Título da obra: Eles eram muitos cavalos

Luiz Fernando Ruffato (Cataguases, Minas Gerais, 1961). Contista, romancista e poeta. Celebrada por críticos e historiadores, a obra de Luiz Ruffato nasce de um projeto claro, orientado pela premissa estética e política de trazer para as páginas da ficção brasileira cenas e personagens egressas de um lugar social determinado: a classe média baixa, o operariado brasileiro, figuras que, aos olhos do autor, são muitas vezes trabalhadas de maneira rasa ou sob olhar paternalista.
Filho de um pipoqueiro e de uma lavadeira, conclui os estudos primários em Cataguases. Na juventude, faz o curso técnico de torneiro mecânico no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e trabalha como operário na indústria têxtil. Muda-se para Juiz de Fora, Minas Gerais, e ingressa na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde se forma em comunicação social em 1981.
Trabalha em diversos jornais e acompanha os debates literários da cidade mineira. Transfere-se para São Paulo em 1990 e atua no Jornal da Tarde.
Estreia na prosa com o volume de contos Histórias de Remorsos e Rancores (1998), seguido de Os Sobreviventes (2000). Anos mais tarde, ambas as obras são reescritas e, reeditadas, passam a integrar o conjunto Inferno Provisório.
Em 2011, lança Eles Eram Muitos Cavalos, saudado pela crítica como um dos mais importantes livros da ficção brasileira contemporânea e vencedor do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e do Prêmio Machado de Assis. Com esse romance, alcança a maturidade necessária para redigir seu grande projeto, centrado na história do operariado brasileiro no período de 1950 a 2002: a pentalogia Inferno Provisório, composta dos romances Mamma, Son Tanto Felice (2005), O Mundo Inimigo (2005), que lhe rendem o prêmio da APCA, Vista Parcial da Noite (2006), vencedor do prêmio Jabuti, O Livro das Impossibilidades (2008) e Domingo sem Deus (2011). Suas obras têm edições em Portugal, na Argentina, França, Itália etc. Em 2016, vence o Prêmio Internacional Hermann Hesse, na Alemanha.
Retomando linhas de pesquisa abertas pelo romance modernista brasileiro nas décadas de 1920 e 1930, das experimentações de Oswald de Andrade (1890-1954) à narrativa social nordestina de Graciliano Ramos (1892-1953), e dialogando com as conquistas da literatura nacional nos anos 1970, a obra de Luiz Ruffato dá sentido diverso ao romance social brasileiro, recuperando sua tradição, ao passo que a reelabora pela pesquisa de novos recursos de linguagem.
Mobilizando instrumentos narrativos comuns à ficção, como a pluralidade de vozes narrativas, a não linearidade de enredo, a
fragmentação, a transição entre gêneros literários, a recusa às formas naturalistas, e o uso criativo da tipologia e da diagramação gráfica, os escritos de Luiz Ruffato redimensionam o significado das “novidades” formais, segundo uma perspectiva política e desmistificadora, sequiosa por compreender e representar a tragédia social brasileira.
Luiz Ruffato - Encontros de Interrogação (2004)
Itaú Cultural
Museu Histórico Abílio Barreto (Belo Horizonte, MG)
Universidade Federal de Goiás (Goiânia, GO)
Itaú Cultural
Centro de Estúdios Brasileños (Madri, Espanha)
Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ
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