Título da obra: Agreste com Personagens, 91


Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Sem Título
,
1987
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Adão Pinheiro
Reprodução fotográfica Januário Garcia
Definição
Menos que um movimento com conotações precisas, o informalismo faz referência a uma tendência artística que tem lugar após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), na Europa, Estados Unidos e Japão. O termo foi cunhado pelo crítico Michel Tapié (1909-1987) no livro Un Art Autre [Uma arte outra] de 1952, para definir um novo estilo de pintura que recusa qualquer tipo de formalização, rompendo com técnicas e modelos anteriores. A arte informal (no sentido de "sem forma") aparece freqüentemente nos dicionários, enciclopédias e história da arte como sinônimo de tachismo, sendo associada, algumas vezes, à noção de abstração lírica. A confusão terminológica reinante na literatura especializada permite entrever posições distintas diante do fenômeno. Se, de modo geral, os termos são usados indiscriminadamente, algumas fontes definem o informalismo como termo mais geral que englobaria o tachismo, o expressionismo abstrato e o Gutai Bitjutsu Kyokai [Grupo Gutai] de Osaka (1957). O crítico italiano Giulio Carlo Argan, por exemplo, frisa as convergências entre as produções européia e norte-americana da década de 1950 em função da mesma defesa da improvisação - associada ao gesto espontâneo e instintivo - e da relação direta que estabelecem entre pintura e ação, exemplarmente representada pela action painting de Jackson Pollock (1912-1956). De qualquer modo, Argan chama a atenção para os diferentes sentidos que o informalismo adquire na Europa e nos Estados Unidos. Diz ele: "Mas note-se: se, renunciando à linguagem para reduzir-se ao puro ato, a arte européia renuncia à função que tivera numa civilização do conhecimento, que colocava o agir na dependência do conhecer, o ato artístico dos americanos, por seu lado, insere-se, com uma intensa força contestatória, numa civilização pragmatista, de ação". No entanto, convém lembrar que parte significativa da produção artística norte-americana tem forte influência de vertentes européias como o surrealismo e o cubismo.
Discordâncias à parte, os comentadores são unânimes em reconhecer na recusa da figuração e da abstração geométrica, que marca a arte informal, uma reação ao contexto de crise instaurado no pós-guerra que, do ponto de vista das artes, aparece como a consciência da perda da hegemonia artística do continente europeu diante do surgimento dos novos centros, Estados Unidos e Japão. Ao lado disso, observa-se uma descrença em relação à racionalidade da civilização tecnológica, celebrada pelas vanguardas do começo do século XX. As filosofias da crise, em especial o existencialismo de Jean-Paul Sartre (1905-1980), dão o tom da época no plano das idéias, reverberando nas artes de modo geral. A superação da forma coloca-se como uma tentativa de ultrapassagem dos conteúdos realistas e dos formalismos geométricos, alimentados pelo cubismo. Recusa-se também a figuração nos moldes do realismo socialista e o projeto construtivo da Bauhaus. Da perspectiva de suas inspirações, a arte informal beneficia-se do surrealismo - pela valorização do inconsciente -, do dadaísmo - na defesa do caráter irracionalista da arte -, do expressionismo - que toma a imaginação como expressão direta do espírito do artista - e também do impressionismo - em função do uso de manchas irregulares de cor na pintura de maturidade de Claude Monet (1840-1926).
Na França, os nomes de Hans Hartung (1904-1989) e Pierre Jean Louis Soulages (1919) associam-se à pintura apoiada no gesto - por exemplo, T. 1947-25 (1947) de Hartung e Composição (1950), de Soulages. Nos Estados Unidos, Pollock explora ao limite as potencialidades gestuais, em sua "pintura de ação". Ao colocar a tela no solo, gotejando ou atirando a tinta sobre ela, ao ritmo do movimento do seu corpo, Pollock estabelece uma nova atitude diante da obra, subvertendo a imagem tradicional do pintor de cavalete e do desenhista industrial que realiza o trabalho de acordo com um projeto prévio. A ênfase na matéria - seja o uso de texturas e empastes, seja o emprego de materiais como sucatas, estopas, madeira etc. - pode ser observada nos trabalhos dos franceses Jean Fautrier (1898-1964) e Jean Dubuffet (1901-1985), do italiano Alberto Burri (1915-1995) e do catalão Antoni Tàpies (1923-2012). Em artistas como Wols (1913-1951) e Georges Mathieu (1921), por exemplo, a decomposição da forma é obtida pelo traço, linha e cor, em trabalhos que guardam afinidades com a caligrafia e com os ideogramas. No Brasil, o informalismo parece ligar-se ao abstracionismo lírico que conheceu expressão em artistas muito diferentes entre si, como Manabu Mabe (1924-1997), Yolanda Mohalyi (1909-1978), Tomie Ohtake (1913), Flavio-Shiró (1928), Cicero Dias (1907-2003) e Antonio Bandeira (1922-1967).
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Pedro Oswaldo Cruz
Reprodução fotográfica Pedro Oswaldo Cruz
Reprodução fotográfica Pedro Oswaldo Cruz
Reprodução fotográfica Januário Garcia
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
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