Artigo sobre 2º Studio Internacional de Tecnologias de Imagem

SESC Pompéia
Luiz Duva (São Paulo, São Paulo,1965). Artista experimental em novas mídias, VJ, realizador de vídeos, documentários, videoinstalações e performances. Na adolescência, atua profissionalmente como jogador de vôlei por quase dez anos. A atividade física forma o repertório sensorial e a consciência corpórea para pesquisas futuras em relação à imagem, pelo modo como aborda a questão do corpo e seus limites. Na captura de cenas em vídeo, no início de carreira, utiliza o repertório pessoal para desenvolver sua poética. Forma-se em Rádio e TV pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), durante os anos 1980. O interesse por narrativas, constante nas obras iniciais, assume posição periférica nas décadas seguintes: a narrativa passa ser o tema e não o objetivo a ser alcançado. O vídeo The Bodyman Lost in Heaven (1996), apesar do caráter ficcional, é o ponto de partida para projetos de instalação.
A partir dos anos 2000, pesquisa o que chama de “live images”, sua definição da experiência performática imersiva, composta por sons e imagens, gerados, executados e manipulados em tempo real. No contato entre videoarte e música eletrônica, também vincula ato performático à investigação sobre o corpo. Utilizando a dança e a música, Duva amplia definições estéticas: imagens pré-gravadas constroem novos sentidos, sem se ater a percursos narrativos na edição ao vivo.
Duva trabalha com projetos multimídia (videoinstalações, performances, composições audiovisuais) e conquista diversos prêmios nos anos 2000, como diretor artístico e editor, em festivais de arte eletrônica e de artes visuais. Entre as premiações, destacam-se: Prêmio Artes Visuais do 9o Festival Cultura Inglesa (2005); Prêmio Bolsa Fomento de Produção do 6º Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (2005); Prêmio de Criação Audiovisual Le Fresnoy, França (2006-2007); Prêmio Programa de Ação Cultural de Novas Mídias (PAC), oferecido pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo (2006, 2007, 2008); e, pelo Itaú Cultural, Rumos Cinema e Vídeo (2009/2010), na categoria Eventos Multimídia.
A pesquisa sobre questões sensoriais leva o artista a se interessar por eventos de música eletrônica, as chamadas raves. A pista de dança passa a ser um laboratório em que composições audiovisuais são exploradas pela capacidade de imersão e improvisação, com incentivo à interação do público.
A videoinstalação INSPIREme (1999) apresenta uma moça respirando, ao emergir e submergir na água, em uma TV de plasma na posição vertical, instalada como uma pintura.
Em sua pesquisa poética, Luiz Duva reorganiza pulsões, e os sentidos orquestram-se com a imprevisibilidade e interatividade das performances. Partindo de experimentações audiovisuais, segue para instalações e performances, baseado no que chama de partituras audiovisuais, ou seja, um guia descritivo dos passos durante a apresentação. A obra em que primeiro utiliza esse recurso é a performance Desconstruindo Letícia Parente (2003). Nela, estabelece diálogo imagético com a obra Marca Registrada, de Letícia Parente (1930-1991), uma das primeiras artistas a produzir videoarte no Brasil. Utiliza uma cópia do vídeo em que a artista borda, na planta de seus pés, a expressão “Made in Brazil”. Duva reforça a ação do tempo, aplicando sobreposições digitais dos defeitos que a cópia apresenta – fragmentos de vídeo que criam riscos horizontais – de modo a desconstruir a narrativa, manipulando, em tempo real, o conteúdo original analógico.
Na exposição coletiva Vorazes, Grotescos e Malvados (2004), realizada no Paço das Artes, em São Paulo, Duva apresenta a obra Grotesco, Sublime Mix, GSMix (2004): projeções em três telas grandes apresentam imagens de atores que realizam o encontro de corpos com intenso apelo emocional, em ações sem início nem conclusão. Nas telas, o movimento, a sonoridade e o tempo são desconstruídos e expandidos ao compor a performance.
Storm (2010) é um espetáculo de improvisação multimídia, com imagens da costa marinha do sul da Inglaterra e da Mata Atlântica brasileira, processadas digitalmente por sobreposição. O compositor Manuel Pessoa é o parceiro que utiliza a música como base para novas montagens musicais geradas ao vivo. O material bruto – sonoro e visual – é reorganizado e sincronizado pelos artistas durante a performance. O público frui a experiência sentado ou deitado, em frente das projeções em que a potência do som amplificado e a luz estroboscópica favorecem o processo de imersão. A obra apresenta a formação de uma tempestade e, após a intempérie, um homem adentra a floresta em direção ao desconhecido. A intensidade sensorial proposta pela obra, com sucessão de imagens oscilantes, sugere instabilidade.
Como diz Christine Mello (1966) sobre Grotesco, Sublime Mix, GSMix: “Por meio dessa vivência experimental, Luiz Duva nos sinaliza que não é nossa subjetividade que explica essas imagens e sons, mas é a partir delas que temos acesso a essa subjetividade”1. Luiz Duva desenvolve percurso confrontando os limites da tecnologia com os limites do corpo, em consonância com a presença dos espectadores em interação catártica, ativada pela música.
1 MELLO, Christine. Texto no catálogo online da exposição Vorazes Grotescos e Malvados. Paço das Artes, São Paulo, 2004. Disponível em: < http://mapa.pacodasartes.org.br/page.php?name=curadores&op=detalhe&id=604 >. Acesso em: 9 set. 2016
SESC Pompéia
Casa das Rosas
Pavilhão Manoel da Nóbrega (São Paulo, SP)
Casa das Rosas
Casa das Rosas
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Galeria Vermelho
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Santander Cultural (Porto Alegre, RS)
Instituto Sergio Motta (São Paulo, SP)
Espaço Cultural CPFL
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Galeria Pilar
Itaú Cultural
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Itaú Cultural
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Museu Victor Meirelles
Museu Victor Meirelles
Centro Cultural Usina do Gasômetro (Porto Alegre, RS)
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