Título da obra: Bete Coelho (Medéia) em cena de Eletra com Creta


Registro fotográfico Djalma Limongi Batista
Bete Coelho - Maria Bonita
,
1992
,
Vania Toledo
Biografia
Elizabeth Mendes Coelho (Belo Horizonte MG 1962). Atriz e diretora. Intérprete ícone dos anos 1980, protagonista de alguns espetáculos primorosos de Gerald Thomas, tais como Eletra Com Creta e Um Processo.
Na formação de Bete entram diversos cursos, nas áreas de teatro, música, canto lírico, violino, dança clássica e moderna, realizados no Palácio das Artes em Belo Horizonte. Atua, a seguir, em espetáculos com direção de Carmen Paternostro: Noturno para Pagu, baseado no livro Pagu, Vida e Obra, de Augusto de Campos (1931); Lulu, a Caixa de Pandora, de Frank Wedekind, ambos de 1983; e já na formação do grupo Pagu Teatro e Dança, O que É Isso Gabeira?, inspirado em três livros do autor, 1984.
Em São Paulo, junta-se ao Centro de Pesquisa Teatral - CPT, dirigido por Antunes Filho, integrando os elencos das remontagens de Macunaíma, adaptação da obra de Mário de Andrade (1893 - 1945), de Nelson Rodrigues - O Eterno Retorno, e a estréia de Romeu e Julieta, de William Shakespeare, todas em 1984. Em 1986 desempenha a Micaela de Carmem Com Filtro, direção de Gerald Thomas, junto à Companhia Estável de Repertório - CER, de Antonio Fagundes. Com Eletra Com Creta, em 1986, torna-se parceira de Gerald Thomas, iniciando seus mais expressivos trabalhos, quase sempre como protagonista. Em 1986, fundam a Companhia de Ópera Seca e criam os espetáculos: Trilogia Kafka - Um Processo, Uma Metamorfose, Praga, em 1988; Carmem com Filtro 2 e Mattogrosso, ópera de Philip Glass e Gerald Thomas, em 1989; Sturmspiel, criado em Munique, Fim de Jogo, de Samuel Beckett e M.O.R.T.E., em 1990; The Said Eyes of Karlheinz Öhl, em Volterra, em 1991.
Já fora do grupo, integra produções isoladas, com destaque para Rancor, de Otávio Frias Filho, direção de Jayme Compri, em 1993; Pentesiléias, adaptação de Daniela Thomas para a obra de Kleist, em que atua e dirige, em 1994; Os Reis do Iê-Iê-Iê, de Gerald Thomas, em 1997; Cacilda!, texto e direção de José Celso Martinez Corrêa, em 1999; mesmo ano em que dirige Iara Jamra em O Caderno Rosa de Lori Lamby, de Hilda Hilst (1930 - 2004). Ao final desse ano volta à cena em Pai, de Cristina Mutarelli, direção de Paulo Autran. Em 2002, está em Frankensteins, de Eduardo Manet, sob a direção de Jô Soares. E, em 2003, dirige Renata Melo, em A Caixa, de Patrícia Melo.
Na televisão integra algumas novelas, como Vamp e A Incrível Batalha das Filhas da Mãe no Jardim do Éden, na TV Globo; Éramos Seis e Sangue do Meu Sangue, no Sistema Brasileiro de Televisão - SBT, e Serras Azuis, na Rede Bandeirantes.
O crítico Aimar Labaki, afirmando que a atriz é a chave do espetáculo Um Processo, de Gerald Thomas, analisa que ela é a responsável pela empatia que, pela primeira vez, o encenador obtém com a platéia: "Isso só é possível graças à capacidade de Bete de resolver simultaneamente a difícil técnica de interpretação requerida pelo diretor - basicamente fragmentação e arritmia respiratória - e as possibilidades emocionais das cenas. Seu entendimento do mecanismo de Thomas de anular as informações pela simultaneidade e limpar o melodrama sem exorcizá-lo, é a base de sua estupenda atuação".1
Sua interpretação em Fim de Jogo leva o crítico Haroldo de Campos (1929 - 2003) a declarar: "Este sádico-melancólico lamurioso CANASTR'HAMM, histriônico, quem o compõe soberbamente é Bete Coelho, encarnando-o com exasperado virtuosismo no registro vocal, nos movimentos sáurios da cabeça e do pescoço, na taquigrafia facial. Metido num esdrúxulo roupão de mandarim, entre rei-dos-mendigos e tirano doméstico, ele aparece encarpetado com seu traje de dormir, embutido num pedestal sobre rodas. É uma ruína móvel, que se faz maniacamente empurrar para uma sempre recorrente viagem-rodízio em torno de seu umbigo descentrado do seu refúgio, do seu bunker sinistro. Neste seu âmbito cinza-amarelo, uma janela quase espelho se abre para um miniteatro iluminado, que duplica em modelo reduzido o teatro em que nós estamos".2
Notas
1. LABAKI, Aimar. O processo de Franz Kafka encerra um processo de Thomas. Folha de S.Paulo, São Paulo, 15 maio 1988.
2. CAMPOS, Haroldo de. Gerald Thomas joga tragédia grega no urinol. In: FERNANDES, Sílvia; GUINSBURG, J. Gerald Thomas: um encenador de si mesmo. São Paulo: Perspectiva, 1996. p. 212.
Registro fotográfico Djalma Limongi Batista
Fundação Clóvis Salgado. Palácio das Artes. Grande Teatro
Teatro Sesc Anchieta
Teatro Sesc Anchieta
SESC Consolação
Teatro Procópio Ferreira
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Teatro Ruth Escobar
Teatro La MaMa
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Teatro Nelson Rodrigues
Teatro Nelson Rodrigues
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