Título da obra: Sem Título


Branco/azul
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1977
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Eduardo Sued
Biografia
Eduardo Sued (Rio de Janeiro RJ 1925). Pintor, gravador, ilustrador, desenhista, vitralista e professor. Gradua-se na Escola Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro, em 1948. No ano seguinte estuda desenho e pintura com Henrique Boese (1897-1982). Entre 1950 e 1951, trabalha como desenhista no escritório do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012). Em 1951, viaja para Paris, onde freqüenta as academias La Grande Chaumière e Julian. Em sua estada na capital francesa entra em contato com as obras de Pablo Picasso (1881-1973), Joán Miró (1893-1980), Henri Matisse (1869-1954) e Georges Braque (1882-1963). Retorna ao Rio de Janeiro em 1953 e freqüenta o ateliê de Iberê Camargo (1914-1994) para estudar gravura em metal tornando-se mais tarde, seu assistente. Leciona desenho e pintura na Escolinha de Arte do Brasil, em 1956 e, no ano seguinte, transfere-se para São Paulo, onde ministra aulas de desenho, pintura e gravura, na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), de 1958 a 1963. Em 1964, volta a morar no Rio de Janeiro e publica o álbum de águas-fortes 25 Gravuras. O artista não se vincula a nenhum movimento mantendo-se alheio aos debates da época. Sua carreira teve uma breve etapa pautada no figurativismo, mas logo se encaminha para abstração geométrica. Nos anos de 1970, aproxima-se das vertentes construtivas, desenvolvendo sua obra a partir da reflexão acerca de Piet Mondrian (1872-1944) e da Bauhaus. Entre 1974 e 1980, ministra aulas de gravura em metal no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ).
Comentário Crítico
Antes de decidir pela carreira artística, Eduardo Sued freqüenta de 1946 a 1948 a Escola Nacional de Engenharia no Rio de Janeiro. Em 1949 inicia formação como artista plástico no curso livre de pintura e desenho do pintor alemão Henrique Boese. De 1950 a 1951 colabora como desenhista de arquitetura no escritório de Oscar Niemeyer. Com o dinheiro da venda de algumas aquarelas, parte para Paris em 1951, lá permanecendo até 1953. Durante a estada na França entra em contato direto com as obras da École de Paris, de Pablo Picasso, Joán Miró, Henri Matisse e Georges Braque. Como aluno freqüenta as Académies Julian e de La Grande Chaumière, que mais do que escolas eram locais onde os estudantes se expressavam livremente por meio do desenho e da pintura. De volta ao Brasil, inicia curso de gravura em metal com Iberê Camargo, tornando-se mais tarde seu assistente no ateliê. Sobre este contato, o artista afirma: "Iberê foi um artista sério, dedicado, um modelo para mim".
Eduardo Sued realiza importante produção de gravuras durante o período e participa de mostras como a Bienal de San Juan de Gravura Latino-Americana (1970) e da Bienal Internacional de Gravura (1970), na Polônia. Em 1956 inicia a carreira de professor de desenho, pintura e gravura em metal, atividade que abandona 1980. O interesse por grandes áreas cromáticas e a busca por mais plasticidade levam-no a dedicar-se de forma cada vez mais exclusiva à pintura em meados dos anos 1960.
Ele acredita na pintura como fazer intelectual, solitário e meditativo. Por isso, aquele que na visão do crítico Ronaldo Brito "é o grande desinibidor das linguagens abstratas, de origem construtiva, na pintura moderna brasileira"1 não participa ativamente de nenhum movimento, mantendo-se ao largo das disputas travadas entre concretos e neoconcretos nos anos 1950 e também das discussões sobre a nova figuração dos 1960. Sua poética abstrata forma-se pouco a pouco, em diálogo constante e refletido com a tradição da pintura moderna internacional e brasileira. Após um breve período de produção figurativa, Sued conquista já no início dos anos 1970 o domínio seguro da linguagem construtiva a partir da reflexão sobre Piet Mondrian e a Bauhaus. Contudo, trata-se de um construtivismo atualizado e não a aplicação imediata dos postulados de artistas do começo do século XX. Por outro lado, no âmbito nacional, preocupa-se em expandir "a pintura construtiva brasileira sem perder o conflito produtivo introduzido pelos neoconcretos", como avaliou o crítico Paulo Sérgio Duarte.
