Anna Bella Geiger
![Cais e oceano com pata e macio nº 1, 1993 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/013302123449.jpg)
Cais e Oceano com Pata e Macio nº 1, 1993
Anna Bella Geiger
Óleo e acrílica sobre tela, c.i.d.
130,00 cm x 150,00 cm
Texto
Biografia
Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1933). Escultora, pintora, gravadora, desenhista, artista intermídia e professora. Com formação em língua e literatura anglo-germânicas, inicia, na década de 1950, seus estudos artísticos no ateliê de Fayga Ostrower (1920-2001). Em 1954, vive em Nova York, onde freqüenta as aulas de história da arte com Hannah Levy no The Metropolitan Museum of Art (MET) [Museu Metropolitano de Arte] e, como ouvinte, cursos na New York University. Retorna ao Brasil no ano seguinte. Entre 1960 e 1965, participa do ateliê de gravura em metal do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), onde passa a lecionar três anos mais tarde.
Em 1969, novamente em Nova York, ministra aulas na Columbia University. Volta ao Rio de Janeiro em 1970. Em 1982, recebe bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, em Nova York. Publica, com Fernando Cocchiarale (1951), o livro Abstracionismo Geométrico e Informal: a vanguarda brasileira nos anos cinqüenta, em 1987. Sua obra é marcada pelo uso de diversas linguagens e a exploração de novos materiais e suportes. Nos anos 1970, sua produção tem caráter experimental: fotomontagem, fotogravura, xerox, vídeo e Super-8. Dedica-se também à pintura desde a década de 1980.
A partir da década de 1990, emprega novos materiais e produz formas cartográficas vazadas em metal, dentro de caixas de ferro ou gavetas, preenchidas por encáustica. Suas obras situam-se no limite entre pintura, objeto e gravura.
Análise
Num primeiro momento, o trabalho de Anna Bella Geiger vincula-se ao abstracionismo informal. Aluna de desenho, gravura e pintura de Fayga Ostrower a partir de 1950, a artista participa da 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 1953. Após uma pausa na atividade artística, motivada pelo ingresso na Faculdade Nacional de Filosofia e viagem de estudo aos Estados Unidos, Geiger freqüenta o ateliê de gravura em metal do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ) de 1960 a 1965. Nesse período, completamente dedicada à gravura, ela passa a desenvolver uma figuração de base abstrata.
De 1965 a 1968, Geiger produz o que é chamado pela crítica de "fase visceral", sob a influência da nova figuração. As imagens trazem a pesquisa da realidade orgânica mediante a representação fragmentada do corpo como referência a um possível mapa do microcosmo. Essa fase antecipa a utilização da cartografia em sua produção, cujo eixo central é o questionamento da noção de limitação de territórios culturais baseados em fronteiras geográficas, por exemplo, a problematização da existência de uma "cultura brasileira" comum a todos os habitantes da nação. Ao mesmo tempo Geiger compõe suas imagens com base em chapas de metal recortadas, explicitando e explorando artisticamente o próprio processo material de produção da técnica de gravura em metal.
Apesar da importância e constância da gravura em sua obra, em Circumambulatio (1972) percebe-se a necessidade de Geiger de encontrar novos meios de expressão. Nesse sentido, sua produção da década de 1970 é marcada por um caráter eminentemente experimental: fotogravura, fotografia clichê, fotomontagem, serigrafia, xerox, cartão-postal, vídeo, Super-8, são algumas das mídias utilizadas pela artista. Estimulada pelas questões levantadas pela arte conceitual e o momento político vivido, ela apresenta em seus trabalhos sobretudo questões relativas à identidade e cultura nacional, ao local do artista na sociedade, à constituição do meio de arte no Brasil e sua posição no mundo.
A série Brasil Nativo/Brasil Alienígena (1977), na qual Geiger dispõe nove cartões-postais com cenas da vida indígena lado a lado com retratos de sua vida cotidiana, é emblemática do período. Nela a cultura brasileira é pensada como resultado de tensões, continuidades e descontinuidades, a negar uma unidade cultural orgânica. Nesse momento, o uso irônico e transgressor da cartografia torna-se um elemento fundamental do trabalho em séries como O Pão Nosso de Cada Dia e Local da Ação. O caráter icônico dos mapas é tensionado a fim de criar uma verdadeira "topografia da arte", e simultaneamente problematizar as delimitações (culturais, políticas, sociais) indiciadas por fronteiras e limites.
