Título da obra: Samba do Véio

Yamandu Costa (Passo Fundo, Rio Grande do Sul, 1980). Violonista, compositor, arranjador. Especialista em violão de sete cordas, Yamandu Costa constrói composições e releituras de composições clássicas da música latino-americana explorando as possibilidades do instrumento, na mistura de diferentes ritmos com base no improviso e na performance.
Além dos discos que escuta na infância, seu pai, Algacir Costa, violonista, trompetista e professor de música, e sua mãe, a cantora Clari Marson, são os responsáveis pelo seu interesse pela música e pelas primeiras aulas de violão. Ainda criança, no Rio Grande do Sul, participa de programas de rádio. Tem aulas de violão dos 7 aos 15 anos, mesmo período em que acompanha o grupo Os Fronteiriços, de seu pai. Depois, tem aulas com o violonista argentino Lúcio Yanel (1946). Aprende a tocar violão de seis, sete - no qual se especializa e oito cordas.
Yamandu transita entre diferentes estilos como choro e música clássica, mas também traz em seu repertório ritmos tradicionais gaúchos aprendidos em seu local de origem, como milongas e chamamés, além de estilos latinos, como o tango. Em 1999, grava o disco independente Diamandu, que inclui no repertório “Samba do Avião”, de Tom Jobim (1927-1994), e “Lamento do Morro”, de Garoto (1915-1955). Em 2001, lança o disco Dois Tempos, com Lúcio Yanel. No mesmo ano, ganha projeção nacional com seu primeiro álbum solo, Yamandu. Além de composições próprias, como “Chamamé”, “Cristal” e “Habanera”, Yamandu faz releituras de temas como "Brejeir", de Ernesto Nazareth (1863-1934), e “Flamengo”, de Bonfiglio de Oliveira (1891-1940).
As influências latinas aparecem em diversos de seus trabalhos. O disco em que elas sobressaem é El Negro del Blanco (2004), ao lado do clarinetista Paulo Moura (1932-2010). Neste trabalho, são registrados temas como “Duerme Negrito” (Atahualpa Yupanqui), “La Paloma” (Sebastian Yradier) e “Valsa Venezuelana nº 3” (Antônio Lauro). Em 2003, lança Yamandu ao Vivo, com apenas dois temas seus: “Samba Meu” e “Tareco nº 1”, em parceria com Rogério Souza.
Com projeção internacional, realiza concertos e grava alguns álbuns em estúdios estrangeiros. Entre eles Tokio Session, Ida e Volta, Lida (2006), gravado no Brasil, mas com algumas faixas tiradas de apresentação no Melbourne Jazz Festival e em 2007, é solista convidado da Orchestre National de France, com regência de Kurt Masur (1927-2015), no concerto da Anistia Internacional, em Paris.
Com amplo domínio técnico sobre o violão de sete cordas, desde seu surgimento ele é comparado com o violonista carioca Raphael Rabello (1962-1995). Assim como Rabello, é discípulo da mesma linhagem de Dino Sete Cordas, Meira e Baden Powell (1937-2000), condensando estilos e linguagens de cada um deles. Além da influência desses músicos, Costa imprime identidade própria na forma de tocar, como é mostrado nos arranjos feitos em diferentes discos para as músicas “Sons de Carrilhões”, de João Pernambuco (1883-1947), “Lamentos do Morro”, de Garoto, “Meu Avô”, de Raphael Rabello e “Manhã de Carnaval”, de Luiz Bonfá (1922-2001). Yamandu usa o violão de sete cordas para renovar, através de releituras, clássicos da música latina-americana.
Além do virtuosismo e domínio técnico no instrumento, Costa é criticado pelo excesso, marcado por andamentos muito acelerados e grande quantidade de notas, soando, para alguns, com pouco brilho e nitidez. No decorrer dos anos, passa a equilibrar momentos de virtuose com outros mais contidos e equilibrados, colocando a música também a serviço do sentimento e da emoção. Nesse sentido, nota-se um amadurecimento principalmente em trabalhos em duo, com Paulo Moura, Dominguinhos (1941-2013), Hamilton de Holanda (1976) e Valter Costa. Nos discos registrados com esses músicos, aprende a dosar momentos em que ganha destaque como solista com outros em que atua como acompanhante, tocando com equilíbrio e fazendo caminhos harmônicos e linhas de baixo muito originais, criativos e complementares às melodias e aos improvisos de seus parceiros.
Como compositor, Yamandu Costa realiza uma obra pensada para uma linguagem violonística, mas também escreve temas para outros instrumentos, como “Samba do Véio”, “Cochichado” e “Luz da Aurora”, feitos em parceria com Hamilton de Holanda. As composições são reflexo de seu aprendizado como instrumentista. Ele não se limita a interpretar obras de apenas um gênero compondo em diferentes estilos, como o “Choro pro Gago”, o “Samba pro Rapha”, ritmos tradicionais gaúchos como “Chamamé” e latinos como “Habanera”. Também compõe a “Suíte Interiores para Violão de 7 Cordas”, “Bandolim de 10 Cordas” e “Orquestra”, escrita pelo violonista em parceria com Hamilton de Holanda, com orquestração do violonista Paulo Aragão, em encomenda feita pelo maestro Roberto Minczuk, com estreia em 2011, em concerto com a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB).
Yamandu Costa trabalha renovando a música popular brasileira e latino-americana através do improviso e da exploração do violão de sete cordas, levando mais em consideração a possibilidades do instrumento e a performance do que as exigências de uma interpretação fiel à composição.
Yamandu Costa - Série Encontra - Arte 1 (2019)
Yamandu Costa, violonista, apresenta seus instrumentos com carinho, dos mais antigos até o adquirido mais recentemente. Lembra do deslumbramento ao ver os violões de seu pai – em que não podia encostar –, fala sobre seu próprio processo criativo e como a casa em que mora foi pensada para receber sua produção artística e os amigos, com o mesmo aconchego. Lembra, também, o que sentiu ao saber da composição de Gilberto Gil em sua homenagem, o desejo de retribuir com outra música e a afetividade com seus gatos.
A Enciclopédia Itaú Cultural apresenta a série Encontra, produzida pelo canal Arte 1. Em um bate-papo com Gisele Kato, o público é convidado a entrar nas casas e ateliês dos artistas, conhecendo um pouco mais sobre os bastidores de sua produção.
Créditos
Presidente: Milú Villela
Diretor-superintendente: Eduardo Saron
Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki
Núcleo de Enciclopédia
Gerente: Tânia Rodrigues
Coordenação: Glaucy Tudda
Núcleo de Audiovisual e Literatura
Gerente: Claudiney Ferreira
Coordenação: Kety Nassar
Arte 1
Direção: Gisele Kato/ Ricardo Sêco
Produção: Yuri Teixeira
Edição: Patrícia Sato
Auditório Ibirapuera - Oscar Niemeyer
Itaú Cultural
Itaú Cultural
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