Costuma-se apontar a conquista de uma dimensão pública como a maior contribuição de Sued à pintura brasileira. Em seus trabalhos consegue superar o caráter intimista que perpassa a obra de alguns de nossos melhores pintores modernos, como Alfredo Volpi (1896-1988) e Milton Dacosta (1915-1988), por exemplo. Sued rompe com a cor local de vestígios figurativos, com o clima rememorativo e pessoal pelo qual é marcado o uso de elementos geométricos nesses artistas. Em telas de dimensões "monumentais" para os padrões da história da arte brasileira, projeta para fora o espaço da pintura através da estruturação precisa, rigorosa e "impessoal" da superfície da tela em campos variados de cor. Esse movimento para o exterior se dá tanto em enormes pinturas-painéis quase monocromáticas quanto em trabalhos que apostam na tensão vibrante entre campos cromáticos diversos organizados segundo uma geometria "fora dos eixos", criando um ritmo frenético, em que a superfície plana parece pulsar.
Nota-se que em mais de 30 anos de produção, Eduardo Sued não cristalizou sua linguagem abstrata em estruturas preconcebidas. Para ele, "experimentar é aceitar o desafio da dúvida. Sou pintor enquanto artista que experimenta". Tal exercício se expressa numa trajetória que reinventa constantemente seus desafios e soluções. Destacam-se no conjunto dessa obra as telas, desenvolvidas desde os anos 1980, de vastas áreas cinzas ou pretas entremeadas de modo preciso por faixas coloridas, num jogo sóbrio, mas vibrante, de expansão e contenção. Em meados dos anos 1990, Sued introduz elementos novos em seu trabalho, como a tinta de alumínio e pinceladas espessas e descontínuas de modo que a superfície pareça "quase esculpida", além de retornar à colagem, presente nos anos 1960 e 1970. Tais composições apresentam uma reflexão acurada sobre as relações entre luz, superfície, espaço e tempo na pintura, reafirmando mais uma vez a posição do artista como um constante "desinibidor" na arte brasileira.
Notas
1 Ronaldo Brito acompanha o trabalho de Eduardo Sued desde os anos 1970, sendo aquele que mais escreveu sobre o artista. Esta afirmação foi feita em 1998 no texto O Pensamento Contemporâneo da Cor, escrito para o catálogo da exposição Eduardo Sued: pinturas 1980-1998, realizada no Centro de Artes Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro.
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini/Itaú Cultural
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Eduardo Sued - Enciclopédia Itaú Cultural
Nascido no Rio de Janeiro e formado em engenharia, Eduardo Sued vive em Paris na década de 1950. O acesso a museus, ao trabalho de grandes pintores e a própria experiência cotidiana na Europa são fundamentais para sua formação artística. De volta ao Brasil e interessado em gravura em metal, o artista estuda com Iberê Camargo e produz peças inspiradas no expressionismo e no trabalho de Pablo Picasso. Sued compara seu processo criativo com o funcionamento da natureza: “Eu, humildemente, procuro imitar a natureza no seu processo. De uma tela branca, que seria a terra, eu vou procurar transformá-la em orquídeas”.
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Galeria Residência (São Paulo, SP)
Petite Galerie
Galeria Ibeu Copacabana (Rio de Janeiro, RJ)
Instituto de Cultura Puertorriqueña (San Juan, Porto Rico)
Galeria Espaço (Rio de Janeiro, RJ)
Galeria da Collectio
Galeria d'Arte della Casa do Brasil (Roma, Itália)
Galeria Grupo B
Galeria Luiz Buarque de Holanda e Paulo Bittencourt (Rio de Janeiro, RJ)
Centro de Arte y Comunicación (Buenos Aires, Argentina)
Fundação Bienal de São Paulo
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