publica os poemas Face Dispersa. No ano seguinte muda-se para o Rio de Janeiro, onde produz diversas peças teatrais. Entre 1959 e 1965 colabora, como crítico de teatro, em diversos periódicos, entre eles o Jornal de Letras e a revista Leitura. No Jornal do Brasil mantém, de 1962 a 1968, coluna sobre literatura infantil e, de 1968 a 1974, coluna sobre crítica de arte. Sua colaboração se estenderá para diversas publicações, como Folha de S.Paulo, Correio da Manhã e Última Hora.
Viaja à Itália, ao Chile e ao Paraguai em missão cultural do Ministério das Relações Exteriores e representa o Brasil nas bienais internacionais de Veneza e Paris. Em 1970, trabalha como assessor cultural do Instituto Nacional do Livro; nas décadas posteriores, publica vários ensaios sobre arte brasileira. Coordena, em 1975, o Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos, organizado pelo Ministério da Educação (MEC). É homenageado em 1987 pela escola de samba Portela, que elege como tema de samba-enredo o livro infantil A Pomba da Paz, de 1974. Traduz para o português obras diversas, como dos espanhóis Miguel de Cervantes (1547-1916) e Federico Garcia Lorca (1898-1936), e o poema argentino Martin Fierro, de José Hernández (1834-1886).
Tendo praticado diversos gêneros literários entre romances, contos, peças de teatro, livros infantis e ensaios, Walmir Ayala se destaca sobretudo como poeta, sendo identificado à tendência de retorno aos grandes temas líricos, que tem início com a segunda geração modernista. O livro de estreia, Face Dispersa, apresenta, conforme sugere o título, um sujeito cindido: trata-se de reflexões sobre a passagem do tempo, o amor, a solidão, a morte. A dimensão subjetiva está presente mesmo quando o poeta problematiza o seu ofício. Em Sisaltlântico, de O Edifício e o Verbo (1961), há uma espécie de receita poética: “poucas palavras, ritmo, e a colher/ mexendo as solidões aconchegadas”.
Também o amor e a religiosidade ocupam o centro do interesse do autor. Tempo de Amor, de Natureza Viva (1973), convoca a forma fixa do soneto para meditar sobre a natureza intemporal do sentimento:
“Ter amado é não poder deixar de amar [...]
Jamais deixar de amar é ter amado”.
Igualmente intemporal é a figura de Deus, como o poema Narciso, do livro Águas Como Espadas (1983):
“Antes de tudo ser esboçado na
mínima hipótese de vida,
Deus já se amava e contemplava
no sem princípio do tempo”.
Essa noção de Deus se contrapõe à finitude do homem que pretende compreendê-lo, como em Desígnio, da mesma obra:
“Quanto tempo, meu Deus, para entender-te,
ainda me resta? [...]”.
A experiência do desamparo é também o que move a prosa de Ayala, essencialmente dedicada a relações afetivas problemáticas ou que sequer se estabelecem como tal. O primeiro romance, À Beira do Corpo (1964), desenvolve-se sobre as consequências subjetivas de um crime passional: traído, o marido assassina a mulher e seu amante. Contos inéditos reunidos em O Anoitecer de Vênus (1998) chegam, por diversos caminhos, à inevitável solidão humana.
Já nos livros infantis o autor revela a preocupação em retratar matérias essencialmente nacionais. Obras como Histórias dos Índios do Brasil (1971), O Burrinho e a Água (1982), A Árvore do Saci (1992) e A Vitória-Régia e o Beija-Flor (1999) centram-se na história, na cultura e na natureza brasileiras.
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