Título da obra: Helena


Reprodução fotográfica Fernando Zago
Zorreiros
,
1953
,
Danúbio Gonçalves
Reprodução fotográfica Fernando Zago
Danúbio Villamil Gonçalves (Bagé, Rio Grande do Sul, 1925). Gravador, desenhista, pintor e professor. Freqüenta o ateliê de Candido Portinari (1903-1962) com Iberê Camargo (1914-1994). Estuda gravura e desenho na Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, com Carlos Oswald (1882-1971) e Axl Leskoschek (1889-1975), na década de 1940. Viaja para Paris, e entre 1949 e 1951 freqüenta a Académie Julian. De volta ao Brasil, funda o Clube de Gravura de Bagé, no Rio Grande do Sul, com Glauco Rodrigues (1929-2004), Glênio Bianchetti (1928) e Carlos Scliar (1920-2001). Com esses artistas, integra o Clube de Gravura de Porto Alegre, entre 1951 e 1955. Desde 1963, orienta os alunos do curso de litogravura do Ateliê Livre da Prefeitura de Porto Alegre, instituição que dirige até 1978. No período entre 1969 e 1971, leciona gravura no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IA/UFRGS). Publica os livros Do Conteúdo à Pós-Vanguarda, editado pela Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, em 1995, e a obra Processos Básicos da Pintura, pela editora AGE, em 1996. Em 2000, é realizada exposição retrospectiva de sua produção no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (Margs), e é publicado o livro Danúbio Gonçalves: Caminhos e Vivências, pela editora Fumproarte, com textos de Paulo Gomes e Stori (1946).
Danúbio Gonçalves é conhecido principalmente por sua atuação como gravurista. Co-fundador do Clube de Gravura de Bagé, sua atividade artística e seu engajamento político são indissociáveis. Com outros artistas, visita países do bloco comunista, rejeita a Bienal de São Paulo e o abstracionismo, e defende uma arte regional, de cunho social, próxima do Realismo Socialista.
Sua produção mais característica são xilogravuras, sobretudo dos anos 1950. Retrata camponeses e trabalhadores, seu cotidiano e suas festas. Algumas obras enfatizam os eventos, instrumentos, danças e roupas típicas, como Festa do Mundo, de 1953. Em outras, há um traço mais expressionista e anguloso, que traduz a violência da atividade dos trabalhadores. As mais conhecidas são as séries Charqueadas e Mineiros de Butiá. A primeira apresenta as etapas da produção do charque, da matança dos bois à secagem da carne. A segunda figura a vida dos mineiros, em evidente referência às obras de Vincent van Gogh (1853-1890), sobre o mesmo tema. Em todas, exprime a angústia e a miséria, através de contrastes marcados, e a força e o movimento, através da talha que ressalta os veios da madeira com diversos traços paralelos. Para o escritor Érico Veríssimo (1905-1975), Danúbio consegue ultrapassar o interesse documental e conferir aos temas um sentido universal.1
Aos poucos, Danúbio deixa o regionalismo e o traço expressionista e, durante os anos 1960, faz pinturas mais abstratas, com tons rebaixados e formas que são às vezes reconhecíveis, mas não realistas como plantas, insetos e animais. Não há profundidade ou textura. Os comentadores falam de "...imagem do homem universal, sua deformação e sobressalto..."2 e de "...expressão de um cosmo ambíguo..."3
Nos anos seguintes, passa por uma fase mais pop. Utiliza técnicas variadas, como tinta acrílica, aquarela e gravura. Ultimamente, além dos temas eróticos, pinta cenas de balonismo, em que tira proveito das grandes áreas de cor dos balões, da grama e do céu.
1 PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969, p. 246.
2 PONTUAL, idem.
3 SCARINCI, Carlos. A gravura no Rio Grande do Sul: 1900 - 1980. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982, p.147-148.
Reprodução fotográfica Fernando Zago
Reprodução fotográfica Fernando Zago
Reprodução fotográfica Fernando Zago
Reprodução fotográfica Fernando Zago
Reprodução fotográfica Fernando Zago
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Fernando Zago
Reprodução fotográfica Fernando Zago
Instituto Municipal de Belas Artes (Bagé, RS)
Museu Nacional de Belas Artes (MNBA)
Jornal Correio do Povo (Porto Alegre, RS)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
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