Título da obra: Moça com Fita Azul


Registro Fotográfico Sérgio Guerini
Retrato de Mário de Andrade
,
1922
,
Anita Malfatti
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Anita Catarina Malfatti (São Paulo, São Paulo, 1889 – idem, 1964). Pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora. Uma das mais relevantes artistas brasileiras, Anita tem papel determinante na introdução da estética modernista no país.
Inicia seu aprendizado artístico com a mãe, a pintora Bety Malfatti (1866-1952). Em 1909, pinta algumas obras, entre elas a Primeira Tela de Anita Malfatti.
No ano seguinte, viaja à Europa para aperfeiçoar sua formação, e se instala na Alemanha, país que vive uma efervescência do expressionismo. Anita ingressa na Academia Imperial de Belas Artes de Berlim, onde tem aulas de desenho, perspectiva e história da arte. A linha de seus estudos, no entanto, ainda é bastante tradicional.
Ao longo de sua estada na cidade, entra em contato a agitação modernista, e se interessa pelas novas linguagens, ampliadas nas aulas particulares que tem com o professor e pintor alemão Fritz Burger-Mühlfeld (1867-1927). Ligado ao pós-impressionismo alemão, ele lhe oferece possibilidades artísticas que extrapolam as abordagens tradicionais. Anita permanece na Alemanha até 1914, período em que se dedica também ao estudo da gravura.
O aprendizado das novas poéticas transparece na produção do período. O contorno clássico prevalece, mas as cores são usadas de modo expressivo e demonstram uma movimentação maior e mais contrastada que a do desenho. Embora não haja conflito com as formas, é perceptível que os elementos operam em dinâmicas distintas. Ao retornar a São Paulo, expõe esses quadros em sua primeira mostra individual, em 1914, no Mappin Stores.
De 1915 a 1916, reside em Nova York e tem aulas com professores como os pintores americanos George Brant Bridgman (1864-1943), e Homer Boss (1882-1956) na Independent School of Art. A convivência com este professor e o clima vanguardista da escola levam adiante o desenvolvimento da liberdade moderna cultivada na Alemanha. Na mesma época, realiza seus trabalhos mais conhecidos, como O Farol (1915), Torso/Ritmo (1915/1916) e O Homem Amarelo (1915/1916), nos quais, o desenho perde o compromisso com a verossimilhança clássica e ganha sentido mais interpretativo. Por vezes, o contorno grosso e sinuoso apresenta as figuras como uma massa pesada e volumosa. Em outros trabalhos, com o traço mais fechado, a cor é aplainada e compõe retratos e paisagens livres, pela articulação de superfícies em tons contrastantes.
De volta ao Brasil, em 1917, associa a liberdade de compor com formas à crítica nacionalista. Pinturas como Tropical (1917) e Caboclinha (1907) fazem parte desse esforço. Todas essas pinturas são reunidas em sua segunda individual: Exposição de Arte Moderna, em dezembro de 1917. A mostra implica respostas diversas e repercussões decisivas para seu trabalho. Se, por um lado, a exposição rende uma aproximação com os artistas e intelectuais que mais tarde realizam em São Paulo a Semana de Arte Moderna, por outro, Anita vira alvo de uma reação violenta às linguagens vanguardistas.
As posições contrárias às vanguardas de origem europeia consideram a exposição um desperdício do talento da artista, porque representa a entrega a estrangeirismos deslumbrados e mistificadores. O crítico de maior destaque é o escritor Monteiro Lobato (1882-1948), autor do artigo A Propósito da Exposição Malfatti (1917). O escritor Oswald de Andrade (1890-1954) publica no Jornal do Comércio, em 1918, artigo em defesa da pintora.
Tal reação, para alguns, abala a confiança da artista, causando impacto em sua carreira; para outros, Anita já vem oscilando esquemas formais mais realistas e soluções mais próximas do modernismo internacional. Após 1917, a pintora se aproxima da linguagem tradicional e faz aulas com o acadêmico Pedro Alexandrino (1856-1942), e, com o pintor alemão Georg Elpons (1865-1939).
Encorajada pelos membros do Grupo dos Cinco1, por volta de 1921, Anita se interessa novamente pelas linguagens de vanguarda. A artista expõe 20 trabalhos de cunho modernista na Semana de Arte Moderna de São Paulo (1922).
Em 1923, recebe bolsa do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e viaja a Paris, onde permanece por cinco anos e tem aulas com o pintor francês Maurice Denis (1870-1943). Em sua estada, distancia-se de posições polêmicas da vanguarda, passa a pintar cenas de interiores, como Interior de Mônaco (1925) e La Rentrée (1927), e se aproxima do fauvismo e da simplicidade da pintura primitiva. A artista não nega o modernismo, mas evita o que ele tem de ruptura.
Volta ao Brasil em 1928, interessa-se por temas regionalistas e recorre às formas tradicionais, como a pintura renascentista e a arte naïf. Leciona desenho e pintura em escolas como Mackenzie, Escola Normal Americana e em seu ateliê.
Na década de 1930, integra a Sociedade Pró-Arte Moderna (Spam) e, em razão do interesse por uma pintura mais fluente e descompromissada, participa do Salão Revolucionário (1931) e aproxima-se do grupo de pintores da Família Artística Paulista (FAP). Anita se identifica com a busca de uma pintura espontânea, desvinculada de modelos consagrados e do desejo de inovação. A partir da década seguinte amplia sua produção de cenas da vida popular. Nos anos 1950, o popular não é apenas tema, mas também passa a ser incorporado nas formas, influenciado pela arte não culta.
Embora seja uma das responsáveis pela introdução do modernismo no país, o legado artístico de Anita Malfatti passa por variadas linguagens. O vasto trabalho da artista é movido pelo desejo tanto de experimentação quanto de simplicidade e espontaneidade.
1. Grupo fundado em 1922 pelas pintoras Tarsila do Amaral (1886/1973) e Anita Malfatti, e pelos escritores Mário de Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890-1954) e Menotti del Picchia (1892-1988).
Registro Fotográfico Sérgio Guerini
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Reprodução fotográfica autoria desconhecida
Reprodução fotografica Romulo Fialdini
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti
Mappin Stores
Clube Comercial (São Paulo, SP)
Theatro Municipal de São Paulo
Maison de L'Amérique Latine (Paris, França)
Musée Galliera (Paris, França)
Palais de Bois (Paris, França)
Musée Galliera (Paris, França)
Palais de Bois (Paris, França)
Galerie André (Paris, França)
Parque Ferial Juan Carlos I
Fundação Bienal de São Paulo
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