Artigo sobre Horaceos e Curiaceos

Biografia
Colmar Verçosa Mangueira (Recife PE 1940). Cenógrafo e figurinista. Atravessando três décadas de teatro, Colmar Diniz trabalha em produções representativas do período, trabalhando, com os diretores Amir Haddad, Cecil Thiré, João Bethencourt e Aderbal Freire Filho, entre outros.
Formado em sociologia, especializa-se em direito sindical quando a ditadura militar interrompe o curso e o trabalho de campo que realiza no interior do Rio Grande do Norte. Em Santa Cruz, a 140 quilômetros de Natal, Diniz desenha e executa seu primeiro figurino, para um grupo que iria montar Hécuba em um canavial. Em 1966, funda, com Ney Matogrosso e José Carlos Reis, o Ateliê Três, especializado na execução de cenários e figurinos. Com o êxito da iniciativa, começa a investir em sua formação profissional. Como não há cursos técnicos na época, ele trabalha durante três anos como assistente de profissionais da área: de Sara Feres, em São Paulo; de Marcos Flaksman - Alice no País Divino-Maravilhoso, de Sidney Miller, Paulo Afonso Grisolli, Tite de Lemos, Luiz Carlos Maciel e Marcos Flaksman, com direção de Grisolli, 1970 - e de Vergara - Jornada de um Imbecil até o Entendimento, de Plínio Marcos, 1968, no Rio de Janeiro. Ao lado de Joel de Carvalho, no grupo A Comunidade, assina seus primeiros trabalhos: A Construção, de Altimar Pimentel, 1969, e Depois do Corpo, de Almir Amorim, 1970, ambos sob a direção de Amir Haddad. Divergindo de uma tendência que começa a se consolidar no mercado teatral da época, Colmar Diniz não faz desenhos apenas a partir do texto e das idéias do diretor, mas segundo observações do trabalho diário na sala de ensaio. Em entrevista a Flávio Marinho, ele explica sua preferência:
"Faço o desenho durante os ensaios, tanto do cenário quanto dos figurinos. Sou um cenógrafo tradicional mesmo. (...) Eu sou daquele tipo que vai à Rua da Alfândega ou ao interior do Rio ver um pedaço de pano de circo para, talvez, usá-lo no cenário. Odeio essa história de alguém me trazer amostra; faço pesquisa de campo, no campo".1
Contrário a qualquer formação de grife autoral, ele se considera um profissional sempre a serviço da obra a ser apresentada. Detalhista, Diniz se destaca pelo talento de trabalhar com materiais diversos, compondo-os, incorporando-os tanto ao cenário quanto aos figurinos. O cenário de Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, inspirado em Picasso, é feito com pedaços de madeira emendados, selecionados um a um.
Trabalhando também em cinema e televisão, o cenógrafo declara: "Eu gosto mesmo é de teatro por causa do estímulo do texto, da palavra. É isto que me atrai. Eu posso dizer que sou uma 'pessoa de teatro', já que passei grande parte da minha vida dentro de uma caixa cênica. Se eu estivesse transtornado da vida, por exemplo, bastaria eu ir para o palco e eu ficaria bem. Lá eu me sinto em casa".2
Na década de 70, trabalha regularmente, sem deixar de realizar, no mínimo, três montagens por ano. Entre os espetáculos desse período, se destacam: Bordel da Salvação: o Refém, de Bredan Behan, 1972, no Grupo Opinião; Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá, de Fernando Mello, 1973; A Gaiola das Loucas, de Jean Poiret, 1974; Noite dos Campeões, de Jason Miller, direção de Cecil Thiré, 1975; Os Filhos de Kennedy, de Robert Patrick, dirigido pelo ator Sergio Britto, 1976; Entre Quatro Paredes (Huis Clos), de Jean-Paul Sartre, 1977; Arte Final, de Carlos Queiroz Telles, Prêmio Molière de melhor cenário e figurino, em 1978; entre outros. Nessa época, os diretores com quem trabalha com mais freqüência são Cecil Thiré e João Bethencourt.
Na década de 80, assina, entre os espetáculos de maior destaque, os cenários de: Dom Quixote de la Pança, 1980, outro Prêmio Molière; Moço em Estado de Sítio, de Oduvaldo Vianna Filho, 1981; Os Desinibidos, de Roberto Athayde, 1983; O Mistério de Irma Vap, de Charles Ludlam, 1986. Trabalha com freqüência sob a direção de Aderbal Freire Filho. A partir de meados dessa década, seu ritmo de produção diminui consideravelmente.
Na década de 90, assina os cenários de Capital Estrangeiro, de Sílvio Abreu, 1994; Estamos Aí, de Flávio Marinho, 1994; Jango, uma Tragédia, de Glauber Rocha, 1996; A Ópera das 4 Notas, de Tom Johnson, 1996. Em 1997, vai para Lisboa, onde trabalha em uma adaptação de A Menina de Lá, de Guimarães Rosa, com direção de José Caldas. No mesmo ano, trabalha em Brasileiro, Profissão Esperança, musical com textos de Paulo Pontes, Antônio Maria e Dolores Duran, sob a direção de Bibi Ferreira. Em 1998, volta a trabalhar com Aderbal Freire Filho em um texto do próprio diretor, Xambudo; assina também Tropicália 1968/1998, de Capinam e Torquato Neto.
Notas
1. MARINHO, Flavio. Colmar Diniz, vida de cenógrafo. O Globo, Rio de Janeiro, p. 31, 12 nov. 1980.
2. LAPORT, Cintia. Colmar Diniz, mais de 30 anos dedicados ao teatro. Revista Luz & Cena, São Paulo, n. 34, out. 2001.
Teatro Nacional de Comédia (TNC)
Teatro Nacional de Comédia (TNC)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro, RJ)
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: