Título da obra: Monumento a São Francisco de Assis


Reprodução Fotográfica Cesar Barreto
Retrato do Escultor Eduardo Sá
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1910
,
Arthur Timótheo da Costa
Eduardo de Sá (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1866 - idem 1940). Escultor, pintor e restaurador. Frequenta aulas particulares de pintura com Rodolfo Bernardelli (1852-1931)[1]. Entre 1883 e 1887, estuda na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba) com José Maria de Medeiros (1849-1925), Pedro Américo (1843-1905) e Victor Meirelles (1832-1903), com quem estabelece maior vínculo. Como estudante da Academia, é premiado diversas vezes.
Em 1888, com recursos próprios, estuda na Académie Julian, em Paris, onde é aluno de Gustave Boulanger (1824-1888) e Jules Lefebvre (1834-1912). Prefere os cursos livres de arte em oposição à rigidez das academias. Integra, ao lado de Décio Villares (1854-1931) e Virgílio Lopes Rodrigues (1863-1944), um movimento para a fundação da Academia Livre de Belas-Artes, no Rio de Janeiro em 1893. Uma exposição é organizada em benefício do projeto, mas a eclosão da Revolta da Armada impede a abertura da mostra e os planos da Academia.
Realiza exposições individuais entre 1888 e 1898, a última intitulada Exposição da Arte Republicana. Adepto das teorias do positivismo, suas obras – realizadas no Rio de Janeiro – detêm-se sobre temas cívicos, como o Monumento a Floriano Peixoto (1910), instalado na Cinelândia. Dentre as obras situadas em espaços públicos destacam-se os baixos-relevos no Monumento a Benjamin Constant (1826), localizado no Campo de Santana, os bustos de Castro Alves (1913) e Victor Meirelles (1925), no Passeio Público, e o Monumento a São Francisco de Assis (1927), na Praça Juarez Távora.
Eduardo de Sá inicia a carreira como pintor, com produções de influência neoclássica. Seu trabalho privilegia a concepção da obra, inspirada no sentimento de amor às coisas pátrias[2]. Por isso, a importância da composição em pinturas como Leitura da Sentença de Tiradentes (1921), na qual os gestos e as expressões de cada figura indicam os conflitos que estruturam a cena. Na alegoria José Bonifácio, a Fundação da Pátria (ca. 1900), o estadista medita sobre a bandeira imperial rodeado por espectros que parecem representar uma futura miscigenação.
Na década de 1900, dedica-se, também, à escultura, projetando o Monumento a Floriano Peixoto. O projeto de Sá é preferido ao de Correia Lima (1878-1974), mas sua inexperiência nesta linguagem gera apreensão da crítica. Alguns críticos o censuraram por um acabamento grosseiro que se nota próximo da obra. Mas para Gonzaga Duque (1863-1911), tal aspecto não resulta em prejuízo, devido às características peculiares da escultura monumental, feita para obter clareza e expressividade a grande distância[3]. No topo do monumento, vê-se Floriano Peixoto em trajes militares, envolvido pela bandeira nacional, que forma o relevo dos bustos de Tiradentes (1746-1792), José Bonifácio (1763-1838) e Benjamin Constant (1833-1891). Quatro grupos escultóricos inspirados em poemas brasileiros constituem a base do monumento: “Anchieta”, “Caramuru” (1781), de Frei Santa Rita Durão (1722-1784), “I-Juca Pirama”, de Gonçalves Dias (1823-1864) e “A Cachoeira de Paulo Afonso” (1876), de Castro Alves (1847-1871), juntos compondo uma alegoria da formação da pátria.
1. COSTA, Angyone. A inquietação das abelhas. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello & Cia., 1927. p. 41.
2. COSTA, Angyone, op. cit., p. 35-43.
3. A obra foi encomendada pelo Clube Militar do Rio de Janeiro, cujas regras para o concurso estabeleciam a escolha de um artista adepto das ideias florianistas. In: DUQUE, Gonzaga. Contemporâneos: pintores e esculptores. Rio de Janeiro: Benedicto de Souza, 1929. p. 197-206.
Reprodução Fotográfica Cesar Barreto
Reprodução Fotográfica Cesar Barreto
Reprodução Fotográfica Cesar Barreto
Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução Fotográfica Cesar Barreto
Academia Imperial de Belas Artes (Aiba)
Fundação Bienal de São Paulo
Fundação Edson Queiroz
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