Título da obra: Jangadas à Beiramar


Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Jangadas à Beiramar
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Virgílio Lopes Rodrigues
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Virgílio Lopes Rodrigues (Recife, Pernambuco, 1863 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1944). Pintor. Estuda na colônia agrícola Frei Caneca, em Pernambuco, dirigida por religiosos . Antes de completar 20 anos de idade, transfere-se para o Rio de Janeiro com a intenção de matricular-se no Colégio Militar, intuito frustrado devido a uma enfermidade. Nessa cidade, dedica-se ao comércio de arte, trabalhando no escritório do leiloeiro Joaquim Dias dos Santos, por ocasião da dispersão dos bens da Família Imperial em 1890. Organiza em 1893, ao lado de Eduardo de Sá (1866-1940) e Décio Villares (1851-1931), uma exposição no antigo Paço da cidade do Rio de Janeiro, em benefício do projeto de criação de uma Academia Livre de Belas Artes. No dia de abertura, a exposição é malograda pela eclosão da Revolta da Armada e a Academia não chega a funcionar. Organizando a exposição, Rodrigues toma conhecimento do trabalho de Santa-Olalla (1870-1895), pintor espanhol residente no Rio de Janeiro, com o qual passa a tomar lições de pintura e estabelece estreita amizade. Por incentivo do pintor, frequenta, em meados de 1894, o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Torna-se um leiloeiro conhecido, dedicando-se paralelamente à pintura. Mantém uma barraca na praia de Copacabana, com materiais para a produção de pinturas, onde recebia artistas como Manuel Faria, Gastão Formenti, Vicente Leite e Artur Lucas, pintores com os quais realiza, em 1926, a Exposição dos Cinco. Apoia a carreira de artistas como Santa-Olalla e Oswaldo Teixeira. Em 1897 participa de sua primeira Exposição Geral de Belas Artes, seguida de muitas outras, chegando a obter a grande medalha de prata na Exposição Geral de 1930.
Virgílio Lopes Rodrigues, em entrevista ao jornalista Angyone Costa (1888-1954), afirmou ser um artista amador, que conciliava a produção pictórica com o trabalho no comércio 1. Não obstante, dedicou-se avidamente à paisagem marinha, retratando-a do natural. Explorou pequenos formatos, onde seus temas singelos adquirem maior concisão, utilizando mesmo suportes incomuns como ;tampas de caixas de charuto, tal como fizera Castagneto (1851-1900) em suas populares marinhas nas décadas de 1880 e 90.
As marinhas de Rodrigues, em geral, apresentam áreas de grande luminosidade, combinando poucos elementos estruturais e contrastes entre cores complementares. A linha é posta em segundo plano por uma pincelada que sugere discreta inquietação. Esta economia formal e a tendência ao tratamento gestual revelam o impacto das pinturas de Castagneto sobre sua produção, como em Jangadas a beira mar na qual a alta luz domina toda a composição e chega a suprimir as extremidades das figuras desenhadas, sendo a forma muito mais o resultado da sombra que da linha. Percebe-se por outro lado, em menor grau, os ensinamentos de Santa-Olalla (1870-1895) quanto à fatura e à definição dos planos espaciais. Em Igrejinha de Copacabana (1901) é a composição que estrutura a imagem e possibilita a distinção entre os planos. A pincelada é aparente, porém controlada, e o desenho comedido nos detalhes transforma-se em volume apenas nas porções de terra do primeiro plano.
1. COSTA, Angyone. A inquietação das abelhas. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello & Cia., 1927, pp. 201-204
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Museu Nacional de Belas Artes
Fundação Bienal de São Paulo
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