Título da obra: Performance com Bandagem Cirúrgica


Registro fotográfico Davi Geiger
Mapa Mudo
,
1979
,
Ivens Machado
Reprodução fotográfica Vicente de Mello
Biografia
Ivens Olinto Machado (Florianópolis, SC, 1942 - Rio de Janeiro, RJ, 2015). Escultor, gravador e pintor. Estuda gravura na Escolinha de Arte do Brasil (EAB), no Rio de Janeiro. É aluno de Anna Bella Geiger (1933). No início da década de 1970, realiza obras em papel, utilizando materiais como folhas pautadas ou quadriculadas, nas quais realiza interferências. Em 1974, faz sua primeira exposição individual na Central de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro. É premiado em 1973 no 5º Salão de Verão do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), com a instalação Cerimônia em Três Tempos. Destaca-se em seu trabalho o uso frequente de materiais de arquitetura como ferro, concreto e argila. Em suas obras apresenta formas brutas e superfícies irregulares, que evocam o acabamento rústico das casas pobres. Outras peças aludem ao universo sexual, por suas formas que permitem associações com o corpo humano. Esses trabalhos, realizados em cimento, contém fragmentos de telhas coloniais em sua superfície. A obra de Ivens Machado abre-se a reflexões acerca da memória social e histórica, por meio de suas formas e materiais.
Comentário Crítico
Ivens Machado, no início da década de 1970, realiza obras em papel utilizando materiais como folhas e cadernos pautados ou quadriculados, nos quais realiza interferências, como na série Fluidos Corretores (1974). Em um primeiro olhar, os desenhos reproduzem fielmente as pautas de um caderno. Porém o observador mais atento percebe que as linhas mudam repentinamente de direção, se partem ou se mantêm presas. Como nota o crítico Fernando Cocchiarale, à lógica do poder desse espaço marcado para o aprendizado o artista impõe uma outra lógica. Essas páginas de caderno jamais serão escritas. As linhas interrompidas, deslocadas de seu contexto habitual, pertencem ao campo da arte.
A década seguinte é marcada por um maior envolvimento do artista com a escultura. A obra Mapa Mudo (1979) é um mapa do Brasil feito com cacos de vidro verde cravados sobre cimento. Realizada durante a ditadura militar, a imagem evoca ao mesmo tempo as exuberantes florestas brasileiras e os muros das residências bem protegidas, sendo também um símbolo das fronteiras sociais e políticas no país. Na opinião do crítico Agnaldo Farias, a obra de Ivens Machado posiciona-se contra um projeto que se despreocupa da definição de propósitos e da função da arte - é uma arte que quer significar. Com a série de objetos de cimento e cacos de vidro, Machado opõe-se a um projeto de arte tátil, criando objetos que impedem qualquer contato por parte do observador.
Em sua produção Ivens Machado parte, portanto, de elementos sem relação harmônica entre si, utilizando muitas vezes materiais da construção civil. Trabalha com formas brutas e superfícies irregulares, geralmente de cimento, em que são encravados outros materiais como azulejo, vergalhão de aço, madeira ou telha de cerâmica. Utiliza como valores cromáticos as tonalidades originais dos materiais, como o vidro verde ou as telhas de cerâmica; algumas vezes usa pigmentos como o pó xadrez. Destaca-se em sua produção a conotação sexual de algumas de suas obras associada à brutalidade dos materiais - o resultado varia do humor à agressão.
Já em esculturas como Trambolhos e Muruduns (1985), o artista recupera estruturas e cores que lembram também o artesanato popular e a precariedade das habitações pobres. Suas esculturas causam estranheza, por sugerir objetos identificáveis, formas da natureza ou fragmentos do corpo humano e fazer referência a objetos de culturas primitivas. Em obras expostas em 1988, os objetos lembram cadeiras ou outros móveis, porém são esquisitos e incômodos ao olhar.
O artista de alguma maneira reorganiza os códigos da escultura convencional - trabalha ainda com questões como volume e massa -, e se torna um dos principais representantes de sua geração.
Registro fotográfico Davi Geiger
Reprodução fotográfica Vicente de Mello
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Registro fotográfico Sérgio Guerini/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica Roberta Coelho
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Roberta Coelho
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Registro fotográfico Sérgio Guerini/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica Massimiliano Ruta
Registro fotográfico Sérgio Guerini/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Kadu Niemeyer
Reprodução fotográfica Kadu Niemeyer
Convento de Nossa Senhora do Carmo. Igreja (Salvador, BA)
Galeria Ibeu Copacabana
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Fundação Bienal de São Paulo
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
The Institute of Contemporary Art (Pennsylvania)
Wadsworth Atheneum Museum of Art (Hartford, Estados Unidos)
Contemporary Arts Center (Cincinnati, Estados Unidos)
Galeria Maison de France (Rio de Janeiro, RJ)
Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_)
Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Galleria Il Canale (Veneza, Itália)
Galeria Saramenha (Rio de Janeiro, RJ)
Fundação Bienal de São Paulo
Fundação Bienal de São Paulo
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