Artigo sobre Encontros de Interrogação (2. : 2007 : São Paulo, SP)

Itaú Cultural
Adriana Lunardi (Xaxim, Santa Catarina, 1964). Romancista, contista e roteirista de televisão. Em 1979, muda-se para Santa Maria, Rio Grande do Sul, e cursa comunicação social na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Conclui o curso em 1985 e, então, radica-se em Porto Alegre, onde publica seu primeiro livro de contos, As Meninas da Torre Helsinque, em 1996. Depois de morar em São Paulo em 1998, muda-se, no ano seguinte, para o Rio de Janeiro, onde reside até hoje. Contemplada com a bolsa para escritores da Biblioteca Nacional, em 2000, escreve seu segundo livro de contos, Vésperas, publicado em 2002 e traduzido para francês, espanhol e croata. Corpo Estranho, seu primeiro romance, é lançado em 2006 - o segundo, A vendedora de fósforos, em 2011.
Tanto no conto como no romance, a escrita de Adriana Lunardi se desenvolve lentamente: explorando a correlação entre ambiente e estados de alma, a narrativa procura desvelar e questionar a conduta das personagens diante dos eventos vividos.
Mesmo quando incide sobre figuras à margem - caso de adolescentes infratores e crianças abusadas em As Meninas da Torre Helsinque (1996) -, o foco é subjetivo, e não centrado na exterioridade dos fatos. De uma presidiária, por exemplo, interessam as reflexões: "Nunca se sabe qual é o lado certo da liberdade", conforme o conto "Sentença".
Em Vésperas (2002), a autora combina dados biográficos e ficção para recriar os momentos finais da vida de nove mulheres, todas importantes figuras no meio intelectual e literário, entre elas Virginia Woolf (1882-1941), Ana Cristina Cesar (1952-1983), Clarice Lispector (1925-1977) e Sylvia Plath (1932-1963).
Corpo Estranho (2006), estreia de Lunardi no romance, apresenta dois protagonistas, Mariana e Paulo. Ela, ilustradora de revistas científicas, aguarda meses o desabrochar de uma flor a fim de retratá-la. Ele, dono de uma galeria de arte, durante anos arrasta a construção de uma casa na serra. O que os define é também o que sintetiza a forma como lidam com a morte de José, irmão de Mariana e amante de Paulo: ela fixa o instante da flor como quem deseja controlar o tempo e ignorar a morte; ele tarda em perceber que findaram também os sonhos com a morte de José.
A morte será o tema também de A vendedora de fósforos (2011) - romance fragmentado em que a narradora-protagonista, após receber a notícia de que a irmã está no hospital, se reencontra com a família e as questões familiares. Uma de suas considerações serve de síntese à forma como a obra Adriana Lunardi, retratando tomadas de consciência, problematiza a literatura: "Ainda hoje parece-me malicioso que o sentido de tudo se revele somente depois, quando não há nada a fazer senão aceitar o novo tamanho e descobrir um lugar onde se caiba. Nisso os sapatos e a consciência se parecem: só quando apertam é que sabemos".
Adriana Lunardi – Encontros de Interrogação (2011)
A escritora catarinense Adriana Lunardi fala sobre a descoberta de sua vocação para a literatura. Com cinco livros publicados, ela diz que seu processo criativo tem várias etapas. Tudo começa com um longo período de luto, angústia e insegurança pela conclusão da obra anterior, até viver em estado de alerta em busca de ideias para um novo trabalho. Ao final do vídeo, Adriana lê um trecho de seu livro A Vendedora de Fósforos (2011).
Depoimento gravado em São Paulo/SP, em setembro de 2011.
Créditos
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Coordenação: Glaucy Tudda
Produção de conteúdo: Camila Nader, Lucas Rosalin (estagiário)
Núcleo de Audiovisual e Literatura
Gerente: Claudiney Ferreira
Coordenação: Kety Nassar
Produção audiovisual: Camila Fink
Realização do vídeo: Gasolina Filmes
Entrevista: Gabriel Carneiro (terceirizado)
Captação, edição e legendagem (Libras): Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
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