Título da obra: Ainda Agarro Esta Vizinha

Pedro Carlos Rovai (Ourinhos, São Paulo, 1938). Cineasta, produtor e roteirista. Na adolescência, Pedro Rovai muda-se para São Paulo, onde cursa o Seminário de Cinema, de 57 a 59. Nos anos 1960, após realizar curtas amadores, faz assistência de direção em filmes de Ozualdo Candeias (1918-2007), Luís Sérgio Person (1936-1976) e Rubem Biáfora (1922-1996). No mesmo período, funda a produtora, a Sincro Filmes, que realiza cinejornais e curtas, como o premiado Djanira em Parati.
Em 1969, assume as funções de roteirista, produtor e diretor na comédia de costumes, em episódios, “Adultério à Brasileira”, pela qual recebe o prêmio de diretor revelação, no II Prêmio Air France de Cinema. O filme também lhe rende a Menção Honrosa do Prêmio Governador do Estado de São Paulo, e os prêmios de Melhor Filme, Diretor e Ator (Sérgio Hingst), no Festival de Cinema de São Carlos.
Após escrever e dirigir um dos episódios de Lua-de-Mel e Amendoim (1971), alcança imenso sucesso com seu longa seguinte, a comédia erótica A viúva virgem, que atrai mais de 2,5 milhões de espectadores. O sucesso nas empreitadas seguintes, tanto como diretor [Os mansos (1972), Nem santa nem donzela (1973), Ainda agarro esta vizinha (1974)] quanto como produtor [em filmes de Braz Chediak (1942), Antônio Calmon (1945), Cecil Thiré (1943), entre outros] o estabelece como um dos principais nomes da pornochanchada brasileira.
Ainda na década de 1970, dirige a aventura musical Amante latino, com Sidney Magal (1950), mas a decadência das comédias eróticas o leva cada vez mais a atuar como produtor, em gêneros distintos. Sua última obra como diretor é As tranças de Maria (2003), drama baseado na obra de Cora Coralina (1889-1985).
No século XXI, produz os filmes da série Tainá, que acumula prêmios em festivais nacionais e internacionais (como o 21º Festival Intecnacional de Cinema Infantil de Chicago). Tainá 3 – a origem, exibido em festivais, tem estréia comercial em 2013.
Embora fortemente identificado ao auge da pornochanchada, na década de 1970, Rovai é um profissional bastante eclético que, como diretor e produtor, transitou do policial ao drama, da comédia erótica ao cinema infantil.
Com visão bastante crítica sobre o que chama de “cinema oficial” (por exemplo, aquele ligado à Embrafilme), Rovai nunca aceitou o olhar preconceitoso e moralista que rejeitava a pornochanchada. “Nunca vi falarem da chanchada da arquitetura, da política, da economia, dos pronunciamentos oficiais, da devastação florestal, das festas dos frã-finos. Essa chanchada ninguém vê. A chanchada cinematográfica virou bode expiatório...”, afirmou em entrevista ao jornal Movimento, em 1976.
Sempre defendeu um cinema vinculado à realidade e valores contemporâneos da sociedade brasileira, algo que suas comédias não tinham pudor de fazer. Adultério à brasileira (1969), por exemplo, é uma divertida crônica urbana da zona sul carioca e, longe de pornográfico, mostra apenas a penetração “nas intimidades dos moradores de um edifício em Copacabana”1.
Inimá Simões atribui ao sucesso de A viúva virgem o mérito de vencer os últimos bloqueios do circuito exibidor diante das pornochanchadas. O filme “cai no gosto geral, conformando-se ao nosso imaginário sexual, motivando outros títulos sintomáticos da época”.
Já Inácio Araújo elogia a agilidade e o humor de “Ainda agarro essa vizinha” e lamenta que essa “honrada comédia erótica” tenha sido incompreendida pela crítica da época, e jogada na vala comum da pornochanchada.
1. GOMES, Luiz Paulo. A pornochanchada: uma revolução sexual à brasileira. In: XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom, 2010.
Espaço Promon. Sala São Luiz
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