Artigo sobre Bilitis

Cibele Forjaz Simões (São Paulo, São Paulo, 1966). Diretora e iluminadora. Encenadora paulista integrada às mais inquietas correntes de pesquisa cênica a partir das décadas de 1980 e 1990.
Em sua formação, Cibele passa pelo Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho (1929), e pelo curso de direção teatral da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Seus primeiros trabalhos são realizados com o grupo Barca de Dionisos, do qual é uma das fundadoras, juntamente com o diretor William Pereira (1962).
Projeta-se como encenadora no espetáculo A Paixão Segundo GH, inspirado na obra de Clarice Lispector (1920-1977), levando Marilena Ansaldi (1934) a um brilhante desempenho, em 1989. No ano seguinte, encena O Lamento de Ariadne, de Beatriz Azevedo (1967), ainda pelo grupo Barca de Dionisos. Em 1991, dirige Woyzeck, de Georg Büchner (1813-1837), numa grande instalação cenográfica de Marcos Pedroso, dentro de um estacionamento na Rua Augusta. No mesmo ano, encena Florbela, texto que Alcides Nogueira (1949) extrai da obra poética de Florbela Espanca, destacando Denise Del Vecchio (1951) no papel título.
Em 1994, cria uma ousada versão para Álbum de Família, de Nelson Rodrigues (1912-1980), com o Núcleo de Pesquisa Teatral, grupo de São José dos Campos; voltando em 1997, com o mesmo elenco, à criação de Salve Manoel, Bandeira do Brasil!, baseada em poemas do escritor modernista. Ainda com esse conjunto encena, em 1998, A Vida de Galileu, de Bertolt Brecht (1898-1956), com Renato Borghi (1937) como protagonista.
Sua versão para Toda Nudez Será Castigada, um retorno à obra de Nelson Rodrigues, forma um novo grupo, a Companhia Livre, projetando a atriz Leona Cavalli (1970), em realização de sucesso empreendida em 2000.
Uma versão brasileira para Woyzeck, texto de Georg Büchner, adaptado por Fernando Bonassi (1962), estreia em 2002, no Rio de Janeiro, destacando Matheus Nachtergaele (1968) no desempenho central. Em São Paulo, cria Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams (1911-1983), consolidando Leona Cavalli entre as grandes jovens intérpretes dos últimos anos.
Como light designer sua carreira é pontuada de realizações expressivas. Desde sua estréia em Leonce e Lena, de Georg Büchner, em 1987, Cibele está presente em espetáculos marcantes, tais como Eras - Filoctetes/Horácio/Mauser, de Heiner Müller (1929-1995), direção de Marcio Aurelio (1948); Fica Comigo Essa Noite, de Flávio de Souza (1955), direção de Flávio de Souza; e Ópera Joyce, de Alcides Nogueira, direção de Marcio Aurelio, todas em 1988. No ano seguinte ilumina Essa Valsa é Minha, de William Luce, direção de Marcio Aurelio; O Burguês Fidalgo B, recriação do original de Molière (1622-1673), e Uma Relação Tão Delicada, de Loleh Bellon (1925-1999), ambas direção de William Pereira; Aoi, de Mishima, direção de Antônio Araújo. Nos anos seguintes está, entre outros, em O Amor de Dom Pirlimplim com Belisa em Seu Jardim, de Federico García Lorca (1898-1936), direção de Maria Alice Vergueiro (1935), 1992; I Love Vladímir Maiakóvski e Lili Brik, texto e direção de Beatriz Azevedo; Viagem à Forlí, de Mauro Rasi (1949-2003). A partir de 1993, passa a integrar o Teatro Oficina, responsável pelas criações mais expressivas desde então: Ham-let, de William Shakespeare (1564-1616); Os Mistérios Gozozos, de Oswald de Andrade (1890-1954), 1994; As Bacantes, de Eurípides, 1995; Édipo de Tabas, adaptação de textos de Sêneca e Sófocles, direção de Renato Borghi, pelo Teatro Promíscuo; Para Dar um Fim no Juízo de Deus, de Antonin Artaud, 1996; Ela, de Jean Genet, 1997; Tio Vânia, de Anton Tchekhov, direção de Élcio Nogueira, com o Teatro Promíscuo; As Três Irmãs, de Anton Tchekhov (1860-1904), direção de Bia Lessa (1958); Cacilda!, texto e direção de José Celso Martinez Corrêa (1937), todas em 1998.
Analisando a encenação de Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams, o crítico Alberto Guzik (1944-2010) observa: "Cibele Forjaz e a cenógrafa e figurinista Simone Mina criaram no centro do amplo palco do Sesc Belenzinho uma espécie de gaiola delimitada por fitas elásticas brancas, e ali situaram o drama. O espetáculo é belo, fluente, permeado de um clima de sonho e melancolia acentuado pela música de Cacá Machado e pela luz de Alessandra Domingues, que dialoga com o realismo, mas não se limita a ele. [...] Um Bonde Chamado Desejo confirma o importante papel que a diretora Cibele Forjaz está desempenhando no teatro brasileiro contemporâneo"1.
1 GUZIK, Alberto. 'Bonde' faz do público testemunha da violência. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 8 mar. 2002. Caderno 2.
Espaço Promon. Sala São Luiz
Teatro Sérgio Cardoso
Itaú Cultural
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