Título da obra: Bicho de Sete Cabeças

Registro fotográfico Marcus Leoni
Laís Bodanzky (São Paulo, São Paulo, 1969). Diretora. O contato entre pessoas ou ideias é o tema central de seus trabalhos. Suas narrativas aproximam espectadores e personagens por meio de dramas universais, sentidos individualmente.
Antes de estudar cinema, tem aulas de atuação e experiências de direção e produção com o diretor Antunes Filho (1929) no Centro de Pesquisa Teatral (CPT). Estuda cinema na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e estreia em direção com o curta Cartão Vermelho (1994). O filme narra a história de Fernanda, menina de 12 anos que joga futebol com os meninos do bairro, em descoberta de seu corpo e sexualidade.
No projeto social Tela Brasil, a diretora viaja o interior do país exibindo filmes, fomentando a indústria cinematográfica e ampliando o acesso dos espectadores às produções nacionais. Muitos brasileiros têm seu primeiro contato com o cinema nessas exibições. As viagens dão origem ao documentário Cine Mambembe – O cinema descobre o Brasil (1998), dirigido em parceria com o roteirista Luis Bolognesi (1966).
Os dramas e conflitos individuais em diferentes momentos da vida são temas recorrentes de Laís. Em 2001, estreia seu primeiro longa-metragem de ficção, Bicho de Sete Cabeças, no qual mantém uma estética documental, herdada de trabalhos anteriores. No longa, o jovem Neto [Rodrigo Santoro (1975)] é internado em uma clínica psiquiátrica pelo pai, com quem vive uma relação conturbada, na tentativa de afastá-lo do uso de drogas. Tido como adolescente problemático, Neto vive o drama do precário e violento sistema manicomial brasileiro e tem que lidar com as sequelas emocionais da experiência. A fotografia realista de Hugo Kovenski, associada à preparação de elenco, garantem a atmosfera documental e fazem o espectador acreditar que os atores são pacientes reais.
Laís também usa o recurso da câmera na mão, aproximando ainda mais o espectador dos personagens e do cenário. O filme é baseado no livro autobiográfico de Austregésilo Carrano (1957), O Canto dos Malditos (1990). Ambos, além de retratos do sistema manicomial brasileiro, tornam-se documentos de denúncia.
Em As Melhores Coisas do Mundo (2010), retorna à questão da adolescência para contar a história de Mano, um jovem da classe média, e de seus colegas de um colégio particular da capital paulistana. O filme não provoca discussões comuns ou apenas relacionadas aos problemas comportamentais da idade. Nele, são tratados temas universais como convivência escolar, pressão pelo sucesso, relações familiares e a descoberta do mundo, ampliadas pelo uso e alcance da internet.
Para a realização do filme e escolha dos atores, a diretora entrevista alunos de escolas de São Paulo. Procura se aproximar do universo juvenil e levar para a tela as demandas e dificuldades reais dele, por meio de um olhar próximo. Tal abordagem é diferente da que outros retratos desta idade se preocupam em fazer.
Em Chega de Saudade (2008), as mulheres estão no centro da história de Laís. O mesmo acontece em Como Nossos Pais (2017) em que Rosa [Maria Ribeiro (1975)] lança luz sobre os conflitos da mulher moderna, que vive a pressão das imposições sociais e familiares. A “super-mulher”, que precisa dar conta de filhas, casa, trabalho e de um casamento em crise sente-se falhando em todas essas tarefas. Tem a vida revirada depois de se separar do marido e descobrir segredos de sua família, que a fazem repensar as escolhas e a construção de sua personalidade.
Por meio da relação conflituosa de Rosa com a mãe, Clarice [Clarisse Abujamra (1948)], e com a filha pré-adolescente, Nara [Sophia Valverde (2005)], Como Nossos Pais quebra o senso comum sobre estereótipos. Narra um ciclo de conflitos geracionais e crises particulares dos personagens, com seus afetos familiares e amorosos, e o lugar de Rosa nessas relações. A protagonista se apresenta mais fechada às relações do que a mãe, invertendo os papéis habituais na tensão sobre as crenças que acompanham diferentes idades.
As obras de Laís Bodanzky traçam um retrato de conflitos, interpessoais e individuais. A diretora é sensível ao tratar de diferentes faixas etárias em seus trabalhos, destacando as questões que envolvem cada uma e rompendo estereótipos.
Laís Bodanzsky – Série Cada Voz (2019)
Lais Bodanzsky fala sobre ser mulher e a importância de resistir e se impor em cenários cotidianos dominados por homens. A carreira profissional, inspirada pelo pai, e a formação no Centro de Pesquisa Teatral (CPT), como atriz, construída sob olhar de Antunes Filho, é dissociada do glamour e sustentada na paixão pelo cinema.
A Enciclopédia Itaú Cultural produz a série Cada Voz, em que personalidades da arte e cultura brasileiras são entrevistadas pelo fotógrafo Marcus Leoni. A série incorpora aspectos de suas trajetórias profissionais e pessoais, trazendo ao público um olhar próximo e sensível dos artistas.
Créditos
Presidente: Milú Villela
Diretor-superintendente: Eduardo Saron
Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki
Núcleo de Enciclopédia
Gerente: Tânia Rodrigues
Coordenação: Glaucy Tudda
Produção de conteúdo: Camila Nader
Núcleo de Audiovisual e Literatura
Gerente: Claudiney Ferreira
Coordenação: Kety Nassar
Produção audiovisual: Letícia Santos
Edição de conteúdo acessível: Richner Allan
Direção, edição e fotografia: Marcus Leoni
Assistência e montagem: Renata Willig
Assistência de fotografia: Rui Dias Monteiro
Laís Bodansky- Série Encontra - Arte 1 (2019)
Laís Bodansky fala sobre suas escolhas de atores, baseada no olhar sobre os personagens, a busca por uma avaliação distanciada de seu trabalho, a experiência no set de filmagem, a conexão com o pai e a experiência com Antunes Filho.
A Enciclopédia Itaú Cultural apresenta a série Encontra, produzida pelo canal Arte 1. Em um bate-papo com Gisele Kato, o público é convidado a entrar nas casas e ateliês dos artistas, conhecendo um pouco mais sobre os bastidores de sua produção.
Créditos
Presidente: Milú Villela
Diretor-superintendente: Eduardo Saron
Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki
Núcleo de Enciclopédia
Gerente: Tânia Rodrigues
Coordenação: Glaucy Tudda
Núcleo de Audiovisual e Literatura
Gerente: Claudiney Ferreira
Coordenação: Kety Nassar
Arte 1
Direção: Gisele Kato/ Ricardo Sêco
Produção: Yuri Teixeira
Edição: Tauana Carlier
Teatro Sesc Anchieta
Teatro do Sesi
Itaú Cultural
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