Artigo sobre Romeu e Julieta

Registro fotográfico Marcus Leoni
Clarisse Abujamra Mattos (São Paulo, São Paulo, 1948). Bailarina, atriz, coreógrafa, professora, diretora de teatro, tradutora e escritora. Atua especialmente nas artes cênicas e tem importante papel na criação de espetáculos de dança-teatro no Brasil.
Inicia aulas de dança aos quatro anos, estimulada pela mãe. Aos 16, estuda dança moderna com professores como Paul Taylor (1930) e Alvin Ailey (1931-1989). Em 1966, faz aulas na escola de Martha Graham (1894-1991), em Nova York. De volta ao Brasil, em 1967, faz aulas com Marika Gidali (1937) e Ismael Guiser (1927-2008) e ministra aulas sobre a técnica de Graham. A dança está presente no início de sua trajetória teatral, quando trabalha como coreógrafa para teatro. É, ao lado de coreógrafas como Marilena Ansaldi (1934) e Marika Gidali, uma das precursoras de espetáculos de dança-teatro no Brasil. Em 1968, faz aulas de interpretação com Eugênio Kusnet (1898-1975), tendo como incentivador seu tio, o ator e diretor Antônio Abujamra (1932).
O trabalho de Clarisse como atriz transita entre o cinema, o teatro e a televisão. Sua estreia no cinema acontece em As Amorosas (1968), dirigido por Walter Hugo Khouri (1929-2003). De 1969 a 1980, em São Paulo, ministra aulas de dança moderna para crianças e adultos. De 1972 a 1980, frequenta aulas de Ricardo Ordoñez, Liliane Benevento e Décio Otero (1951), no Ballet Stagium.
Mais tarde, migra para o teatro. Sua primeira atuação ocorre na peça Papai, Pobre Papai, Mamãe te Dependurou no Armário e Eu Fiquei tão Tristinho, em 1971, dirigida por Roberto Vignati (1941). Atua na novela O Machão (1974), na TV Tupi, e participa de novelas e séries em outras emissoras, como Rede Globo e SBT.
Em São Paulo, inaugura seu estúdio em 1980, o Dança-Clarisse Abujamra, que ensina dança moderna. Na televisão, apresenta o programa É Proibido Colar (1981-1983), ao lado de Antonio Fagundes (1949), voltado ao público adolescente, na TV Cultura. Viaja novamente para Nova York, em 1982, para ter aulas com Jennifer Muller (1944). Assume a função de professora de dança moderna no Balé da Cidade de São Paulo, em 1983. Cria, em maio de 1984, a companhia Teatro Brasileiro de Dança (TBD), com o ator, diretor e coreógrafo Val Folly. Nos dez anos de existência da companhia, apresenta criações voltadas ao público infantil, como o premiado CrianDança (1986), dirigido e coreografado por Abujamra.
Ainda na década de 1980, atua em importantes peças, como Morte Acidental de um Anarquista, de Dario Fo (1926), com direção de Antônio Abujamra; Agnes de Deus, com direção de Jorge Takla (1951); e Carmen com Filtro (1986), com texto e direção de Gerald Thomas (1954).
De volta ao cinema, atua em Anjos do Arrabalde (1987), de Carlos Reichenbach (1945-2012), pelo qual recebe o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, como melhor atriz. Na década seguinte, atua em importantes títulos da teledramaturgia, como Ossos do Barão e Éramos Seis. No campo da literatura, publica o livro Ações do Senso (1995), no qual conta sua experiência como professora de dança.
Clarisse trabalha com a diretora Laís Bodanzky (1969), em 2007, atuando em seu filme Chega de Saudade e, dez anos depois, em Como nossos pais, no qual interpreta Clarice, uma intelectual, mãe da protagonista Rosa [Maria Ribeiro (1975)] e personagem responsável por romper estereótipos sobre conflitos geracionais. Pela atuação, Clarisse recebe o Kikito de melhor atriz coadjuvante, no Festival de Cinema de Gramado, em 2017. No ano seguinte, repete a premiação no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.
Em meio a seus trabalhos cênicos, volta à literatura publicando as ficções Excesso (2005) e Na Artério (2009). Ainda no campo literário, Clarisse tem trabalhos de tradução de textos teatrais, como Love letters on Blue Paper, do dramaturgo inglês Arnold Wesker (1932-2016), e Les Marchands, do francês Joël Pommerat (1964).
Clarisse Abujamra transita entre diferentes manifestações do corpo, através das artes cênicas, e amplia sua trajetória para outras narrativas, pelo cinema e pela literatura. Sua trajetória no palco contribuiu para a constituição da dança-teatro no Brasil, promovendo o encontro entre formas de expressão das artes.
Clarisse Abujamra – Série Cada Voz (2019)
Clarisse Abujamra fala sobre coragem e amor enquanto percorre as diversas formas de mover o público com a arte, seja como bailarina, coreógrafa, atriz ou diretora.
A Enciclopédia Itaú Cultural produz a série Cada Voz, em que personalidades da arte e cultura brasileiras são entrevistadas pelo fotógrafo Marcus Leoni. A série incorpora aspectos de suas trajetórias profissionais e pessoais, trazendo ao público um olhar próximo e sensível dos artistas.
Créditos
Presidente: Milú Villela
Diretor-superintendente: Eduardo Saron
Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki
Núcleo de Enciclopédia
Gerente: Tânia Rodrigues
Coordenação: Glaucy Tudda
Produção de conteúdo: Camila Nader
Núcleo de Audiovisual e Literatura
Gerente: Claudiney Ferreira
Coordenação: Kety Nassar
Produção audiovisual: Letícia Santos
Edição de conteúdo acessível: Richner Allan
Direção, edição e fotografia: Marcus Leoni
Assistência e montagem: Renata Willig
Teatro Maria Della Costa
Teatro Paiol
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