Título da obra: Retrato de D. Pedro II


Retrato de D. Pedro II
,
1875
,
Delfim da Câmara
Biografia
Delfim Joaquim Maria Martins da Câmara (Magé, RJ, 1834 - Rio de Janeiro, RJ, ca.1916). Pintor, militar e professor. Estuda na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba) entre 1848 e 1854. É colega de Victor Meirelles (1832-1903), Joaquim da Rocha Fragoso (18?-1893), Francisco Joaquim Bethencourt da Silva (1831-1912) e Francisco Nery (1828-1866) e aluno de Correia de Lima (1814-1857), Côrte Real (ca.1810-1848) e Joaquim Inácio Miranda Jr. Deixa a academia em 1854, seu último ano antes da formatura, retornando em 1857. No ano seguinte, perde novamente o ano, por faltas. Pede à Aiba uma habilitação (não o diploma) para lecionar desenho fora da instituição, obtendo-a.
Nos anos 1860, junta-se aos Voluntários da Pátria1 e luta na Guerra do Paraguai (1864-1870). Em 1870, com o fim do conflito, obtém a patente de capitão. Em 1885, começa a lecionar desenho na Escola Politécnica, onde trabalha até o fim da vida. Expõe periodicamente retratos em estúdios e galerias cariocas. Em 1896, ensina no Ginásio Nacional. Também nessa década, ministra aulas no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, tornando-se ainda membro da Sociedade Promotora das Bellas Artes, dirigida por Bethencourt da Silva. Em 1896, é vice-presidente da Sociedade Artística, Literária e Científica Bethencourt da Silva. Entre 1896 e 1899, torna-se major. Leciona até pelo menos 1915, quando não se encontram mais notícias suas. A bibliografia a seu respeito, pouco confiável, afirma que morre em 1916.
Análise
Delfim da Câmara é um pintor de retratos que representa um caso excepcional na arte brasileira do século XIX. Sabe-se que ele é o único artista brasileiro a participar como combatente da Guerra do Paraguai. Essa participação é sintomática, pois Câmara integra a geração de alunos da Aiba responsável por produzir as pinturas históricas mais significativas sobre os episódios dessa guerra. Entre eles, destacam-se Victor Meirelles, seu colega durante a primeira fase em que frequenta a Academia (1848-1854), e Pedro Américo (1843-1905), colega durante o seu segundo período na instituição (1857-1858).
Apesar de sua participação no conflito, Câmara não produz, até onde se sabe, nenhuma pintura histórica sobre o tema. Contudo, tendo se especializado desde cedo em retratos, fez uma série de imagens de militares e políticos importantes para o desdobramento da guerra. Do imperador dom Pedro II (1825-1891), o mais importante deles, Câmara realiza vários retratos para o Ministério da Guerra e o Exército.
Para além do retrato, gênero que não goza de tanto prestígio no Brasil do século XIX, Câmara destaca-se ainda em uma longa carreira no ensino do desenho em algumas instituições cariocas: na Escola Politécnica, no Ginásio Nacional e no Liceu de Artes e Ofícios. Empenha-se, por fim, na formulação de projetos e na construção de organizações que visam à promover o gosto pelas belas artes no Brasil.
Nota
1 Corpos de militares criados pelo Império do Brasil para reforçar o número de militares no exército brasileiro no início da Guerra do Paraguai.
Academia Imperial de Belas Artes (Aiba)
Academia Imperial de Belas Artes (Aiba)
Academia Imperial de Belas Artes (Aiba)
Paço das Artes
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