Artigo sobre Exposição Geral de Belas Artes (26. : 1884 : Rio de Janeiro, RJ)

Academia Imperial de Belas Artes (Aiba)
Alberto André Feijó Delpino (Juiz de Fora, Minas Gerais, 18641 - Belo Horizonte, Minas Gerais, 1942). Pintor, desenhista, caricaturista, arquiteto, professor. Forma-se no curso de humanidades do Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro. Em 1884, estuda desenho, pintura, escultura e arquitetura na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), com os professores Victor Meirelles (1832-1903), Pedro Américo (1843-1905), João Batista Pagani (1856-1891) e Georg Grimm (1846-1887). Em 1887, estreia na imprensa carioca publicando o retrato do pintor Antonio Parreiras (1860-1937) na revista A Semana. Viaja a estudos para a Europa e expõe no Salon de Paris em 1888. No mesmo ano, é indicado por Batista Pagani para substituí-lo na cadeira de desenho do Colégio Abílio, Barbacena, Minas Gerais. Também leciona em outros colégios mineiros por cerca de trinta anos. Filia-se ao Grupo Vermelho, de posicionamento republicano2, do qual fazem parte os artistas Artur Lucas (s.d.-1929), Bento Barbosa (1866-?) e Isaltino Barbosa (1867-1935). Em 1900, estuda em Paris. Colabora como caricaturista em periódicos como O Diabo, O Mequetrefe, O Tagarela, O Espelho, entre outros, utilizando os pseudônimos Onipled, H. Silva, J. Faria, e Alpino Del Brito. Funda, em Barbacena, juntamente com Leon Renault, a revista literária O Mensal (1897).
Em 1911, participa da exposição Internacional de Turim com a pintura Perfil de Tiradentes, (1911). Desenvolve grande parte de sua produção em Minas Gerais, transferindo-se para Belo Horizonte em 1929.
A paisagem mineira é marcante na produção de Alberto Delpino que, para melhor apreendê-la, realiza uma excursão pelo Estado em 1890. Neste gênero, suas principais influências são as obras de Caron (1862-1892) e George Grimm, que incentiva seus alunos a observarem a natureza. Em Panorama de Mariana (1895), as gradações suaves de tons terrosos demonstram uma característica geral de suas paisagens: o registro de uma atmosfera.
As obras que o distinguem no cenário artístico são aquelas em que representa personagens regionais. O Tropeiro (1897), é recebido pela crítica como “um bom quadro de costumes nacionais”3 e conquista a medalha de ouro na Exposição Geral de 1897. Saudosa Marília(1907), alusão ao poema Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1819), recebe a menção honrosa do 1º grau na Exposição Geral de 1907. O quadro traz a figura de uma mulher em luto, contrastando com um fundo de montanhas ensolaradas, tratadas com maior liberdade cromática.
O Perfil de Tiradentes (1911), torna-se um ícone do mártir da Inconfidência Mineira. Os limites do quadro circunscrevem a cabeça da figura, que tem o olhar fixo na paisagem. A corda ao pescoço é o atributo que permite a imediata identificação do personagem. Para o crítico Ruben Gill, com a pintura de Delpino, a figura de Tiradentes “readquiriu as suas características raciais, foi reconduzido à sua condição de natural da província estoica que se rebelou contra a Metrópole”. Por temas como estes, é chamado pelo mesmo crítico de o “pintor dos inconfidentes”4.
1 O crítico Martins de Andrade afirma que Delpino se declarava mineiro de Porto das Flores (Juiz de Fora). No entanto, levanta a hipótese de que o artista tenha nascido em Niterói, a 10 de agosto de 1868, baseando-se em artigos de jornal (O Correio de Minas, Juiz de Fora, 9 maio 1896) e em alguns catálogos de exposições da Escola Nacional de Belas Artes (1896, p. 9; e 1900). Cf. ANDRADE, Martins de. Vida e Obra de um Pintor (A. A. Delpino). Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte, v. 3, p. 202, 1948.
2 Defensor das ideias republicanas, Delpino recusa-se a receber das mãos do Imperador D. Pedro II a medalha de ouro concedida pelo júri da Exposição Geral de Belas Artes (Egba) pela pintura O Tropeiro, em 1897. O Imperador, no entanto, faz questão de entregá-la pessoalmente a Delpino durante uma aula no conservatório de Música. Na ocasião, Delpino teria saudado D. Pedro II como “grande imperador”. Cf. ANDRADE, Martins de. op.cit., p. 201-207.
3 DUQUE, Gonzaga. Contemporâneos: pintores e escultores. Rio de Janeiro: Benedicto de Souza, 1929. p. 161.
4 GILL, Ruben. O século boêmio. In: D. Casmurro, Rio de Janeiro, ano VII, n. 313, p. 87. ago, 1943.
Academia Imperial de Belas Artes (Aiba)
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Sociedade Propagadora das Belas Artes
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