Título da obra: Fazenda do Vale do Paraíba


Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Fazenda do Vale do Paraíba
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s.d.
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Santa-Olalla
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Francisco Garcia Santa-Olalla (Málaga, Espanha, 1870 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1895). Pintor. Estuda na Academia Provincial de Belas Artes com o artista espanhol Joaquín Martínez de la Vega (1846-1905), em Málaga, Espanha. Na Academia, recebe prêmios e torna-se pensionista do Estado. Logo após a conclusão dos estudos, embarca para o Rio de Janeiro e reside inicialmente em Vargem Alegre1.
Deste período, resulta o relato de que pinta sobre a porta de sua casa a figura de uma mulher espanhola. A pintura chama a atenção de um visitante carioca, que a adquire e substitui a porta do artista. Passa a residir definitivamente no Rio de Janeiro e, em 1893, participa, ao lado de Décio Villares (1854-1931), Virgílio Lopes Rodrigues (1863-1944) e Eduardo de Sá (1866-1940), do movimento para a criação da Academia Livre de Belas Artes. Envia a tela Trecho da Tijuca para a exposição organizada em benefício do projeto. Os planos de criação da Academia são frustrados com a Revolta da Armada2 que irrompe no dia de abertura da mostra. O evento, resulta na amizade com o leiloeiro Virgílio Rodrigues, que passa a atuar como mecenas de Santa-Olalla, apoiando-o durante toda a carreira.
No Salão Nacional de Belas Artes de 1894, expõe 12 pinturas e conquista a medalha de ouro de terceira classe. Para tratar de uma enfermidade, põe à venda suas obras num leilão organizado por Virgílio Rodrigues. Vive no Rio de Janeiro até 1895, quando falece precocemente3.
Especula-se que a vinda de Santa-Olalla tenha sido motivada por leituras que lhe instigam o interesse sobre a paisagem local, objeto de sua maior atenção no período em que reside no Brasil.
Restam poucos registros de obras em outros gêneros, entre os quais se encontra a pintura histórica Cristóvão Colombo Ajoelhado aos pés de Fernando VII e de Isabel, a Católica4. A obra preserva aspectos tradicionais de composição, despertando a atenção pela riqueza do desenho e da conformação do espaço.
Seus temas privilegiam a natureza e a vida simples, em abordagens pictóricas variadas. Em grande parte das obras, atém-se ao registro fiel da paisagem, que costuma observar para compreender os efeitos atmosféricos. É o caso de Águas Férreas (1893), na qual explora sombras que indicam diferenças entre os planos, aproximando-se da objetividade fotográfica. Sua capacidade de conferir realismo à luminosidade pode ser sentida em O Pescador (1894). Em Paisagem Litorânea (1893), apresenta uma abordagem mais lírica da luz, em detrimento da definição objetiva dos planos.
Santa-Olalla notabiliza-se pelas cenas de costumes, unindo-as ao interesse pela paisagem. Em Fazenda do Vale do Paraíba, seu desenho é minucioso, e a pincelada discreta preserva a acuidade da composição. O colorido é restrito aos tons terrosos de um cenário parcialmente iluminado.
1. Trata-se, possivelmente, de um bairro do município de Barra do Piraí, Rio de Janeiro. No entanto, a residência de Santa Olalla também é citada em algumas fontes como Várzea Alegre. In: PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969, p.460 e CAVALCANTI, Carlos; AYALA, Walmir (Orgs.). Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Apresentação de Maria Alice Barroso. Brasília: MEC: INL, 1973-1980. v. 4, p. 179.
2. Rebelião de setores da marinha ocorrida entre setembro de 1893 e março de 1894, no Rio de Janeiro, com o objetivo de depor o então presidente da República Floriano Peixoto (1839-1895). A rebelião, sem apoio popular ou de outros setores das forças armadas, foi desarticulada pelo governo.
3. Após passar dois dias no Corcovado, estudando efeitos de luz, Santa-Olalla agrava uma tuberculose, que provavelmente já possuía. O PAIZ, Rio de Janeiro, 5 abr. 1895, ano XI, n. 3838. p. 1-2.
4. Obra executada no Brasil e adquirida pelo comendador Francisco Bravo. O PAIZ, Rio de Janeiro, 5 abr. 1895, ano XI, n. 3838. p. 1.
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini
Paço das Artes
Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_)
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)
Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_)
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Fundação Bienal de São Paulo
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