Artigo sobre GIL70 (2012 : São Paulo, SP)

Itaú Cultural
Biografia
Adriana Calcanhotto (Porto Alegre RS 1965). Cantora, compositora. Inicia a carreira cantando em bares e casas noturnas de sua cidade natal, até se mudar para o Rio de Janeiro, em 1980. Na infância tem em casa um ambiente que favorece seu aprendizado musical, é filha de Carlos Calcanhoto, baterista da Doctor Jazz Band, e da bailarina Morgada Cunha. Começa a ter aulas de violão aos 6 anos e compõe suas primeiras músicas na adolescência.
Lança seu primeiro disco, Enguiço (Sony, 1990), com músicas de Caetano Veloso, Roberto Carlos e Erasmo Carlos, Lupicínio Rodrigues e duas de sua autoria. A música Mentiras, de seu segundo disco, Senhas (Sony, 1992), integra a trilha sonora da novela Renascer (1993), da TV Globo. O álbum A Fábrica do Poema (Sony, 1994) é um disco experimental com músicas em parceria com o poeta Waly Salomão, na faixa-título; Antonio Cícero, em Inverno; a musicalização de um texto do catálogo da mostra do cineasta Joaquim Pedro de Andrade, Por que Você Faz Cinema; além da regravação de O Verme e a Estrela, de Cid Campos e Arnaldo Antunes (1960), com participação do poeta Augusto de Campos (1931).
Grava ao vivo o disco Público, em 2000, em que apresenta uma releitura da música da Jovem Guarda Devolva-Me, de Renato Barros e Lilian Knapp, cantando acompanhada somente do violão. Ganha o Disco de Ouro com o álbum Cantada, lançado em 2002.
Em 2004, pela gravadora BMG, lança o disco Adriana Partimpim, cujo título é seu apelido de infância, dedicado ao público infantil com base em repertório adulto, com a música Ciranda da Bailarina, de Edu Lobo e Chico Buarque, e Saiba, de Arnaldo Antunes.
Em seu trabalho de 2008, o CD Maré dá continuidade à Trilogia do Mar, iniciada com o álbum Marítimo (1998), com canções de Dorival Caymmi, Sargaço Mar; Caetano Veloso, Onde Andarás; Marina Lima, Três; e parcerias com Moreno Veloso, na composição da música título. No mesmo ano publica o livro Saga Lusa - O Relato de uma Viagem, no qual conta, de modo humorado, o surto psicótico que viveu em Portugal, após misturar um coquetel de remédios para gripe com cortisona, para tratar uma disfunção glandular.
Comentário crítico
Na obra de Adriana Calcanhoto percebe-se uma relação entre várias áreas de expressão artística. Ela cria capa para quase todos os seus discos, dialoga com a obra de Hélio Oiticica, com a música Parangolé Pamplona e a capa do disco Marítimo, em que aparece usando um parangolé. Compõe Por que Você Faz Cinema, inspirada no catálogo da exposição do cineasta Joaquim Pedro de Andrade. Com a poesia, faz parcerias com Augusto de Campos, na canção O Verme e a Estrela, e com Waly Salomão, na faixa-título do disco A Fábrica do Poema (Sony, 1994).
O CD Público (BMG, 2000) é, segundo Tárik de Sousa, original em meio aos vários lançamentos de gravações ao vivo da época, apresentando-se com seu violão sem virtuosismo, mas com um traço pessoal inovador, fazendo releituras de composições como E o Mundo Não se Acabou, de Assis Valente e originalmente gravado por Carmen Miranda; Clandestino, de Manu Chao; Devolva-Me, de Renato Barros e Lilian Knapp; e mostrando sua influência tropicalista na música Vamos Comer Caetano.
Marcado pela busca da simplicidade sonora, seu trabalho aprimora no CD seguinte, Cantada (BMG, 2002). Nesse álbum, privilegia a voz, o violão e o trabalho equilibrado dos instrumentistas que a acompanham, como Moreno Veloso e Daniel Jobim, reduzindo a utilização de equipamento eletrônico.
Adriana Partimpim (BMG, 2004), dirigido ao público infantil, também agrada o público adulto. Traz composições de Arnaldo Antunes, Saiba, de Chico Buarque (1944) e Edu Lobo, Ciranda da Bailarina, e faz experimentações com os músicos do trio Domenico+2, nas faixas Borboleta e Fico Assim sem Você, da dupla Claudinho e Buchecha, que tem arranjos feitos por Kassin com sons do videogame, transportando todo esse conteúdo para um universo lúdico, sem perder a textura típica de sua obra.
Adriana apresenta também um trabalho ligado ao mar, uma trilogia incompleta da qual fazem parte os CDs Marítimo (Sony, 1998) e Maré (Sony/BMG, 2008). Este conta com influências tanto da tradição quanto da modernidade da música popular brasileira, misturando interpretações de nomes tradicionais como Jards Macalé, Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Cazuza e Péricles Cavalcanti e parcerias com músicos como Rodrigo Amarante (ex-Los Hermanos), Moreno Veloso e Kassin, entre outros.
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