Título da obra: Sem Título


Reprodução Fotográfica Wilton Montenegro
Sem Título
,
1995
,
Fernanda Gomes
Reprodução Fotográfica Wilton Montenegro
Maria Fernanda Corrêa Gomes (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1960). Artista visual. Destaca-se por relacionar, em suas obras, luz e espaço, de modo que cada instalação se constitui não só como um objeto de arte, mas, principalmente, como uma experiência única.
Estuda na Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre 1977 e 1978. A partir de 1984, atua como designer de projetos gráficos.
Apresenta sua primeira exposição individual na Galeria Macunaíma (1988), no Rio de Janeiro. A artista realiza suas obras com objetos de uso cotidiano e trabalha constantemente com elementos frágeis e transitórios. São garrafas, fios, papéis de cigarro, jornais, arames, pedras, travesseiros, páginas de livros, etc. que são reunidos, colados ou amarrados para compor as peças e seus significados afetivos, demonstrando que a arte não se separa da vida.
Em uma obra de 1991, por exemplo, Fernanda une duas moedas com fio de seda. Uma vez destituídas de seu valor monetário, é conferido um sentido poético a elas. Em trabalho de 1992, apresenta uma estrutura composta de papéis colados, fios e pregos, a qual, por sua forma, alude a uma ratoeira. Em uma produção de 1993, estende fios por toda a piscina vazia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
É também determinante no trabalho da artista a relação que ela estabelece entre a composição desses objetos e o espaço que essa composição ocupa. Por isso, Fernanda tem como método de trabalho a instalação de um atelier temporário no espaço da exposição, pois é observando esse espaço que ela constrói suas instalações. Esse processo passa, inclusive, por incorporar certas “imperfeições” do espaço, como fez a artista na Bienal de 1994, em São Paulo, ao criar uma escultura a partir de um emaranhado de fitas que prendiam os painéis da exposição.
Essa determinação do espaço fica ainda mais clara ao descobrirmos que Fernanda não gosta de chamar suas obras de instalações, pois, para ela, não podem ser simplesmente recolhidas e reinstaladas em outros espaços, uma vez que produzem sentido justamente na relação com o lugar que ocupam. O curador José Augusto Ribeiro afirma que produzir uma exposição de Fernanda Gomes não implica apenas a reunião de obras, mas envolve o processo meticuloso de criação da artista na ocupação do espaço.
A luz é também um elemento fundamental em seu trabalho, especialmente nas obras em que explora a saturação do branco, mantendo também ampla relação com o espaço expositivo. Ao trabalhar com essa cor, que no senso comum representa a ausência de cor, a artista procura justamente explorar como a luz se materializa no objeto e no espaço que este ocupa. Para ela, o branco representa o vazio e o cheio, e, ao mesmo tempo que “contém” todas as cores, acaba por não manter nenhuma delas, refletindo-as.
Fica, assim, mais fácil compreender a inquietação da artista em chamar suas composições de instalações, pois, para que o espectador compreenda sua obra, ele precisa percorrer o espaço expositivo, meticulosamente pensado, observando a relação entre luz, objeto e espaço. Sua obra só pode ser apreendida enquanto experiência espaço-temporal, e não apenas por meio da observação do objeto.
No fim da década de 1990, Fernanda Gomes consolida-se como uma artista contemporânea de renome internacional, na medida em que sua obra passa a ter repercussão no exterior e é objeto de análise em artigos publicados em periódicos especializados como Art News, Artforum, ArtNexus e Art in America.
Em 2000, recebe o 4º Prêmio Scipione, em Macerata, na Itália. Tem sua obra contemplada em diversas exposições coletivas, como a 35º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), em 2017, e também individuais, como a do Museu Jumeaux, na Cidade do México (2018). O trabalho de Fernanda Gomes também está presente em coleções públicas permanentes de importantes museus e espaços de arte do mundo, como Centre Pompidou, na França, e Tate Collection, em Londres. A artista tem ainda uma retrospectiva de seu trabalho realizada pela Pinacoteca de São Paulo (2019), sob curadoria de José Augusto Ribeiro.
Como se pode notar, em nenhum momento os trabalhos da artista são mencionados pelo nome, pois Fernanda Gomes não nomeia suas obras, nem suas exposições. Para ela, as palavras não são suficientes para o homem expressar tudo o que compreende e deseja, e, nesse sentido, a linguagem visual, entre outras linguagens, seria mais livre e aberta, capaz de suprir as falhas entre os diferentes idiomas.
Sua obra evoca, ao mesmo tempo, uma universalidade, ao refletir sobre questões como luz, cor e forma, e uma territorialidade, na exploração de objetos cotidianos e do espaço expositivo. Fernanda Gomes caracteriza-se, assim, como uma importante representante brasileira no cenário da arte contemporânea mundial.
Reprodução Fotográfica Wilton Montenegro
Reprodução Fotográfica Wilton Montenegro
Reprodução Fotográfica Wilton Montenegro
Registro fotográfico Eduardo Castanho/Itaú Cultural
Fundação Nacional de Artes. Centro de Artes
Galeria Macunaíma
Galeria 110 Arte Contemporânea (Rio de Janeiro, RJ)
Arco Arte Contemporânea Galeria Bruno Musatti (São Paulo, SP)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Centro Cultural São Paulo (CCSP)
Centro Cultural São Paulo (CCSP)
Galeria 110 Arte Contemporânea (Rio de Janeiro, RJ)
Fundição Progresso (Rio de Janeiro, RJ)
Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Galerie 1900-2000 (Paris, França)
Biblioteca Nazionale Braidense (Milão, Itália)
Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Espaço Cultural Sérgio Porto
Biblioteca Nationale Centrale di Firenze
Parque Ferial Juan Carlos I
Fundação Bienal de São Paulo
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