Título da obra: Dois Meninos Jogando Bilboquê


Reprodução fotográfica Sérgio Guerini
Retrato de Francisco Pereira Passos
,
ca. 1908
,
Belmiro de Almeida
Reprodução Fotográfica Raul Lima
Belmiro Barbosa de Almeida (Serro MG 1858 - Paris França 1935). Pintor, desenhista, caricaturista, escultor, professor e escritor. Freqüenta o Liceu de Artes e Ofícios e a Academia Imperial de Belas Artes - Aiba, entre 1869 e 1880, no Rio de Janeiro, onde estuda com Agostinho da Motta, Zeferino da Costa e José Maria de Medeiros. Em 1878, estuda com Henrique Bernardelli e Rodolfo Amoedo no Ateliê Livre. Leciona desenho no Liceu de Artes e Ofícios, de 1879 a 1883, e na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, de 1893 a 1896. A partir de 1884, passa a viver entre Paris e Rio de Janeiro. A primeira viagem a Paris, em 1884, resulta num redirecionamento estético em seu trabalho, conseqüência do estudo e contato com obras de artistas e intelectuais que renovaram a arte do período: Édouard Manet e Edgar Degas na pintura e Gustave Flaubert e Émile Zola na literatura. Em sua segunda estada na capital francesa, iniciada em 1888, entra em contato com Georges Seurat na Ecole Nationale Supérieure dês Beaux-Arts [Escola Nacional Superior de Belas Artes] e estuda pintura com Jules Joseph Lefebvre e B. Constant et Pelez, aproximando-se de vertentes pós-impressionistas. No Rio de Janeiro, trabalha como caricaturista em diversas revistas, como Comédia Popular, Diabo a Quatro, A Cigarra, Bruxa e O Malho. Funda os periódicos Rataplan e João Minhoca, entre 1886 e 1901. É um dos criadores do Salão dos Humoristas, em 1914, e membro do Conselho Superior de Belas Artes, de 1915 a 1925.
Belmiro de Almeida ingressa na Academia Imperial de Belas Artes - Aiba, em 1874. Entre 1884 e 1885, com recursos próprios, viaja para Paris, onde toma contato com novas tendências da pintura. É atraído pelas idéias realistas dos escritores Émile Zola e Gustave Flaubert. No campo das artes, interessa-se por Édouard Manet e Edgar Degas.
Em 1887, expõe Arrufos, sua tela mais conhecida, que se destaca pela rigorosa fatura e pelo tom de leve ironia com o qual a cena é retratada. Em 1888, o crítico Gonzaga Duque, que segundo alguns historiadores estaria retratado nesse quadro, destaca a importância da obra, pela visão moderna do artista: "Ainda no Rio de Janeiro não se fez um quadro tão importante como é este".1 O pintor inova ao abordar um tema relacionado à vida cotidiana, com enfoque realista. Atuando na passagem do século XIX para o século XX, empreende uma pintura nova ao deixar de lado os temas da pintura histórica para se ocupar de assuntos mais prosaicos da sociedade contemporânea. O crítico também elogia a técnica de Belmiro: "As tintas são claras e simpáticas, os toques são rápidos, largos e bem lançados. Nenhuma pretensão a empastamento, nenhuma pretensão a mancha descurada, se notam neste trabalho. O toque é sempre apropriado".2 Belmiro exibe assim, provocativamente, suas qualidades de pintor.
O historiador Reis Júnior destaca a relação difícil entre o artista, de espírito inconformado, e o meio em que vive: a ausência de respaldo às novas tendências na arte leva-o a não abandonar definitivamente os trabalhos mais conservadores, capazes de garantir-lhe a sobrevivência.
Concorre ao prêmio de viagem ao exterior da Aiba, em 1888. Não obtém o prêmio, mas vai para a Europa nesse ano, com auxílio de colegas da Academia, principalmente de Rodolfo Bernardelli. Visita a Itália, onde pinta algumas paisagens, mas fica a maior parte do tempo em Paris. As viagens entre Rio de Janeiro e Paris foram constantes em sua carreira. Na França, vivencia um momento de transformações no campo da pintura. Realiza o quadro Efeitos de Sol, 1892, que traz a evocação de um mundo camponês, com uma paisagem estruturada em manchas de cor, que se destaca pelo caráter inovador, se comparado com a pintura que então se praticava no Brasil.
Em Os Descobridores, 1899, evita o tratamento heróico que o tema do descobrimento do Brasil sugere: esses são dois pobres homens, exaustos, ao pé de uma árvore desfolhada. A paisagem é totalmente árida e desolada, transmitindo a sensação de abandono, que é reforçada pelo tratamento cromático: uma luminosidade que se espalha uniformemente pela superfície. Belmiro recusa a monumentalidade à obra, porém lhe confere uma concepção e um tratamento plástico muito originais. Em A Tagarela, 1893, representa uma personagem popular, que interrompe uma atividade doméstica. Destaca-se nesse quadro o domínio no uso da linha, que estrutura a composição, aliado ao cuidadoso trabalho com a cor, como ocorre também em Dame à la Rose, 1905. Em obras como Retrato de Abigail Seabra, 1900 ou Paisagem em Dampierre, 1919, o artista inspira-se na técnica pontilhista, as pinceladas curtas valorizam os tons, mas obedecem à orientação dos planos. Já Mulher em Círculos, 1921, dialoga com a estética do futurismo.
Belmiro de Almeida revela, ao longo de sua carreira grande ecletismo: experimenta constantemente novas técnicas, às quais alia a interpretação pessoal e a maestria na fatura das obras. Paralelamente à carreira de pintor, tem uma importante atividade como caricaturista, à qual deve boa parte de seu prestígio, trabalhando em importantes jornais e revistas da época: O Malho, Diabo a Quatro e A Cigarra, entre outros, e fundando O Rataplan (1886) e João Minhoca (1901). Manifesta na caricatura o interesse por assuntos sociais, representa os contratempos do cotidiano, no trabalho e no lazer, em charges cáusticas. Artista de espírito polêmico e inconformado, sua obra tem caráter inovador no panorama das artes brasileiras.
1 DUQUE, Gonzaga. A arte brasileira. Introdução Tadeu Chiarelli. Campinas: Mercado de Letras, 1995, p. 212.
2 Idem, p. 213.
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução Fotográfica Raul Lima
Reprodução Fotográfica Raul Lima
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução Fotográfica Lula Rodrigues
Reprodução fotográfica Lula Rodrigues
Reprodução fotográfica Vicente de Mello
Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Raul Lima
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Raul Lima
Reprodução Fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Raul Lima
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução Fotográfica Raul Lima
Sociedade Propagadora das Belas Artes
Academia Imperial de Belas Artes (Aiba)
Casa de Wilde (Rio de Janeiro, RJ)
Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro
Fundação Bienal de São Paulo
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