Artigo sobre Urbanização e Cultura (1998 : São Paulo, SP)

Itaú Cultural
Biografia
Milton Hatoum (Manaus, Amazonas, 1952). Romancista, contista, professor e tradutor. Descendente de imigrantes libaneses, muda-se para Brasília em 1967 e lá permanece até 1970, quando vai viver em São Paulo. Diploma-se arquiteto pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e, ainda nesta cidade, trabalha como jornalista e professor. Em 1980, na condição de bolsista, viaja para a Espanha e vive em Madri e Barcelona. Em seguida, já na França, estuda literatura comparada na Sorbonne. Por quinze anos (de 1984 até 1999), leciona literatura francesa na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Seu primeiro romance, Relato de um certo oriente, é publicado em 1986. Em 1996, como professor visitante, ministra aulas de literatura brasileira na Universidade da Califórnia (Berkeley), onde também foi escritor residente. Publica, em periódicos do Brasil e da Europa, artigos e ensaios acerca de autores brasileiros e latino-americanos. Ainda hoje segue contribuindo regularmente com diversos órgãos de imprensa, tais como O Estado de S. Paulo e Terra Magazine
Análise
Ao resenhar o romance Cinzas do Norte, de Milton Hatoum, o crítico Daniel Pizza (1970-2011) escreve que a literatura do autor amazonense "vai do meio ambiente ao vazio da alma, fundindo o social e o existencial". Tal definição aponta um dos procedimentos centrais na construção dos romances de Hatoum, que tratam das histórias particulares de certos personagens sem descuidar da observação do contexto social e histórico em que vivem tais personagens.
Este contexto envolve quase sempre o processo de integração dos imigrantes originários do Oriente Médio no Norte do Brasil e as repercussões da ditadura militar brasileira naquela região. Segundo o professor e crítico norte-americano Raymond L. Williams (1950), esta tendência a incluir os acontecimentos históricos na sua ficção decorre do fato de Hatoum ser um escritor de uma minoria (no caso, a minoria libanesa no Brasil), o que o impele a registrar "a voz dos esquecidos: vozes do passado, daquele espaço problemático da assimilação".
Estilisticamente, a prosa de Hatoum varia pouco de livro a livro (o que denota a unidade interna de sua obra), sendo construída com base em narradores que optam sempre por um tom informal, fluente e coloquial. A professora e crítica Marleine Paula Marcondes e Ferreira de Toledo afirma que, além de "econômico", o estilo de Hatoum é "ao mesmo tempo poético, cheio de figurações e estranhamentos”.
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