Título da obra:


Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Retrato de João Timóteo da Costa
,
1908
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Biografia
João Timótheo da Costa (Rio de Janeiro RJ 1879 - idem 1932). Pintor, decorador, gravador. Em 1894, inicia seu aprendizado artístico na Casa da Moeda do Rio de Janeiro, onde conhece o diretor Enes de Souza, que se torna seu protetor. Paralelamente matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, onde estuda desenho com Bérard, pintura com Rodolfo Amoedo e freqüenta as aulas com modelo vivo ministradas por Zeferino da Costa. Parte em 1910 para Paris. Trabalha junto ao grupo de artistas brasileiros contratados pelo governo para executar a decoração do Pavilhão Brasileiro na Exposição Internacional de Turim, ocorrida nesta cidade italiana em 1911. Realiza em 1920 com seu irmão Arthur Timótheo da Costa o primeiro de uma série de painéis decorativos para o Fluminense Futebol Clube, terminando sozinho a encomenda deste trabalho no ano de 1924. Em 1925, executa cinco painéis abobadados para a ornamentação do Salão Nobre da Câmara dos Deputados, atual Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e neste mesmo ano realiza mais uma série de painéis decorativos para o Salão do Copacabana Palace. Tendo participado de diversas edições do Salão Nacional de Belas Artes, recebe a pequena medalha de ouro em 1926. Em 1930 interna-se no Hospício dos Alienados, na cidade do Rio de Janeiro, onde morre dois anos depois.
Comentário crítico
João Timótheo da Costa é de família humilde. Trabalha, desde 15 anos, como aprendiz na Casa da Moeda do Rio de Janeiro, instituição que emprega e incentiva outros jovens artistas, entre eles seu irmão Arthur Timótheo da Costa, Rodolfo Chambelland e Eugênio Latour. Paralelamente, matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, onde estuda desenho com Bérard, a disciplina de modelo vivo com Zeferino da Costa e pintura com Rodolfo Amoedo. Em 1910 integra o grupo de artistas brasileiros que na cidade de Paris fica responsável pela decoração do pavilhão da Exposição de Turim, na Itália, realizada no ano seguinte. Esse trabalho lhe permite visitar os museus europeus, onde conhece obras impressionistas e divisionistas, além das pinturas decorativas do artista francês Puvis de Chavannes (1824 - 1898), que marcam sua carreira.
Estrutura as composições por meio da cor, em pinceladas largas, onde se percebe a gestualidade do artista. Trabalha as cores tanto com a espátula quanto com o pincel, obtendo fortes empastamentos. Seus quadros, principalmente as marinhas, destacam-se pela luminosidade sutil, muito controlada. Em Porto (1920) revela sensibilidade no uso da cor, sua pincelada sugere volumes e distâncias, e explora o jogo entre as formas sólidas (barcos, construções) e seus reflexos coloridos na água. Em algumas obras, aproxima-se do enquadramento fotográfico, como em Recanto de Atelier (1926) ou em Portal (s.d.). Em Retrato de Artur (s.d.) representa o irmão pintando ao ar livre, com grande simplificação formal. A figura do retratado parece recortada do plano de fundo, no qual a natureza é apenas sugerida em pinceladas soltas. As pinturas de João Timótheo apresentam afinidades com as realizadas por seu irmão, nos temas e também na fatura, porém revelam, em relação a esse, tendência a conferir às tintas os valores de espontaneidade do esboço.
Vencendo as dificuldades enfrentadas por tantos pintores negros ou de ascendência negra, João Timótheo recebe várias encomendas de pinturas decorativas. Nas decorações emprega o princípio das cores fragmentadas e da justaposição de cores, inspirado em Georges Seurat (1859 - 1891). O emprego rítmico das linhas e da paleta de tons rebaixados revela a apreciação da obra de Puvis de Chavannes. Algumas de suas pinturas decorativas não foram preservadas.
A insanidade do irmão, falecido precocemente em 1920, e a morte da filha, aos 6 anos de idade, causam duros golpes ao artista, dos quais nunca se recupera totalmente, e morre, como o irmão, no Hospício dos Alienados, em 1932. Trabalhando no início do século XX, sua obra revela, como a de outros artistas contemporâneos, a atmosfera eclética causada pelo impacto tardio de tendências estéticas como o impressionismo e o pós-impressionismo. A produção de João Timótheo apresenta grande qualidade artística, e abrange todos os gêneros da pintura: retratos, pintura histórica, cenas de costumes e sobretudo paisagens, que têm um sentido particularmente poético.
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Lamberto Scipioni
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Lamberto Scipione
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Lamberto Scipione
Reprodução fotográfica Lamberto Scipioni
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Museu Nacional de Belas Artes
Fundação Bienal de São Paulo
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