Artigo sobre Morte e Vida Severina

TUCA
Data/Local
1965/1972 - São Paulo SP
Histórico
Grupo universitário da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, torna internacionalmente conhecida a montagem de Morte e Vida Severina, em 1965.
Em 1963, o Diretório Central de Estudantes da Pontifícia Universidade Católica - DCE/PUC, resolve montar um grupo teatral, inspirado nas propostas do Centro Popular de Cultura - CPC. A iniciativa traz um problema prático: onde ensaiar? O auditório da universidade está sendo concluído, e os estudantes forçam a direção da instituição a liberar seu uso. Com a criação de um Departamento Cultural, são contratados Roberto Freire, para a direção geral do grupo teatral; Silnei Siqueira, para coordenar a formação dos atores, e José Antônio Ferrara, para a cenografia.
No mesmo período, outras universidades propõem e obtêm o apoio de Nagib Elchmer, presidente da Comissão Estadual de Teatro, para uma dotação de verba destinada ao fomento de grupos de teatro universitário. O auxílio contempla o TUCA; o Teatro do Mackenzie - TEMA; o Teatro Sedes Sapientiae -TESE e o Teatro dos Universitários de São Paulo - TUSP.
Em abril de 1965 iniciam-se as convocações para o elenco. Após algumas hesitações, Morte e Vida Severina, auto de Natal de João Cabral de Melo Neto, é escolhido, preenchendo as expectativas estéticas e de atuação política da equipe. Uma pré-estréia evidencia a quase total falta de recursos técnicos e de produção. Sandro Polloni, dono do Teatro Maria Della Costa - TMDC, encantado com o que vê, empresta o equipamento de luz e assina a iluminação cênica. A montagem é aberta ao público, no dia 11, causando impacto na platéia e na crítica.
A falta de recursos e o grande número de intérpretes conduzem o diretor Silnei Siqueira a um espetáculo despojado, pleno de marcações estilizadas, usando os atores como suportes. A cena da janela torna-se famosa: dois atores, com os braços, fazem os vãos e paredes; deslocamentos com os braços imitam o canavial embalado pelo vento; romarias circulares preenchem o grande espaço do palco vazio. A música de Chico Buarque, composta de melodias adequadas a um coro sem muitos recursos vocais, revela-se um trunfo. A beleza do texto bem pronunciado, alternando entre a crueza da vida miserável e o júbilo pelo nascimento de uma criança, atribui à montagem um tom cortante, mas lírico.
O sucesso da empreitada conduz o TUCA ao Festival de Teatro Universitário de Nancy, França, onde obtém o primeiro lugar. Tal consagração faz a temporada prolongar-se no Théâtre des Nations, em Paris, e outros países europeus, por 50 dias. O poeta João Cabral de Melo Neto, até então conhecido apenas entre as elites intelectuais, amplia seus horizontes de divulgação da obra.
Uma sugestão do Festival, para o ano seguinte, é encampada pelo TUCA: realizar um espetáculo que gire em torno da morte de um estudante que se descobre, mais tarde, ser o filho de um rico industrial do país.
Este é o tema de O&A, mimodrama criado por Roberto Freire em 1967. Empregando apenas os fonemas o e a, a montagem estabelece um confronto entre as velhas estruturas, hábitos e modos de ser (que usavam o o) e as novas concepções, idéias e atitudes (que usavam o a). A música de Chico Buarque, o forte trabalho corporal e a grande estrutura em ferros projetada por José Antônio Ferrara conferem ao espetáculo o impacto que a proposta demanda. Esse novo sucesso artístico é seguido, porém, de ativa perseguição, desde uma nota desaprovadora expedida pelo Capelão Geral da PUC até a detenção de alguns intérpretes pela polícia.
A radicalização da Censura em 1968, as perseguições policiais sobre o elenco e o crescimento do movimento estudantil que luta contra a ditadura impõem a desagregação do TUCA. Ele ressurge em 1969 sob a direção de Mário Piacentini e com novos propósitos. A montagem de Comala, baseada em romance de Juan Rulfo, estréia de modo discreto e participa do Festival de Manizales, na Colômbia. Uma versão modificada, denominada Terceiro Demônio, marca a saída da equipe da PUC, em 1970, transferida para as instalações de um cursinho. Com uma parte desse conjunto, é realizada também, em 1972, uma outra versão de Terceiro Demônio, agora independente e desvinculada da universidade.
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