Antonio Manuel
![Sinais em Azul e Preto, 1986 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/000216004013.jpg)
Sinais em Azul e Preto, 1986
Antonio Manuel
Acrílica sobre tela
90,00 cm x 120,00 cm
Texto
Biografia
Antonio Manuel da Silva Oliveira (Avelãs de Caminho, Portugal 1947). Escultor, pintor, gravador e desenhista. Chega ao Brasil em 1953 e fixa residência com a família no Rio de Janeiro. Em meados da década de 1960, estuda na Escolinha de Arte do Brasil (EAB), com Augusto Rodrigues (1913-1993), e freqüenta o ateliê de Ivan Serpa (1923-1973). Nessa época, é também aluno ouvinte da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Inicialmente, utiliza o jornal e sua matriz - o flan - como suporte para seus trabalhos. Realiza interferências e inventa notícias, nas quais aborda temas políticos e discussões estéticas. Em 1968, na exposição Apocalipopótese, organizada por Hélio Oiticica (1937-1980) e Rogério Duarte (1939), apresenta as Urnas Quentes - caixas de madeira lacradas que deveriam ser arrebentadas pelo público. Em 1970, Antonio Manuel propõe o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Posteriormente, produz vários filmes de curta-metragem, como Loucura & Cultura (1973) e Semi-Ótica (1975). A partir da década de 1980, realiza pinturas de caráter abstrato-geométrico, nas quais explora as ortogonais e a sugestão de labirinto. Apresenta, em 1994, a primeira versão da instalação Fantasma que, como outras obras do artista, solicita uma reflexão sobre o contexto social e político brasileiro.
Análise
Antonio Manuel nasce em Portugal e vem para o Brasil em 1953, fixando-se no Rio de Janeiro. Na metade da década de 1960, estuda com Augusto Rodrigues, na Escolinha de Arte do Brasil, e freqüenta o ateliê de Ivan Serpa. Nessa época, é também aluno ouvinte da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). A partir de 1965, participa de salões de arte e bienais.
No início da carreira, usa o jornal como suporte de seus trabalhos. Realizando interferências com tinta nanquim, anula algumas notícias ou imagens, acrescenta ou ilumina outras. Passa, em seguida, a utilizar o flan - cartão plastificado em relevo, que é a matriz para a impressão de jornais. Chega a elaborar os próprios flans, inventando as notícias; e os jornais impressos são distribuídos nas bancas, como se fossem autênticos. Cria uma série de jornais abordando temas políticos, como o movimento estudantil de 1968, ou ligados a discussões estéticas e poéticas.
Em 1968, na exposição Apocalipopótese, realizada no Aterro do Flamengo, cuja proposta, idealizada por Hélio Oiticica e Rogério Duarte, era ser uma experiência coletiva de arte, Antonio Manuel apresenta as Urnas Quentes - caixas de madeira fechadas e lacradas, que deveriam ser arrebentadas pelo público, para que pudesse ser conhecido seu conteúdo. Nas caixas o artista coloca textos referentes a situações políticas ou estéticas ao lado de imagens relacionadas à violência, recortadas de jornais. Como em outros trabalhos do período, o evento convida à participação do espectador, que passa a ser co-realizador da obra. Esses trabalhos relacionam-se a um contexto de repressão política e de censura aos meios de comunicação.
Em 1970, Antonio Manuel propõe o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna, realizado no Museu de Arte Moderno do Rio de Janeiro (MAM/RJ). A proposta é recusada pelo júri. Na noite da abertura da exposição, o artista apresenta ao público seu corpo nu. Segundo o artista, com O Corpo É a Obra, a idéia é questionar os critérios de seleção e julgamento das obras de arte. O ato passa a ter o caráter de protesto contra o sistema político, artístico e social em vigor. Sobre a performance, o crítico Mário Pedrosa escreve que o artista faz "o exercício experimental da liberdade". A partir desse momento, seu interesse centra-se na questão do corpo e seus sentidos.
Antonio Manuel realiza vários filmes de curta-metragem, como Loucura & Cultura (1973) e Arte Hoje (1976). Desde a década de 1980, dedica-se à pintura em acrílico e realiza telas de caráter geométrico-abstrato, em que explora a sugestão de labirinto. Em 1994, apresenta a primeira versão da instalação Fantasma, um espaço repleto de carvões, suspensos por fios de nylon que parecem flutuar no espaço da galeria. O público é convidado a percorrer o espaço, podendo ser tocado ou marcado pelas peças de carvão. Segundo o artista, a fotografia que integra a exposição é de um personagem real que, ao ter sua imagem divulgada pela imprensa como testemunha de um crime, passa a viver escondido, perdendo sua identidade. Com utilização de várias formas de expressão, a obra de Antonio Manuel traz um caráter de inquietude e de constante reflexão sobre o contexto social e político brasileiro.
Obras 14
Exposições 254
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1/12/1966 - 19/12/1966
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28/12/1967 - 28/2/1966
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Feiras de arte 4
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13/2/2003 - 18/2/2003
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13/2/2008 - 18/2/2008
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11/2/2009 - 16/2/2009
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29/4/2010 - 2/5/2010
Mídias (1)
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 14
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- ANTONIO Manuel. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1984. (Arte brasileira contemporânea).
- ARTE hoje/88: artistas convidados. Ribeirão Preto: Prefeitura Municipal, 1988.
- CANEJO, Cynthia Marie. Antonio Manuel: a dialectical response to brazilian developments in modern art. 1998. 63 f. Tese (Doutorado)- Master of Arts in Art History, University of California, Santa Barbara, 1998.
- DEPOIMENTO de uma geração: 1969-1970. Curadoria Frederico Morais. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Banerj, 1986.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
- MANUEL, ANTONIO. Antonio Manuel. Rio de Janeiro, RJ: Centro de Arte Hélio Oiticica, 1997.
- MANUEL, Antonio. Antonio Manuel - entrevista a Lúcia Carneiro e Ileana Pradilla. Rio de Janeiro: Lacerda Ed., 1999. 80p. (Palavra do artista).
- OBJETO na arte: Brasil anos 60. Coordenação Daisy Valle Machado Peccinini de Alvarado. São Paulo: FAAP, 1978.
- OCUPAÇÕES descobrimentos. Tradução Paulo Henriques Britto. Niterói: MAC, 1998. .
- PIZA, Waltércio Caldas, Vergara, Hércules Barsotti, Milton Dacosta, Antonio Manuel, Amilcar de Castro. São Paulo: Gabinete de Arte, 1986.
- PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
- ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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ANTONIO Manuel.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023.
Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa368/antonio-manuel. Acesso em: 29 de janeiro de 2023.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7