Título da obra: Lingueirão


Reprodução Fotográfica Eduardo Verderame
Noturno
,
2003
,
Lia Chaia
Reprodução fotográfica Amilcar Packer
Lia Chaia (São Paulo, São Paulo, 1978). Artista visual. Seu processo criativo tem uma intensa variedade de objetos, entre eles, a cidade, a natureza, a cultura e suas inter-relações. Desenvolve em suas obras combinações e atravessamentos de modalidades artísticas e de investigações temáticas, tendo como centralidade o corpo em sua esfera íntima e em encontro com intervenções em espaços públicos.
Filha de professores universitários e colecionadores de arte, sua formação artística se inicia muito cedo, no convívio com diversas obras espalhadas pelo chão e pelas paredes de sua casa e enquanto assídua frequentadora de exposições. Sua relação íntima com a arte prevalece ao longo dos anos. Lia ingressa no curso de comunicação e artes do corpo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mas o interrompe depois de um ano. Em 2003, gradua-se em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).
Em 2001, ainda durante sua graduação, desenvolve Desenho-corpo, um de seus primeiros trabalhos apresentados ao público. Em um vídeo de 51 minutos, a artista desenha sobre o próprio corpo, em uma performance sem pausas, que só termina quando não há mais tinta na caneta esferográfica que utiliza em contato com a pele. Ao mesmo tempo que as linhas desenhadas discursam sobre a intimidade do corpo, os enquadramentos utilizados na obra abordam uma relação com a fragmentação dele. O corpo exposto diante de um aparato maquínico torna sua superfície, a pele, um suporte abstrato e maleável. O ventre, o coração, braços e pernas perdem e ganham volume e dimensão conforme a proximidade ou distância da câmera; e as linhas contínuas ou descontínuas desenhadas criam caminhos impressos sobre uma tela virtual. Trata-se de um desenho de escalas variáveis que reflete sobre si mesmo, o corpo que desenha é o mesmo corpo desenhado, em um constante diálogo entre gesto e sensação. A obra compõe a primeira exposição individual da artista, Experiências com o Corpo (2002), no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
Em 2002, ainda desenvolvendo uma poética com o próprio corpo, mas expandindo para uma relação com a cidade, Lia Chaia produz a série Madrugada, composta de um conjunto de cinco fotografias em locais diferentes de São Paulo. Em cada imagem, a artista concebe uma personagem com traços de super-heroína, com base em um retrato de um corpo que exibe sua nudez. A cada composição são criadas fissuras nas representações mais tradicionais da cidade. Ao agregar elementos cotidianos e inusitados entre paisagem e corpo, Lia propõe outro olhar e outra vivência desse espaço.
Com uma produção intensa, a artista participa de uma série de exposições individuais e coletivas em institutos de arte como Galeria Vermelha, pela qual Lia Chaia passa a ser representada em 2002, Instituto Itaú Cultural e Centro Georges Pompidou, em Paris. Em 2003, torna-se artista residente na Cité des Arts [Cidade Internacional das Artes], em Paris; e em 2005, é contemplada com a bolsa Iberê Camargo.
Seus trabalhos criam uma comunicação entre si ao longo de sua produção, como entre o corpo humano e a cidade. A natureza surge incorporando um desenvolvimento das mesmas questões: quem somos e o que nos compõe, que mundo habitamos e o que criamos nele. Folíngua (2003) e Comendo Paisagens (2005) são obras que olham para o mundo vegetal e como este pode ser incorporado ou, até mesmo, engolido. No primeiro trabalho, por meio de um díptico fotográfico, a imagem de Lia é construída em um corpo híbrido humano, com a língua feita de folhas e uma paisagem de fundo que revela arbustos fora de foco. Reforça-se aqui mais que um desejo de constituir-se natureza, mas uma revelação dessa própria constituição. Já no segundo trabalho, a artista come fotografias de paisagem, pensando uma metáfora de intervenção e inserção da humanidade na paisagem que ela mesma altera. Lia continuamente coloca em questão a construção de seu corpo em relação à natureza e como este pode ser apropriado pela cultura.
Em 2013, inaugura sua primeira exposição individual em Porto Alegre, Contrapasso, na Galeria Ecarta. Um conjunto de três obras e um site specific trabalham a definição da palavra que dá nome à exibição: um passo em direção contrária refere-se à inversão e ao movimento dos pés. Na videoinstalação Piscina, Lia Chaia retira as linhas paralelas das raias e redesenha o espaço que orienta a natação, formando uma espécie de labirinto aquático. O corpo, aqui, não é o individual, e sim o corpo coletivo de um ambiente urbano. A vivência desse lugar é interferida com a proposta de outro ritmo.
Em seus gestos e processos artísticos, seja por meio da fotografia, do vídeo ou da performance, Lia Chaia opera com os paradoxos que acusam as fragilidades de um sistema. Assim, ela propõe novos corpos e formas de caminhar que rompem com a suposta harmonia entre cidade e natureza construída no cotidiano.
Reprodução Fotográfica Eduardo Verderame
Reprodução fotográfica Amilcar Packer
NovoMuseu (Curitiba, PR)
Centro Universitário Maria Antonia
Galeria Vermelho
Espaço de Artes Unicid
Galeria da Faculdade de Artes Visuais UFG
Museu de Arte Contemporânea do Paraná
Galeria Vermelho
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)
Fundação Cultural de Curitiba. Moinho Rebouças
Cinemateca de Curitiba
Museu Municipal de Arte
Paço das Artes
Museu de Arte Contemporânea de Americana (MAC)
Galeria Vermelho
Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP)
Galeria da Faculdade de Artes Visuais UFG
Instituto Tomie Ohtake
Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes
Instituto de Artes do Pará
Fundação Bienal de São Paulo
Itaú Cultural
Parque Ferial Juan Carlos I
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