Artigo sobre Individual de Robert Polidori

Museu da Casa Brasileira (MCB)
Heloisa Espada Rodrigues Lima (Tubarão, Santa Catarina, 1975). Curadora, pesquisadora e crítica de arte. Com trânsito nacional e internacional, é um dos principais nomes da pesquisa sobre arte concreta, especialmente sobre fotografia. Seus interesses curatoriais partem de uma reflexão sobre a fotografia moderna e contemporânea, com o intuito de questionar o documento fotográfico, analisando seu contexto de circulação, desconstruindo a ideia da imagem transparente e entendendo a fotografia como uma produção cultural ligada a intenções.
Inicia trajetória de pesquisadora em Florianópolis, durante graduação em Educação Artística (1997), com iniciação científica sobre Franklin Cascaes (1908-1983), artista catarinense que registrou os costumes de sua região. Terminada a pesquisa, ganha concurso da Fundação Franklin Cascaes para publicação do livro Na Cauda do Boitatá: um Estudo do Processo de Criação dos Desenhos de Franklin Cascaes, em que analisa os esboços do artista.
Em 2006, completa o mestrado com Fotoformas: a Máquina Lúdica de Geraldo de Barros, na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Na dissertação, analisa as relações de Geraldo de Barros (1923-1998) com diferentes grupos durante o período de 1946 a 1952, como Grupo Ruptura, MAM/SP, Masp e Foto Cine Clube Bandeirante. Além disso, trata também dos eventos que ocorreram na época da realização da série Fotoformas.
O grupo de Jovens Críticos do Centro Universitário Maria Antonia da USP é importante para sua formação como crítica de arte, por possibilitar, em conjunto com outros curadores, o estudo de artistas e obras, estimular a reflexão sobre arte contemporânea e ser o primeiro espaço em que Heloisa cura uma exposição: Fotoformas e Suas Margens (2008) apresenta cinquenta trabalhos de Geraldo de Barros, entre fotografias, gravuras e desenhos, e contribui para leituras da obra do artista e da arte concreta.
Trabalha como pesquisadora do projeto “Documents of 20th Century of Latin American and Latino Art”, coordenado pela curadora porto-riquenha Mari Carmen Ramírez (1955), ligado ao Museu de Belas Artes de Houston (Estados Unidos) e dedicado à pesquisa de textos críticos de artistas latino-americanos do século XX. No Brasil, a professora e pesquisadora Ana Maria Belluzzo (1943) coordena o projeto e Heloisa se dedica aos documentos sobre arte concreta brasileira. Este é um lugar de formação para sua trajetória, por unir pesquisa, crítica e trocas com pesquisadores da América Latina.
Em 2014, realiza a exposição Geraldo de Barros e a Fotografia, no Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo, como desdobramento de seu mestrado. O catálogo da exposição, organizado por Heloisa, traz textos inéditos de sua autoria e de outros curadores. A mostra reúne as séries Fotoformas e Sobras e também pinturas dos anos 1960 e 1970 sobre fotos publicitárias. Exposição e catálogo mostram que Geraldo de Barros é um dos pioneiros da pintura e fotografia abstratas no país.
Em 2011, defende seu doutorado na ECA/USP, com o título Monumentalidade e Sombra: a Representação do Centro Cívico de Brasília por Marcel Gautherot, pelo qual ganha o Prêmio Capes em 2012. A pesquisa versa sobre a criação de Brasília e a ideia de um Brasil moderno a partir das imagens produzidas pelo fotógrafo franco-brasileiro entre o final da década de 1950 e os anos de 1960. Além de mostrar as relações entre o novo urbanismo brasileiro e a fotografia moderna, a autora observa também a veiculação das fotos de Gautherot (1910-1996) em revistas e exposições.
A exposição As Construções de Brasília (2010), desdobramento de seu doutorado, reúne fotografias de Marcel Gautherot, Peter Scheier (1908-1979) e Thomaz Farkas (1924-2011) e mostra as imagens da nova capital, considerando aspectos formais e os significados simbólicos que essa construção representa para a identidade nacional.
Em 2013, publica Hércules Barsotti (1914-2010) pela Coleção Folha Grandes Pintores Brasileiros. No livro, analisa a obra do artista neoconcreto, que produz suas pinturas a partir da exploração de ilusões e ambiguidades da cor e das formas geométricas.
Em 2016, realiza pós-doutorado no Museu de Arte Contemporânea da USP sobre origens da arte concreta em São Paulo e agentes do Grupo Ruptura. Com publicações internacionais sobre arte concreta e neoconcreta, Heloisa endossa sua pesquisa sobre as relações entre os membros do Grupo e os artistas internacionais que lhes serviram de referência, como os participantes da delegação suíça da I Bienal de São Paulo (1951).
A exposição Conflitos: Fotografia e Violência Política no Brasil 1889-1964 (2018), realizada no IMS, aponta para o imaginário do Brasil como país pacífico e olha para a documentação fotográfica a fim de questioná-la. A mostra é publicada em livro, organizado com a socióloga Angela Alonso (1969), e conta com imagens de revoltas, revoluções e motins ocorridos entre o golpe que deu origem à República (1889) e o que instaurou a ditadura militar (1964). As imagens servem para refutar a ideia de um Brasil pacífico e faz reflexão sobre os significados das fotografias e de sua produção, analisando equipamentos, enquadramentos, circulação e outros elementos do contexto.
O trabalho de Heloisa Espada torna-se referência importante para a pesquisa sobre arte concreta e neoconcreta. Ao questionar a seleção e a apresentação de imagens, suas descobertas sobre as origens e os desdobramentos desses movimentos repercutem internacionalmente.
Museu da Casa Brasileira (MCB)
Instituto Moreira Salles (Higienópolis, São Paulo, SP)
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