Título da obra: Composição VI: distribuição rítmica sobre um sistema modulado


Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Pluriobjeto A6
,
1988
,
Willys de Castro
Reprodução fotográfica André Spinola e Castro
Biografia
Willys de Castro (Uberlândia MG 1926 - São Paulo SP 1988). Pintor, gravador, desenhista, cenógrafo, figurinista, artista gráfico. Muda-se para São Paulo em 1941, onde estuda desenho com André Fort. Entre 1944 e 1945, trabalha como desenhista técnico e, em 1948, forma-se em química. Em 1950, inicia estágio em artes gráficas e realiza suas primeiras pinturas e desenhos abstrato-geométricos. No ano de 1953, passa a executar obras de cunho construtivista. No ano seguinte, funda com Hércules Barsotti (1914) um estúdio de projetos gráficos e participa do movimento Ars Nova, realizando poemas concreto-visuais apresentados no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC. É co-fundador da revista Teatro Brasileiro, em 1955. Faz cenários, figurinos e peças para o Teatro de Arena e o Teatro Cultura Artística. Em 1957, recebe prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais e trabalha como conselheiro-técnico da revista Vértice. Em 1958, viaja a estudo para a Europa e, no ano seguinte, ao voltar une-se ao Grupo Neoconcreto do Rio de Janeiro, ao lado de Hércules Barsotti, Ferreira Gullar (1930), Franz Weissmann (1911 - 2005), Lygia Clark (1920 - 1988), entre outros. Entre 1959 e 1962, realiza a série Objetos Ativos, trabalhos que exploram o plano e o volume como elementos plásticos, questionando a utilização da tela enquanto suporte da linguagem pictórica. No início dos anos 1960, integra o Conselho Artístico da Galeria de Artes das Folhas e a Association Internationale des Arts Plastiques da Unesco, em Paris. É co-fundador e membro da Associação Brasileira de Desenho Industrial - ABDI e do Grupo Novas Tendências. De 1966 a 1967, projeta estampas para tecidos voltados a produção industrial. Na década de 1980, inicia pesquisa de construções em madeira, metal, inox e outros materiais, com efeitos de cor e movimento, os Pluriobjetos.
Comentário Crítico
Willys de Castro realiza suas primeiras pinturas no fim da década de 1940 e, a partir de 1950, trabalha com abstração geométrica. Em 1954, funda com o artista Hércules Barsotti (1914) o Estúdio de Projetos Gráficos, no qual trabalha até 1964. Dedica-se à programação visual e a projetos de padronagens para tecidos. Nas décadas de 1950 e 1960 trabalha também na confecção de cenários e figurinos para teatro. A produção do artista, na segunda metade da década de 1950, relaciona-se à dos artistas do movimento concreto. Denomina suas obras simplesmente de Pinturas, numerando-as ou indicando tratar-se de segunda ou terceira versão. Trabalha com um número deliberadamente restrito de questões: equilíbrio, tensionamento e instabilidade.
A obra Desintegração 5 (s.d.) apresenta uma estrutura formada por triângulos coloridos, distribuídos em um eixo central-diagonal, que tende a girar sobre si mesmo. Esses triângulos estão unidos uns aos outros apenas por um dos vértices. A composição sugere um equilíbrio prestes a romper-se e é estabilizada pelos triângulos que se formam nos vazios entre os triângulos coloridos. Assim, convivem nessa obra simetria e assimetria e elementos reais e invisíveis. Em Pintura 172 (s.d.), o artista apresenta a metáfora do eclipse, explorando a passagem de uma forma circular sobre outra. Já no outro quadro Pintura (1958) Willys lida com a relação de contigüidade e distanciamento: como em um jogo de bilhar, as esferas se tocam e impulsionam umas às outras. Nessas obras, trabalha com elementos e questões comuns ao movimento concreto: cores puras, formas geométricas, efeitos óticos e cinéticos e proximidade com o design gráfico. A estrutura básica do quadro não é rompida, como acontece em obras realizadas posteriormente.
A partir de 1959, cria os Objetos Ativos, suas obras mais conhecidas, constituídos por peças de madeira retangulares - perfis ou réguas de madeira - recobertas de telas, com três superfícies pintadas de maneira abstrato-geométrica. Esses objetos são fixados à parede por um dos lados. A pintura apresentada no plano frontal demonstra, assim, uma continuidade nos planos laterais. O espectador deve movimentar-se e seu olhar precisa percorrer as superfícies para observar o objeto em sua totalidade. A obra parece flutuar no espaço e é criada no momento de sua percepção. O artista trata de questões relacionadas ao conflito entre superfície bidimensional e espaço real. Sua proposta é questionar a utilização da tela como suporte da linguagem pictórica e, dessa forma, aproxima-se da mesma vertente a que pertencem os trabalhos neoconcretos de Lygia Clark (1920 - 1988) e de Hélio Oiticica (1937 - 1980).
Depois de quase duas décadas sem expor, em meados de 1970 e com base em pesquisas iniciadas com os Objetos Ativos, Willys realiza os Pluriobjetos, esculturas de metal ou madeira que resultam de operações semelhantes às dos Objetos Ativos: o deslocamento de uma porção ou elemento que reordena o todo. Dialoga assim com outras experimentações tridimensionais de artistas como Amilcar de Castro (1920 - 2002) e Franz Weissmann (1911 - 2005). Em Pluriobjeto A6 (1988), por exemplo, trabalha com uma estrutura de madeira vertical, na qual explora, através de um deslocamento, a tensão estabilidade/instabilidade, conferindo a esta, entretanto, grande leveza. Nos Pluriobjetos, como nos Objetos Ativos, a obra nunca se completa, porque não existe ponto ideal de observação e o sujeito deve questioná-la de diversos ângulos de visão.
Willys de Castro explora sutilíssimas relações entre forma, cor, espaço e tempo. É um dos mais notáveis participantes do movimento neoconcreto e destaca-se por pesquisas que o levaram a ser um dos pioneiros a romper com a utilização da superfície bidimensional da tela como suporte para a linguagem pictórica. Os Objetos Ativos, para o crítico de arte Frederico Morais, são a sua maior contribuição à arte construtiva brasileira.
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica João L. Musa/Itaú Cultural
Foto Eduardo Castanho/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Vicente de Mello
Registro fotográfico Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Eduardo Ortega
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Isabella Matheus
Reprodução fotográfica Isabella Matheus
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica André Spinola e Castro
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Casa do Povo (São Paulo, SP)
Galeria Prestes Maia
Galeria Prestes Maia
Fundação Bienal de São Paulo
Galeria Prestes Maia
Salon Carlos Antonio Lopes (Assunção, Paraguai)
Galeria de Artes das Folhas
Jornal do Brasil (Rio de Janeiro, RJ)
Galeria de Artes das Folhas
Galeria Prestes Maia
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Galeria Belvedere da Sé (Salvador, BA)
Helmhaus Zürich
Galeria Aremar (Campinas, SP)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Museu de Arte do Paraná (MAP)
Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP)
Petite Galerie
Fundação Bienal de São Paulo
Instituição de Feiras de Madrid
Fundação Bienal de São Paulo
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