Artigo sobre Urbis (1997 : São Paulo, SP)

Jurandir Müller (São Paulo, São Paulo, 1960). Artista multimídia, documentarista, roteirista, produtor e diretor de cinema e vídeo. Artista de várias técnicas e linguagens, Müller realiza projetos para diferentes suportes e mídias, com maior atuação em audiovisuais e multimídias.
Cria a Paleo TV, que dirige com Kiko Goifman (1968), produtora voltada para projetos culturais nas áreas de cinema, vídeo, videoinstalação e webartE. A produção é fértil com trabalhos como a série Paisagens Urbanas, o documentário O Pintor, sobre Iberê Camargo (1914-1994), Arte Cidade e A Poética de Philadelpho Menezes (2001).
Seus trabalhos são expostos em mostras coletivas, como a 24a Bienal de São Paulo (1998), a Bienal de Lima (2000), Peru, e a 7ª Bienal do Mercosul (2009), Porto Alegre.
Produz videoinstalações e o premiado CD-ROM Valetes em Slow Motion (1998), que recebe o Grande Prêmio Mobius, Paris, e pertence ao acervo do Centre Georges Pompidou, também em Paris.
Participa, em parceria com Kiko Goifman, da 24ª e 25ª Bienal Internacional de São Paulo, com os trabalhos Jacks in Slow Motion: Experience 02 (1998) e Cronofagia, respectivamente, integrando o núcleo de webarte.
Nos anos 2000, dirige os documentários em vídeo Olhos Pasmados (2000), documentário experimental do qual assina o roteiro, A Poética de Philadelpho Menezes (2001), Coletor de Imagens (2002), Cronofagia (2002) e Morte Densa (2001).
Entre os trabalhos que desenvolve como artista, em dupla com Kiko Goifman, destacam-se: a videoinstalação Morte Densa, apresentada na Fundação Clóvis Salgado, Palácio das Artes, Belo Horizonte, 2001, e no Sesc Pompéia, São Paulo, dentro da Mostra Território Expandido 3, 2001; Aurora, na Mostra Rede de Tensão, no Paço das Artes, São Paulo, 2001 e Jacks 02, apresentado na Bienal de Artes Visuais do Mercosul de 2009.
Em 2013 e 2014 dirige o Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, ao lado de Francisco César Filho (1958).
Nos anos 1990 e 2000, a parceria com Kiko Goifman resulta em uma produção com lugar cativo em festivais e mostras, com vários prêmios conquistados. Do interior paulista a Paris, seus trabalhos são vistos em diversas cidades brasileiras e no exterior, em eventos como Pacific Film Archive, Estados Unidos, VideoBrasil – Festival Internacional de Arte Eletrônica, Território Expandido, além da Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
Com desenvoltura na linguagem videográfica, seus trabalhos adquirem caráter experimental em roteiros originais e direção. Tendo o tempo, a narrativa e as imagens como matéria-prima, faz misturas e se lança para além da linearidade, alcançando os hipertextos digitais multimídias e a Internet, nas produções de websites interativos.
Com temas polêmicos, suas obras discorrem sobre presidiários, violência, morte, velhice, prostitutas. Também percorre as poéticas das formas, das letras e cores, em documentários sobre arquitetura, poetas e artistas plásticos.
Da tela única às várias projeções do multimídia Urbis (1997), apresentado no Itaú Cultural, faz uma reflexão visual sobre os espaços de memória e da arquitetura da Avenida Paulista em seus reflexos. No mesmo ano, Urbis é título também de um vídeo experimental, com as sobreposições e reflexões (visuais e cognitivas) da contemporaneidade das cidades.
Valetes em Slow Motion, de Kiko Goifman e Jurandir Müller, marca a produção brasileira da arte digital, hipertextual, multimídia, tendo a prisão como tema. Textos, sons e imagens abordam o contexto de violência, conflito, promiscuidade, religiosidade e morte deste CD-ROM, premiado em Paris. Os dois artistas desdobram o trabalho em Jacks in Slow Motion: Experience 02, um site que usa a telemática para conectar o público da 24ª Bienal Internacional de São Paulo ao presídio do Carandiru.
Estas tensões temáticas prevalecem também como recurso poético de linguagem, tratado como arte e design. Em Morte Densa, trabalho que é, simultaneamente, um site e uma videoinstalação, em que assassinos de uma só vítima são o tema. As articulações de sentido criadas nos vários suportes refletem a construção do enunciado pelos fragmentos das condições materiais de sua apresentação. A obra torna-se documentário no ano seguinte (2001).
Os documentários que dirige, pautados na pesquisa e com foco no enunciado, conduzem a trabalhos descritivos, como ocorre em A Poética de Philadelpho Menezes, com base no roteiro de Christine Mello (1966).
O traço primordial de Müller reside na apresentação dos enunciados, com ênfase na função poética. As várias técnicas e mídias testam limites e tentam ultrapassá-los. É o de Cronofagia, em parceria com Kiko Goifman, que tematiza o tempo na rede e seus processos de destruição e efemeridade.
Como produtor, roteirista, diretor e artista, Jurandir Müller trabalha as tramas da linguagem e da técnica, combustível para suas incursões criativas. Dedica-se também a produção e direção de eventos, como quando compõe a dupla de direção do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo. Os trabalhos coletivos também se destacam em sua produção, que é assinada, em sua maioria, em conjunto, tendo Kiko Goifman como o principal parceiro.
Fundação Bienal de São Paulo
Paço das Artes
Casa das Rosas
Instituto Cine Cultural (São Paulo, SP)
Instituto Tomie Ohtake
Instituto Tomie Ohtake
Paço das Artes
Santander Cultural (Porto Alegre, RS)
Galeria Olido (São Paulo, SP)
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