Título da obra: Minha Família


Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Minha Família
,
1966
,
Anna Maria Maiolino
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Anna Maria Maiolino (Scalea, Itália, 1942). Gravadora, pintora, escultora, artista multimídia e desenhista. Muda-se em 1954, devido à escassez provocada pelo pós-guerra, para Caracas, Venezuela, onde estuda na Escuela de Artes Plásticas Cristóbal Rojas entre 1958 e 1960, ano em que transfere-se para o Brasil. Em 1961, inicia curso de gravura em madeira na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), no Rio de Janeiro, e integra-se à Nova Figuração, movimento de reação à abstração e tomada de posição frente ao momento político brasileiro. Freqüenta o ateliê de Ivan Serpa (1923-1973), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), e estuda gravura com Adir Botelho (1932), em 1963. No ano seguinte, realiza sua primeira exposição individual na Galeria G, em Caracas. Em 1967 participa da Nova Objetividade Brasileira, exposição que entre outros preceitos, propunha a superação do quadro de cavalete em favor do objeto, sendo organizada por críticos e artistas, entre eles Hélio Oiticica (1937-1980).
Entre 1968 e 1971, estuda no Pratt Graphic Center, em Nova York. A partir da década de 1970, começa a trabalhar com diversas mídias, como a instalação, a fotografia e filmes. Participa, em Curitiba, do 1º Festival do Filme Super-8, premiada com o filme In-Out, Antropofagia, seu primeiro trabalho em vídeo. Participa também do Festival Internacional do Filme Super-8, no Space Cardin, em Paris; da 5ª Jornada Brasileira de Curta-Metragem, em Salvador; e do 2º Festival Nacional de Curta-Metragem, na Alliance Française du Brésil, no Rio de Janeiro. No final da década de 1970, a artista passa a se dedicar à performances. Em 1978, realiza Mitos Vadios, num terreno baldio da rua Augusta, em São Paulo, e, em 1981, na rua Cardoso Júnior, Entrevidas, quando dúzias de ovos de galinha são espalhados pelo chão, para que o público tivesse que driblar um "campo minado". Na década de 1980, começa a trabalhar com a argila por influência do artista argentino Victor Grippo (1936-2002). Em 1990, recebe o prêmio de melhor mostra do ano, da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), pela exposição individual realizada em 1989, no Centro Cultural Cândido Mendes (CCCM). Realiza em Nova York, em 2002 exposição retrospectiva acompanhada do livro A Life Line/Vida Afora.
Apesar da origem italiana, a formação artística de Anna Maria Maiolino é latino-americana. Precocemente, inicia seus estudos de arte na Escuela de Artes Plásticas Cristóbal Rojas, em Caracas, Venezuela, em 1958. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1960 e freqüenta os ateliês de pintura e gravura da Enba. Na década de 1960, a artista concentra-se na xilogravura, paralelamente à produção de objetos. As paisagens e cenas de interior, as grandes áreas brancas demarcadas por figuras pretas de recorte suave dão lugar à figuração colorida de cunho narrativo com temas urbanos e/ou relacionados ao cotidiano e à condição da mulher. Maiolino torna-se uma das figuras-chave da exposição Nova Objetividade Brasileira, ocorrida no MAM/RJ em 1967. Sua aproximação à cultura popular dá-se mediante o interesse pela gravura dos folhetos de cordel, combinando seu estilo gráfico a temas sociais e políticos atuais.
Muda-se para os Estados Unidos em 1968, lá permanece por cerca de três anos. A artista volta-se para a poesia experimental, que rapidamente a leva ao desenho. Inicia uma produção importante de desenhos1, que continua até os dias de hoje. Sua tônica é a investigação da materialidade do papel e os limites de sua espacialidade. A figura sai de cena e dá lugar a novos elementos, como cortes, dobras, costuras com linha, palavras escritas, incisões gravadas etc. A folha é explorada em sua existência sensível no espaço, sendo por vezes trabalhada frente e verso. São dessa fase séries como Mapas Mentais (1971) e os desenhos-objeto Buracos Negros (ca.1974), nos quais o plano pessoal e o político se amalgamam.
Mas a década de 1970 coloca Anna Maria Maiolino diante do desafio de experimentar outras formas de expressão, e ela realiza filmes e instalações. Sob a ditadura realiza o super-8 In-Out Antropofagia (1974) e as instalações Feijão com Arroz (1979)2 e Entrevidas (1981).
Na década seguinte a artista volta-se também à pintura. E de certa forma anuncia a preocupação com a gestualidade e a relação com a matéria, presente nos objetos escultóricos de parede e relevos (em argila, gesso e cimento) do início dos anos 1990. Pouco a pouco, Maiolino concentra-se no aspecto manual do fazer artístico e passa a usar quase que exclusivamente a argila. Elabora projetos com grande quantidade desse material, em que a repetição do gesto e seu registro na matéria assinalam enorme concentração de energia. Instalações como Muitos (1995) ou São Estes (1998) colocam o corpo no centro do trabalho de arte, ao mesmo tempo em que transformam o gesto desmemoriado do cotidiano em reservatório de experiência.
1. O desenho representa até hoje um veio central da produção de Anna Maria Maiolino. Em 2002 a artista ganhou uma retrospectiva de seus trabalhos em papel no The Drawing Center, em Nova York. A mostra Anna Maria Maiolino: A Life Line/ Vida Afora, curada pela diretora da instituição Catherine de Zegher, abarcou quase 35 anos de carreira, em reconhecimento à importância de sua contribuição para a expansão e atualização dessa técnica.
2. A instalação foi recentemente remontada no programa Atelier Finep do Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica Tiago Chediak/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica Tiago Chediak/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica Tiago Chediak/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica Paulo Scheunenstuhl
Reprodução fotográfica Pedro Oswaldo Cruz
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Vicente de Melo
Anna Maria Maiolino - Enciclopédia Itaú Cultural
A artista italiana Anna Maria Maiolino afirma que nunca teve dúvidas sobre seu destino estar ligado à arte: “Parece uma frase feita, mas, criar, para muita gente, é uma necessidade”, diz. Sua trajetória começa na pintura e na escultura, para, então, passar à gravura. Nesse tipo de desenho, ela destaca o encanto provocado pelas gravuras realizadas por contadores de histórias do nordeste brasileiro. Para Anna Maria, no entanto, mais do que narrar uma história visual, a expressão artística lhe permitiu explorar o papel como matéria, libertando-a de suportes tradicionais. A antropofagia, revela, está na base da dinâmica de construção e desconstrução que caracteriza seu trabalho e o torna muito próximo de um laboratório de experimentações. Nesse sentido, as experiências com novas mídias aparecem como um desafio e uma curiosidade. “A obra se alarga e ganha maior possibilidade e maior conteúdo.”
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Galeria G (Caracas, Venezuela)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Convento de Nossa Senhora do Carmo. Igreja (Salvador, BA)
Galerija Doma Omladine (Belgrado, Iugoslávia)
Galeria Goeldi
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Fundação Bienal de São Paulo
Museu de Arte Contemporânea José Pancetti (MACC)
Teatro Nacional Cláudio Santoro
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
Parque Ferial Juan Carlos I
Fundação Bienal de São Paulo
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