Título da obra: Sem Título


Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Pedras Marcantonio
,
1998
,
Nuno Ramos
Registro fotográfico Eduardo Giannini Ortega
Nuno Alvarez Pessoa de Almeida Ramos (São Paulo, São Paulo, 1960). Artista plástico, escritor, diretor de cinema, dramaturgo e músico. Ao explorar diferentes linguagens, Nuno Ramos trabalha com formas e materiais distintos, trazendo à tona a brutalidade da realidade.
Forma-se em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP) em 1982. Durante a graduação, edita a revista Almanaque-80 com poemas, ensaios e artes visuais, e a revista Kataloki, um panorama da poesia paulista do período. Em 1983, funda o ateliê Casa 7 com os artistas plásticos Paulo Monteiro (1961), Rodrigo Andrade (1962), Carlito Carvalhosa (1961) e Fábio Miguez (1962). O grupo se dissolve depois da participação da 18ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1985.
Recebe o Prêmio Aquisição do 2º Salão Paulista de Arte Contemporânea e o Prêmio Viagem ao Exterior do 7º Salão Nacional de Artes Plásticas em 1984, e a bolsa Émile Eddé, do MAC USP, em 1987. De 1988 a 1990, destacam-se os quadros de grandes dimensões que recebem aplicação de diversos materiais, como parafina, breu, lona e sucata.
Até 1991, trabalha sobretudo com pinturas e, ao longo do anos 1990, começa a explorar outras linguagens, como a escrita, a escultura, a instalação e a land art (ou earthwork). Em 1993, publica seu primeiro livro, Cujo, e, em 1995, o livro-objeto Balada.
Desse novo período, distingue-se a obra 111 (1992-1993), instalação que relembra o assassinato, em 1992, de 111 presidiários pela Polícia Militar na rebelião da Casa de Detenção de São Paulo. A obra apresenta, no Instituto Estadual de Artes de Porto Alegre, 111 lápides em forma de paralelepípedos, cobertas de asfalto e com os nomes das vítimas. Cada paralelepípedo traz um recorte de jornal com a notícia do massacre além de cinzas de páginas da Bíblia. Na parede, o artista fixa um texto de sua autoria em letras de parafina em pequenas superfícies de vidro também preenchidas com folhas da Bíblia queimadas.
Ao contrário de muitos artistas contemporâneos, Nuno não compreende vida e obra como coisas de mesma natureza, entre as quais se realiza uma continuidade. Para ele, essa relação só se dá por caminhos forçados, o que o leva a instaurar descontinuidade radical em seus trabalhos. Como afirma o crítico Rodrigo Naves (1955), Nuno busca “a revelação de uma instância bruta da realidade”, “uma formalização que, em lugar de domesticar, exponencie a materialidade do mundo”1. Daí a importância da matéria em sua obra, presente também no uso da linguagem, pois as palavras são realizadas com materiais como a parafina, e devem ser esculpidas como tal.
Em 1994, é contemplado com bolsa da Fundação Vitae, mesmo ano em que recebe o prêmio da Associação Nacional de Críticos de Arte. Vence, em 2000, concurso realizado em Buenos Aires para a construção de um monumento em memória aos desaparecidos durante a ditadura militar naquele país.
A estreia no cinema se dá em 2002 com Luz Negra. Em 2005 recebe o Prêmio Mário Pedrosa como artista de linguagem contemporânea da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), e, em 2006, o prêmio da Barnett and Annalee Newman Foundation, de Nova York, pelo conjunto da obra e pela contribuição às artes visuais. A produção literária segue com as publicações da coletânea de narrativas Pão de Corvo (2001), o compilado de fragmentos da produção artística, projetos e ensaios Ensaio Geral (2007), o vencedor do Prêmio Portugal Telecom Ó (2008) e o livro de contos O Mau Vidraceiro (2010).
O crítico Lorenzo Mammì (1957) compara a escrita de Nuno com os quadros e observa em ambos o mesmo comportamento: não é possível uma visão unitária, nem uma leitura por partes. Para ele, os trabalhos de Nuno Ramos surgem de uma comunicação interrompida entre corpo e signo que faz com que a obra “transborde de um lado ou de outro: num excesso de matéria ou num excesso de significado”2. Dada sua complexidade, é difícil apreender a obra de Nuno Ramos. Com várias proposições formais, sua unidade parece residir nos questionamentos que propõe.
Em 2018, dirige a peça A Gente se Vê por Aqui, na qual os atores permanecem em cena por 24 horas. A abordagem da cultura e da política brasileiras voltam a ser exploradas em 2019 com o livro de ensaios Verifique se o Mesmo.
O trabalho de Nuno Ramos aborda, com diferentes linguagens, temas próprios do contemporâneo. Do tratamento mais alusivo à crítica mais provocadora, o artista coloca em debate questões relacionadas a cultura, política, concretude e potencialidade de transformação dos materiais.
1. Ver NAVES, Rodrigo. Nuno Ramos: uma espécie de origem. In: NAVES, Rodrigo. O Vento e o Moinho: ensaios sobre arte moderna e contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
2. Ver MAMMÌ, Lorenzo. Noites brancas. Curitiba: Casa da imagem, 1999.
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução Fotográfica Rubens Chiri/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Eduardo Ortega
Registro fotográfico Lamberto Scipioni
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Eduardo Ortega
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Eduardo Ortega
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Registro fotográfico Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Pedro Franciosi
Registro fotográfico Pedro Franciosi
Registro fotográfico Sérgio Zalis
Reprodução fotográfica Eduardo Ortega
Registro fotográfico Eduardo Ortega
Nuno Rumos - Encontros
Itaú Cultural
Nuno Ramos, 2009
Na mente inquieta de Nuno Ramos, as pedras brilham, a chuva fala e burrinhos carregam vozes. Em atuação desde 1984, o paulistano expressa o que chama de “operações pictóricas” – frutos de seu imaginário e de seus conflitos internos – por meio de gravuras, pinturas, fotografias, poesia e vídeo. Em suas criações, há uma tentativa de infringir o que seria um pensamento estético. Essa busca é feita a partir do uso de matérias-primas como madeira, tecido, arame, cal, esmalte sintético, mármore e granito, com as quais ele desenvolve desenhos, que ganham cores, texturas e formas geométricas, resultando em peças tridimensionais. “Tem algo do mundo das fábulas. Apesar de trabalhar com certa dose de violência, coisas que quebram e são razoavelmente agressivas, no limite, o que eu faço é da ordem da conciliação”, conceitua.
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Paço das Artes
Museu da Imagem e do Som (São Paulo, SP)
Centro Cultural São Paulo (CCSP)
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Subdistrito Comercial de Arte
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Fundação Bienal de São Paulo
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Museo de Arte Moderno de Buenos Aires (Argentina)
Fundação Romulo Maiorana (Belém, PA)
Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Itaú Cultural
Itaú Cultural
Fundação Bienal de São Paulo
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