Artigo sobre O Corpo Estrangeiro

Espaço Off
Biografia
Patrícia Melo (Assis, São Paulo, 1962). Romancista, roteirista, dramaturga, contista. Nos anos 1980, trabalha na televisão como roteirista para a Rede Globo e para a Rede Bandeirantes, emissora para a qual escreve a novela Colônia Cecília (1989). A convite do diretor Walter Avancini (1935-2001), muda-se para Lisboa e roteiriza a novela A Banqueira do Povo (1993), produção do canal estatal português RTP. Também escreve roteiros para cinema.
Em busca de trabalhos autorais, persegue o caminho da criação literária em Acqua Toffana (1994), reunião de duas novelas policiais, editada pela Companhia das Letras. Pela mesma editora, publica o primeiro romance, O Matador (1995), pelo qual recebe prêmios na França e na Alemanha e reconhecimento de crítica e público no Brasil. O livro é adaptado para o cinema pelo escritor Rubem Fonseca (1925) com o título de O Homem do Ano (2003). Recebe o Prêmio Jabuti pelo romance Inferno (2000) e estreia no teatro com Duas Mulheres e um Cadáver (2000).
Pesquisas sobre os bastidores de uma orquestra sinfônica fornecem material para o romance Valsa Negra (2003). Casa-se com o maestro John Neschling (1947). Publica Mundo Perdido (2006) e Jonas, o Copromanta (2008), em que transforma o escritor Rubem Fonseca (1925) em personagem. Em meados de 2010, estabelece residência em Lugano, Suíça. A partir de um conto do autor escocês Robert Louis Stevenson (1850-1894), escreve Ladrão de Cadáveres (2010). A obra recebe o prêmio LiBeraturpreis, concedido pela Feira do Livro de Frankfurt.
Análise
Para abarcar o universo romanesco presente na obra Patrícia Melo, é preciso compreender o desenvolvimento da literatura urbana no Brasil a partir da década de 1960 e a contribuição do escritor Rubem Fonseca nesse cenário. É visível a influência do autor de Os Prisioneiros (1963) e Feliz Ano Novo (1975) sobre os textos de Patrícia Melo. Aparece na construção dos enredos, na composição das personagens e no estilo de escrita da autora. Esse jogo de intertextualidade atinge o ápice em Jonas, o Copromanta, em que Rubem Fonseca é uma das obsessões do narrador.
Apesar do parentesco literário, Patrícia Melo compõe para si uma dicção própria. Apoiados na representação da realidade social do país nos anos 1990, elementos fundamentais em seus escritos podem ser identificados em O Matador. O livro narra a história de Máiquel, um jovem da periferia de São Paulo que se torna matador profissional, querido pelos vizinhos e pela polícia. O ambiente violento combina-se a uma narrativa em primeira pessoa, que mistura referências discursivas da publicidade, das manchetes jornalísticas, do cinema e do rap. A prosa é aberta ao coloquialismo, ao vocabulário chulo e à gíria. A obra de Patrícia Melo insere-a no panorama das tendências da literatura brasileira atual, e suas chamadas “narrativas da violência” são cultivadas por autores tão diversos como Paulo Lins (1958), Marçal Aquino (1958), Zuenir Ventura (1931), Fernando Bonassi (1962).
Espaço Off
Teatro Folha
Teatro Clara Nunes
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