Nos anos 1980, a artista começa a pintar e desenvolve longas séries, como Píer & Ocean, fazendo uma reavaliação crítica tanto da história da pintura quanto dos signos de seus trabalhos anteriores. Os anos 1990 são marcados por séries como Fronteiriços, em que novos materiais são usados. As formas cartográficas reaparecem vazadas em metal dentro de caixas de ferro ou gavetas de mapotecas preenchidas por encáustica. No limite entre gravura, pintura e objeto, essas obras são o emblema perfeito de toda sua produção na medida em que atualizam as séries anteriores. Mais recentemente, retoma seus interesses pelas novas tecnologias utilizando o vídeo em associação com a gravura (clichês de metal) e arquivos de ferro na instalação Indiferenciados (2001).
Obras 47
A Força do Homem
Brasil 1500 - 1996
Brasil 1550 - 1995
Burocracia
Exposições 431
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20/2/1953 - 1/3/1953
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8/10/1956 - 21/10/1956
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1/9/1961 - 31/12/1961
Feiras de arte 2
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13/2/2008 - 18/2/2008
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29/4/2010 - 2/5/2010
Mostras audiovisuais 2
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8/5/2013 - 23/6/2013
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17/3/2016 - 22/5/2016
Mídias (1)
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 43
- ANNA Bella Geiger e Artur A. Barrio. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 1978. folha dobrada, s. il. SPpe 1978/g
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- ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 709.81 A163ar v.1
- BIENAL BRASIL SÉCULO XX, 1994, São Paulo, SP. Bienal Brasil Século XX: catálogo. Curadoria Nelson Aguilar, José Roberto Teixeira Leite, Annateresa Fabris, Tadeu Chiarelli, Maria Alice Milliet, Walter Zanini, Cacilda Teixeira da Costa, Agnaldo Farias. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1994.
- BIENAL BRASIL SÉCULO XX, 1994, São Paulo, SP. Bienal Brasil Século XX: catálogo. Curadoria Nelson Aguilar, José Roberto Teixeira Leite, Annateresa Fabris, Tadeu Chiarelli, Maria Alice Milliet, Walter Zanini, Cacilda Teixeira da Costa, Agnaldo Farias. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1994. 700 BI588sp Sec.XX
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- BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 20., 1989, São Paulo. 20ª Bienal Internacional de São Paulo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1989. Exposição realizada no período de 14 out. a 10 dez. 1989. Disponível em: https://issuu.com/bienal/docs/20___bienal_de_s__o_paulo_-_vol._i_. SPfb 1989
- COCCHIARALE, Fernando; GEIGER, Anna Bella. Abstracionismo geométrico e informal: a vanguarda brasileira nos anos cinquenta. Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional de Artes Plásticas, 1987.
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- DUARTE, Paulo Sérgio. Anos 60: transformações da arte no Brasil. Rio de Janeiro: Lech, 1998.
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- GRAVURA brasileira hoje: depoimentos. Organização Heloisa Pires Ferreira e Maria Luisa Luz Távora; entrevistas Anna Bella Geiger, Emanoel Araújo, Fayga Ostrower, Lívio Abramo, Lotus Lobo, Roberto Magalhães, Rossini Perez. Rio de Janeiro: Oficina de gravura SESC-Tijuca, 1997. v.3.
- GRAVURA brasileira hoje: depoimentos. Organização Heloisa Pires Ferreira e Maria Luisa Luz Távora; entrevistas Anna Bella Geiger, Emanoel Araújo, Fayga Ostrower, Lívio Abramo, Lotus Lobo, Roberto Magalhães, Rossini Perez. Rio de Janeiro: Oficina de gravura SESC-Tijuca, 1997. v.3. 769 G777 v.3
- GRAVURA moderna brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes. Curadoria Rubem Grilo. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1999.
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- GRAVURA: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000.
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- TERRA, Paula; FERREIRA, Glória (Cur.). Situações: arte brasileira anos 70. Rio de Janeiro: Fundação da Casa França-Brasil, 2000.
- TERRA, Paula; FERREIRA, Glória (Cur.). Situações: arte brasileira anos 70. Rio de Janeiro: Fundação da Casa França-Brasil, 2000. RJfcfb 2000/s
Como citar
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ANNA Bella Geiger.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022.
Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa296/anna-bella-geiger. Acesso em: 29 de maio de 2022.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7