Título da obra: Nelson Xavier (Vado) em cena de Navalha na Carne


Registro fotográfico autoria desconhecida
Nelson Xavier (Vado) em cena de Navalha na Carne
,
1967
Registro fotográfico autoria desconhecida
Nelson Agostini Xavier (São Paulo, São Paulo, 1941 - Uberlândia, Minas Gerais, 2017). Ator, autor e diretor. Participante do Teatro de Arena, dos Seminários de Dramaturgia, do Movimento de Cultura Popular de Recife, Nelson Xavier se destaca como ator nas encenações dos textos de Plínio Marcos (1935-1999) na década de 1960.
Forma-se em 1957, em São Paulo, pela Escola de Arte Dramática (EAD). Começa sua trajetória como crítico da revista Visão, em que publica, em 1958, intitulada Um Italiano Leva o Morro ao Teatro, sobre Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006). Faz sua estreia profissional como ator nessa mesma peça, numa remontagem para excursão do Teatro de Arena. Desde o seu ingresso no Arena torna-se uma das lideranças do grupo, participando ativamente do núcleo fundador do Seminário de Dramaturgia, ao qual submete o primeiro texto de sua autoria, O Quarto e a Casa, que permanece inédito.
Em 1959, cria o papel de Maranhão em Chapetuba Futebol Clube, de Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974), e é assistente de direção de Augusto Boal (1931-2009) em Gente como a Gente, de Roberto Freire (1927-2008). Pelo seu trabalho em Revolução na América do Sul, 1960, de Augusto Boal, ganha o prêmio Governador do Estado de São Paulo de melhor ator coadjuvante. Atua em O Testamento do Cangaceiro, 1961, de Chico de Assis (1933-2015). Em 1962, participa em Recife das atividades do Movimento de Cultura Popular (MCP), para o qual realiza sua primeira direção, com Julgamento em Novo Sol, cria um seminário de dramaturgia, e dedica-se à pesquisa e realização de teatro didático em cursos de alfabetização, debates comunitários e comícios políticos.
Em 1964, dirige, sem repercussão, Saravá, de Sérgio Jockyman, para o Grupo Decisão. Em 1965, no Rio de Janeiro, está no elenco da bem-sucedida montagem original, dirigida por Ziembinski (1908-1978), de Toda Nudez Será Castigada, de Nelson Rodrigues (1912-1980). A consagração do ator vem com dois desempenhos que contribuem para o impacto da revelação do autor Plínio Marcos: em Dois Perdidos Numa Noite Suja, em 1967, onde é também produtor, e em Navalha na Carne, em 1968, ao lado de Tônia Carrero (1922), ambos com direção de Fauzi Arap (1938-2013). Nesses dois trabalhos delineia-se com clareza uma linha pessoal de representação, levando-o adaptar as duas peças para o cinema, onde também atua dirigido por Bráz Chediak (1942).
Recebe o Prêmio Anchieta de Dramaturgia como autor de O Segredo do Velho Mudo, 1970, obra que impressiona ao abordar, sincera e sensivelmente, os conflitos éticos dos jovens da então chamada esquerda festiva, encenada em 1974 por Cecil Thiré (1943). Em 1976, depois de atuar em Síndica, Qual é a Tua? de Luiz Carlos Góes (1945-2014), vê ir à cena o seu texto Trivial Simples, que analisa, através de um mergulho no subconsciente, o vazio moral e existencial de um casal de classe média, mais uma vez premiado. O espetáculo, que marca a estreia do cineasta Ruy Guerra (1931) como diretor teatral, enfrenta problemas com a Censura e acaba retirado de cartaz. Em 1981 dirige À Moda da Casa, de Flávio Márcio (1945-1979).
A partir dos anos 1980 dedica-se à televisão e ao cinema, onde realiza trabalhos marcantes, sendo premiado como melhor ator no Festival de Brasília no filme O Mágico e o Delegado, 1983, e em Gramado, com O Testamento do Sr. Nepomuceno, 1994. Em 2010, interpreta o protagonista no longa-metragem Chico Xavier - O Filme.
O crítico Yan Michalski (1932-1990) define seu perfil artístico: "Ator eminentemente cerebral - o que não o impede, muito pelo contrário, de criar em cena uma singular poesia - Nelson Xavier é insuperável na criação de personagens inconfundivelmente brasileiros, que tenham a sua tônica na malícia, na malandragem, numa surda e contida violência. Mais do que o teatro, é no cinema - veículo no qual tem desempenhado diversas funções - e na televisão que ele tem ultimamente encontrado espaços mais apropriados para aprofundar a sua linha de atuação. Não obstante, ele é uma figura importante no panorama teatral, inclusive pela lúcida reflexão que exerce sobre o seu próprio trabalho e sobre a atividade dramática como um todo".1
1. MICHALSKI, Yan. Nelson Xavier. In: ___________. PEQUENA Enciclopédia do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.
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