Título da obra: A Sagrada Família

Paulo Afonso Grisolli
,
1979
Registro fotográfico autoria desconhecida
Já em seu primeiro trabalho, Histórias para Serem Contadas, de Osvaldo Dragun, em 1961, é premiado como melhor diretor no 1º Festival de Teatro Amador da Guanabara, promovido por O Tablado. Volta a chamar a atenção em Quatro Séculos de Maus Costumes, com peças de Gil Vicente e Leonardo Fróes, 1962. Ganha uma bolsa do governo francês, para estagiar no Théâtre National Populaire, TNP, em Paris, com Jean Villar, e no Théâtre de la Cité de Villeurbanne, com Roger Planchon, em 1963. No mesmo ano, de volta ao Brasil, organiza em Niterói o Grupo Mambembe, para o qual dirige Electra, de Sófocles; e no Rio de Janeiro, o Teatro de Repertório, com o qual monta Mortos Sem Sepultura, de Jean-Paul Sartre (1905-1980), em 1965. Sua direção de maior importância histórica é Onde Canta o Sabiá, de Gastão Tojeiro (1880-1965), 1966, na qual se serve da moral da belle époque para comentar a revolução sexual dos anos 60. Recebe menção honrosa no Concurso Nacional de Dramaturgia, do F, pelo texto A Sagrada Família, ainda em 1966.
Em 1968 volta a criar um grupo experimental, A Comunidade, sediado no Museu de Arte Moderna (MAM), em cujo espetáculo inaugural, A Parábola da Megera Indomável, é autor, diretor e ator. Em 1970, dirige Alice no País Divino-Maravilhoso, de Paulo Afonso Grisolli, Sidney Miller, Tite de Lemos, Luiz Carlos Maciel (1938) e Marcos Flaksman (1944), espetáculo impregnado do método associativo de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Caroll, resultando numa cena aberta e onírica. Em 1974, sua peça Avatar é encenada no MAM, com direção de Luiz Carlos Ripper (1943-1996).
Atua também como diretor de shows musicais no Teatro Casa Grande, entre 1968 e 1972.
A partir de 1973, dedica-se mais intensamente à televisão como diretor de casos especiais, seriados e minisséries. É editor do Caderno B do Jornal do Brasil, de 1964 a 1972, e diretor geral do Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro de 1975 a 1979.
Suas direções mais recentes - entre as quais Nau Catarineta (Barca do Povo), colagem de músicas, 1975; Não Me Maltrate, Robinson, de sua própria autoria, 1978; e E Quem Governa o Rei?, texto seu em parceria com Maurício Abud, 1983 - não têm a mesma repercussão das realizações da fase anterior.
Segundo o crítico Yan Michalski (1932-1990), "não resta dúvida de que Grisolli foi um importante pioneiro da revolução cênica que sacudiu o teatro brasileiro no fim dos anos 60 e na década de 70. Neste sentido, a sua montagem de Onde Canta o Sabiá aparece hoje como um divisor de águas, que abriu caminho a muitas outras encenações inovadoras; e A Parábola da Megera Indomável foi, talvez, a primeira experiência de radical questionamento do palco italiano e sua substituição por um espaço no qual atores e espectadores coexistem lado a lado".1
1. MICHALSKI. Paulo Afonso Grisolli. In:PEQUENA Enciclopédia do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.
Registro fotográfico autoria desconhecida
Teatro Maison de France
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
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