Artigo sobre A Ópera dos Três Vinténs

Biografia
Fernando Mello da Costa (Pelotas, Rio Grande do Sul, 1950 - idem, 2019). Cenógrafo. Com uma trajetória ligada ao experimentalismo e à pesquisa, atua junto a diretores como Bia Lessa, Enrique Diaz e Moacir Chaves.
Com formação autodidata, cria e realiza a impactante cenografia dos principais espetáculos da diretora Bia Lessa: Ensaio nº 2 - O Pintor, de Lygia Bojunga (1932), 1985; Ensaio nº 3 - Idéias e Repetições - um Musical de Gestos, 1986; Exercício nº 1, roteiro de Bia Lessa, e Ensaio nº 4 - Os Possessos, de Dostoievski, 1987; Cena de Origem, de Haroldo de Campos (1929 - 2003), e Orlando, adaptação de Sérgio Sant'anna da obra de Virgínia Woolf, ambos de 1989. Em 1991, o cenário de Cartas Portuguesas, de Mariana Alcoforado, lhe vale os prêmios Shell e Associação Paulista de Críticos de Artes, APCA. Com Bia Lessa, trabalha ainda em Don Giovanni, ópera de Mozart, 1992, e Viagem ao Centro da Terra, de Júlio Verne, 1993. Com o diretor Jefferson Miranda e sua companhia Teatro Autônomo, faz Mann na Praia, 1992, Minha Alma É Imortal, 1994, 7x2=y - Uma Parábola que Passa pela Origem, 1995, A Noite de Todas as Ceias, 1996, todos com textos coletivos. Para o diretor Moacir Chaves, concebe os cenários de Sermão da Quarta-Feira de Cinzas, de Padre Antônio Vieira, 1994, O Altar do Incenso, de Wilson Sayão, e Bugiaria - O Processo de João Cointa, de Moacir Chaves, ambos de 1999, e, em 2001, A Resistível Ascensão de Arturo Ui, de Bertolt Brecht, e Viver!, com textos de Machado de Assis (1839 - 1908). O cenário de Bugiaria, feito de restos de diversos cenários, é, na opinião da crítica Barbara Heliodora, "dos mais atraentes, evocando apenas o insólito, não o específico".1 Para a Companhia dos Atores, dirigida por Enrique Diaz, cria o cenário de Melodrama, de Filipe Miguez, 1995, em que cerca o palco com painéis sobre rodas, manipulados pelos atores. Este princípio da dinâmica visual e da mutabilidade cenográfica retorna em A Resistível Ascensão de Arturo Ui, com biombos-portas, caixotes de metal e passarelas na platéia. Em Hamlet, de William Shakespeare, 2001, ele experimenta o elemento épico por meio de uma passarela que rompe com os limites da caixa teatral e amplia o espaço da encenação de Marcus Alvisi. No espetáculo de Moacir Chaves, Inutilezas, de Manoel de Barros (1916), 2002, cria um percurso de argila e de objetos que colabora com o aspecto lúdico da encenação. O crítico Macksen Luiz comenta seu trabalho em O Homem que Viu o Disco Voador, de Flávio Márcio, sob a direção de Aderbal Freire Filho, 2001: "E, por mais paradoxal que possa parecer, no palco íntimo do teatro da Casa da Gávea o cenógrafo Fernando Mello da Costa colaborou intensamente para que o hiper-realismo também se instalasse no espaço cênico. O banco que se desmembra, criando comprimentos que aproximam ou afastam personagens, e as janelas espelhadas, que devolvem a imagem daquilo que se vê de si mesmo, criam, com a luz de Aurélio de Simoni, densidade visual, estabelecendo correspondência dramática tão bem conjugada à concepção do diretor".2
Funda, junto com Guti Fraga, o grupo de teatro Nós do Morro, na comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro, onde mantém uma oficina de cenografia e trabalha eventualmente como diretor de espetáculos. Participa da representação de cenógrafos brasileiros na exposição Espaço da Cena Latino Americana, Memorial da América Latina, São Paulo, em 1998, e da Quadrienal de Cenografia de Praga, República Tcheca, 1999.
Notas
1. HELIODORA, Barbara. Passado do Brasil revisto com humor e criatividade. O Globo, Rio de Janeiro, 13 dez. 1999.
2. LUIZ, Macksen. O hiper-realismo do cotidiano. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 ago. 2001.
Galeria do Metrô da Glória
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)
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Espaço Cultural Sérgio Porto
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