Título da obra: Nathalie Philippart do Ballet Champs Elysées


Boris Kochno no Municipal de São Paulo
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ca. 1945
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Thomaz Farkas
Thomaz Jorge Farkas (Budapeste, Hungria 1924 – São Paulo, São Paulo, 2011). Fotógrafo, professor, produtor e diretor de cinema. Thomaz Farkas registra em suas fotografias cenas cotidianas dos grandes centros e contribui para a divulgação da cultura popular do interior do país por meio do projeto Caravana Farkas.
Um dos pioneiros da fotografia moderna no Brasil, seus trabalhos nos anos 1940 e 1950 são identificados com a visualidade desenvolvida pelas vanguardas europeias e estadunidenses nas primeiras décadas do século XX: ângulos inusitados, closes, elementos seriados e composições geométricas.
Na década de 1940, atento à transformação da paisagem urbana, Farkas focaliza a arquitetura moderna que começa a ganhar impulso no centro de São Paulo. No conjunto de sua obra, os detalhes de edificações são as imagens que mais se aproximam da arte construtiva em voga no Brasil dos anos 1950. Os resultados parecem abstrações geométricas, mas neles quase sempre é possível reconhecer o referente.
Em 1942, Thomaz Farkas se associa ao Foto Cine Clube Bandeirantes (FCCB), que defende fazer da fotografia uma obra de arte com base na exploração criativa de meios puramente fotográficos, e não mais pelo pictorialismo. Os artistas modernos querem mostrar que a fotografia não é apenas um espelho da realidade, mas também uma técnica que proporciona outra maneira de ver o mundo.
Quase sempre em preto e branco, suas imagens aliam pesquisa formal e testemunho histórico. Na variedade dos temas, revela-se o interesse por aspectos visuais do cotidiano de centros urbanos, como os de São Paulo, onde o artista mora, e os do Rio de Janeiro, cidade que visita com frequência.
As fotos de rua mostram pessoas em ambientes públicos sem descuidar do enquadramento e do arranjo ritmado das formas. Registra a população nos afazeres cotidianos e em momentos de lazer: o engraxate trabalhando, o homem diante de uma banca de revistas, o movimento nas vias de comércio, crianças brincando e torcedores no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Além disso, documenta momentos emblemáticos, como os paulistanos festejando o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e, nos anos 1950, a construção e a inauguração de Brasília.
Nas fotografias da construção de Brasília, Farkas conjuga a documentação social com o formalismo. Entre as estruturas de ferro fotografadas com a precisão e o equilíbrio de uma pintura concreta, ele quase sempre insere a figura de um operário. Voltado para o cotidiano, registra também as condições de vida dos trabalhadores e suas famílias, as moradias precárias e o comércio que se forma em torno da cidade ícone da modernização do país.
Na mesma época, fotografa cenas de esporte e companhias de dança nacionais e internacionais. Nessas obras, nota-se o interesse pelo desenho dos corpos em contraluz e pelo movimento, que é ora congelado ora borrado. Nas imagens de balé, sua atenção está voltada para o dia a dia dos artistas, quase sempre retratados nos bastidores. Nos ensaios, procura conciliar o registro da ação com o equilíbrio do quadro, pois os corpos são mostrados ordenadamente, para que uns não se confundam com os outros.
Farkas não se profissionaliza como fotojornalista, mas sua obra demonstra que, raras vezes, ele deixa a função documental da fotografia em segundo plano. Nos anos 1960 e 1970, volta-se para o interior do país e a ênfase de seus trabalhos cinematográficos passa a ser social. O objetivo de seus filmes é divulgar aspectos da cultura popular da periferia do Rio de Janeiro e de cidades do Norte e Nordeste, que, na época, permanecem desconhecidos em outras regiões.
Em 1969, leciona fotografia nos departamentos de cinema e de jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), e desenvolve tese de doutorado sobre os métodos de realização de seus documentários. Lança a revista Fotoptica em 1970, com ensaios de fotógrafos brasileiros e internacionais.
Entre 1964 e 1972, atua no projeto Caravana Farkas como produtor, patrocinador e, algumas vezes, como diretor de cinema e fotografia em documentários sobre a cultura popular no interior do Brasil. O projeto reúne cineastas como Eduardo Escorel (1945), Maurice Capovilla (1936), Paulo Gil Soares (1935-2000), Geraldo Sarno (1938) e o fotógrafo Affonso Beato (1941). Os filmes são premiados em festivais dentro e fora do país e tornam-se referência para o cinema nacional.
As produções da Caravana Farkas têm intenção didática, pois são feitas para serem exibidas em escolas. Realizados com recursos próprios, muitas vezes com câmera na mão e som direto, os filmes aliam etnografia e improviso. Por isso, são considerados por alguns críticos como a versão documental do Cinema Novo.
Inaugura, em 1979, a Galeria Fotoptica, pioneira na divulgação e comercialização de fotografia no país. A partir de 1990, integra o Conselho Deliberativo da Coleção Pirelli Masp de Fotografia. Assume a direção da Cinemateca Brasileira de São Paulo, em 1993.
Em 2005, Farkas mostra pela primeira vez uma série de fotos coloridas realizadas em 1975, durante uma expedição científica ao Rio Negro, no Amazonas, e em Salvador, na Bahia. Esses registros de viagem se destacam pelo caráter descritivo e etnográfico e denotam o olhar atento às peculiaridades culturais e ao modo de vida e de trabalho dessas regiões. Ele não busca situações espetaculares; procura captar a atmosfera dos locais visitados e prioriza as tonalidades naturais e próprias das cenas.
Atuando no cinema e na fotografia, Thomaz Farkas contribui para o registro de importantes momentos históricos do país, bem como para o estudo etnográfico do interior do país.
Reprodução fotográfica João L. Musa/Itaú Cultural
Teatro de Arena
Foto Cine Clube Bandeirante (São Paulo, SP)
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp)
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp)
Casa da Fotografia Fuji
Casa da Cultura de Paraty
Teatro Municipal (São João da Boa Vista, SP)
Itaú Cultural
Kunstmuseum Wolfsburg (Alemanha)
Galerie Debret
Foto Cine Clube Bandeirante (São Paulo, SP)
Casa da Fotografia Fuji
Faculdade Senac de Comunicação e Artes (São Paulo, SP)
Museu da Imagem e do Som (São Paulo, SP)
Fundação Bienal de São Paulo
Shopping JK Iguatemi
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