Fernando Molica
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Biografia
Fernando Molica (Rio de Janeiro, RJ, 1961). Romancista, contista e jornalista. Criado em Piedade, subúrbio da capital carioca, escreve, ainda criança, pequenas colaborações para O Jotinha, suplemento infantil de O Jornal. Ingressa no curso de jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e inicia carreira profissional em 1981, publicando matérias nas revistas Manchete e Fatos&Fotos. Dois anos depois, é contratado como repórter da sucursal carioca do jornal O Estado de S. Paulo e, logo a seguir, pela Folha de S. Paulo. Assume o cargo de chefe de reportagem do jornal O Globo, volta à Folha de S. Paulo e segue finalmente para a Rede Globo em 1996, trabalhando como repórter especial do programa Fantástico . Estreia na ficção em 2002 com o romance Notícias do Mirandão. Neste mesmo ano, participa da fundação da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Dirige a instituição por mais de um mandato e coordena a Coleção Jornalismo Investigativo, promovida pela entidade. Publica o livro-reportagem O homem que morreu três vezes (2003), fruto de pesquisas para matérias veiculadas pela Rede Globo e, a seguir, dois romances, Bandeira negra, amor (2005), e O ponto de partida (2008). Ainda nos anos 2000, entra para a universidade, coordenando um curso de jornalismo para a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Investigação jornalística e literatura combinam-se em mais um livro, O inventário de Julio Reis (2012).
Comentário Crítico
A obra de Fernando Molica retoma uma tradição da literatura brasileira, de diálogo entre a literatura e escrita jornalística. Nascido ainda no século XIX, este intercâmbio atinge um de seus ápices na década de 1970, quando se difunde no país o chamado "romance-reportagem".
Ainda que possa ser enquadrado dentro desta tradição, o projeto literário de Fernando Molica dá novo significado às relações entre literatura e jornalismo, superando o enfoque naturalista comum ao romance-reportagem. Através da reescritura de histórias colhidas no cotidiano do trabalho jornalístico, seus textos alcançam a necessária autonomia frente à matéria-prima extraída da realidade.
"Ficção jornalística" é o termo que define a natureza de seu método, no qual a vivência do jornalismo se transforma em metáfora da criação literária. Tais características podem ser apreendidas já em seu romance de estreia, Noites do Mirandão. O livro narra a história de um grupo de militantes de esquerda que se junta a traficantes cariocas para instaurar uma nova guerrilha no Brasil. Em ritmo de ficção policial, o romance trata das relações entre tráfico de drogas e poder, ao mesmo tempo em que cria um painel da vida nas comunidades pobres do Rio de Janeiro.
Quanto a seu lugar na literatura brasileira recente, a obra de Fernando Molica parece responder certa voga de um romance voltado à representação da violência nas metrópoles, cujo marco principal é Cidade de Deus (1997), de Paulo Lins (1958).
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 5
- ARRIGUCCI JR., Davi. Jornal, realismo, alegoria: o romance brasileiro recente. In: ______. Achados e Perdidos: ensaios de crítica. São Paulo: Polis, 1979.
- CAIXETA, Rodrigo. O talento precoce de um repórter. In: Associação Brasileira de Imprensa. Entrevista realizada em 22 jun. 2007. Disponível em: http://www.abi.org.br/entrevista-fernando-molica/. Acesso em: 19 abr. 2014.
- CANDIDO, Antonio. A nova narrativa. In: ______. A Educação pela Noite. 5.ed. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2006.
- COSTA, Cristiane. Pena de aluguel: escritores jornalistas no Brasil 1904-2004. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
- FERNANDO MOLICA. Site Oficial do Escritor. Disponível em: www.fernandomolica.com.br. Acesso em: 19 abr. 2014.
Como citar
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FERNANDO Molica.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023.
Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa401136/fernando-molica. Acesso em: 27 de janeiro de 2023.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7