Artigo sobre Bienal de Paris (9. : 1975 : Paris, França)

Biografia
Emil Forman (Rio de Janeiro, RJ, 1954 - Pensilvânia, Estados Unidos, 1983). Artista visual, fotógrafo e desenhista. Desenvolve o desenho sob incentivo do artista Ivan Serpa (1923-1973), de quem é aluno entre 1971 e 1973 no Centro de Pesquisas de Arte (CPA), no Rio de Janeiro. Por volta de 1971, inicia as primeiras experiências de apropriação de objetos e fotografias em instalações como Armário, montagem de objetos em desuso por sua família na chapeleira de sua casa.
No CPA, realiza sua primeira individual em 1973, expondo a obra audiovisual Objetos de Maria dos Anjos Ferreira, indicada pelo crítico Antônio Bento (1902-1988) a participar da Bienal de Paris, em 1975. No mesmo ano, realiza a instalação Fotos de Antonietta Clélia Rangel Forman, com mais de 2.500 imagens, slides e filmes sobre sua mãe. A instalação inaugura a Sala Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ).1 Passa a residir em Paris, onde realiza séries fotográficas de vitrines e, em 1976, participa da 37ª Bienal de Veneza com o projeto coletivo The Venetian Tools Project, do Grupo Écart, fundado em Genebra.
Em 1979, residindo em Nova York, participa da mostra Life Styles-ICA Films, no ICA Arts Centre Cinema, com o trabalho Films and Slides of Family and Friends in Brazil. Distancia-se do sistema artístico oficial, mas prossegue em sua dedicação ao desenho. Trabalha com Fabiano Canosa, programador do Public Theater, na organização de seu arquivo de cinema, e com Kynaston McShine (1935), curador do Museum of Modern Art (MoMA), no livro sobre o artista norte-americano Joseph Cornell (1903-1972).
Comentário crítico
O caráter silencioso da obra de Emil Forman, aparentemente destoante das agitações políticas da década de 1970, revela um embate com a massificação do sujeito e suas relações. As centenas de desenhos que produz em Nova York, bem como as fotografias de vitrines e eventos sociais, transitam entre a ironia, o vazio e a incomunicabilidade.
Suas obras, denominadas audiovisuais, são instalações que podem ser compostas de fotografias, áudios, filmes e slides. São orientadas pela ideia de acumulação que possui uma dada coleção. Suas montagens tentam exaurir a capacidade de exibição de um assunto. A instalação Objetos de Maria dos Anjos Ferreira reúne todos os vestígios que existiam de sua governanta, à época recém-falecida. Interessa-se em exibir o encerramento de um ciclo de objetos guardados, delimitado pelo percurso de uma vida.
Segundo o artista, as pessoas que tematizam os trabalhos não são escolhidas por um critério especial, mas pela facilidade de acesso a seus objetos.2 Expõe o audiovisual Fotos de Antonietta Clélia Rangel Forman, sobre sua mãe, que participa da produção das fotografias, sugerindo poses e situações. Todas as imagens de sua mãe são incluídas – autorretratos, 3x4, provas de contato, fotos publicadas em jornais e revistas – sem nenhuma exclusão de caráter técnico ou estético. As imagens exibidas fora de uma sequência cronológica promovem uma unificação temporal. O crítico Roberto Pontual (1939-1994) considera a obra umas das primeiras contribuições importantes no campo da fotolinguagem no Brasil, numa linha de pesquisa explorada pelo artista francês Christian Boltanski (1944).3
Notas
1 A Sala ou Área Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro existiu entre 1975 e 1978, promovendo a pesquisa estética de jovens artistas.
2 PONTUAL, Roberto. Quadro e enquadramento. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 7 ago. 1975, Caderno B, p. 2.
3 PONTUAL, Roberto. Exposição da arte. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 5 dez. 1975, Caderno B, p. 2.
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Paço Imperial
Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam)
Itaú Cultural
Instituto Tomie Ohtake
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
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