Título da obra: Vista do Centro a partir do Brás


Reprodução fotográfica arquivo do artista
Avenida São João 01
,
1986
,
Cristiano Mascaro
Reprodução fotográfica arquivo do artista
Cristiano Alckmin Mascaro (Catanduva, São Paulo, 1944). Fotógrafo, arquiteto e professor. Um dos mais importantes fotógrafos brasileiros, tem como principal personagem o espaço urbano e a relação dos sujeitos com esse espaço, Mascaro retrata o cotidiano de grandes cidades, especialmente de São Paulo.
Estuda arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), onde conhece a obra do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004), que o leva a desejar seguir carreira na fotografia. Forma-se em 1968, e, no mesmo ano, é convidado para integrar a primeira equipe da revista Veja, em que permanece como repórter fotográfico até 1972. Também na FAU/USP conclui o mestrado em 1986 com a dissertação A Fotografia na Interpretação do Espaço Urbano, e o doutorado, em 1995, com a tese A Fotografia e a Arquitetura.
O fascínio de Mascaro pela cidade e sua arquitetura é anterior à faculdade e se inicia, segundo o fotógrafo, ainda na juventude, quando faz a maior parte de seus percursos a pé na cidade de São Paulo. Da sua relação com a arquitetura urbana, nasce seu primeiro livro A Cidade (1979), que combina a objetividade do fotojornalismo ao olhar de arquiteto e capta edifícios, praças e monumentos não de maneira a isolá-los de seus habitantes, mas para inseri-los no contexto da profusão de paisagens que constitui uma cidade grande.
O mesmo acontece no livro Luzes da Cidade (1996). Nele, Mascaro usa cenas do cotidiano e personagens de São Paulo para povoar o universo arquitetônico da metrópole. O objetivo parece ser capturar o fugaz, o instantâneo, e contrapô-lo ao que é construído, o que permanece. Além disso, Mascaro registra, também, a transformação das paisagens, o que faz de seu trabalho um objeto de documentação histórica.
Formalmente, os dois livros são permeados pelo olhar geometrizante de Mascaro. Ele acentua as linhas e as curvas de seus objetos com jogos de luz e sombra que, por um lado, trazem à tona o elemento arquitetônico de suas fotografias e, por outro, revelam uma espécie de relação cultural dos habitantes com os espaços urbanos em que vivem e frequentam. Há uma foto da avenida Marginal do Rio Pinheiros, em São Paulo, que mostra, entre dezenas de cabos e torres de força e dentro da estrutura de um outdoor vazio, duas pessoas trabalhando no que parece ser um reparo. Elas estão de costas e se esticam de uma escada para afixar um cabo na estrutura metálica. Há no retrato uma suspensão temporal, um momento que freia o impulso de modernização a que todo o tom industrial da imagem remete.
Com o lançamento de São Paulo (2000), essa faceta de registro do dia a dia torna-se ainda mais evidente. São pequenos acontecimentos, cenas corriqueiras em festas de aniversário e parques de diversão, capturados tanto na capital como em cidades do interior e do litoral do Estado de São Paulo. As formas geométricas ainda estão presentes, ainda que algumas vezes de maneira mais sugerida do que nos trabalhos anteriores. Já as paisagens reforçam o caráter de livro de viagem. O que transparece, no entanto, é a capacidade de imersão do fotógrafo no cotidiano de um sem número de cidades. Seja pelo uso expressivo de recursos de luz e sombra, seja pelo aprimoramento contínuo em frisar momentos e gestos singulares, Mascaro cria cenas que, em sua falta de imponência, exprimem relações entre pessoas e a ligação delas com suas cidades.
Colabora como fotógrafo no livro O Patrimônio Construído – As 100 Mais Belas Edificações do Brasil (2003), em que registra monumentos tombados pelo patrimônio histórico em todo o país. Voltam as linhas acentuadas, e também a determinação das imagens pelas linhas e curvas arquitetônicas das construções fotografadas. Edifícios que datam do século XVI se combinam com construções relativamente recentes, como o Theatro Municipal de São Paulo, fato que, para além do importante documento histórico que o livro representa, mostra a capacidade de Mascaro de harmonizar elementos díspares por suas relações geométricas.
Em 2005, participa como arquiteto homenageado da 6ª Bienal Internacional de Arquitetura e Design, com a mostra O Brasil em X, em Y, em Z. Em um cubo branco, imagens de cidades brasileiras sob a luz de seus estilos arquitetônicos confirmam a vocação de Mascaro tanto como fotógrafo das formas quanto das pessoas que as habitam.
Ao longo de sua carreira, Cristiano Mascaro recebe diversos prêmios, como o Prêmio Internacional de Fotografia Eugène Atget, em 1984, e o prêmio especial Porto Seguro de Fotografia, em 2007, pelo conjunto da obra. Seu trabalho é reconhecido internacionalmente e está em diferentes coleções públicas, não só no Brasil, como também em países como França e Estados Unidos. Em 2019, é realizada, no Sesc Pinheiros, em São Paulo, a exposição O Que os Olhos Alcançam, em comemoração aos 50 anos de carreira do fotógrafo, com 180 imagens de sua trajetória.
A importância da obra de Mascaro para a arte brasileira está não só no registro que faz das cidades e dos personagens que atuam nesses cenários no dia a dia – o que constitui relevante material histórico –, mas também (ou principalmente) em sua particularidade estética, marcada pela composição geométrica da imagem e pelos jogos de luz e sombra em suas fotografias. Mais do que o rigor formal de um grande fotógrafo, Mascaro revela em sua obra o desejo de transmitir ao outro, através de suas lentes, a alma da paisagem – que, mais do que cenário, é, na verdade, personagem.
Reprodução fotográfica arquivo do artista
Reprodução fotográfica arquivo do artista
Reprodução fotográfica arquivo do artista
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Reprodução fotográfica arquivo do artista
Reprodução fotográfica arquivo do artista
Reprodução fotográfica arquivo do artista
Reprodução fotográfica do artista
Reprodução fotográfica arquivo do artista
Reprodução fotográfica arquivo do artista
Reprodução fotográfica arquivo do artista
Cristiano Mascaro - Enciclopédia Itaú Cultural
Cristiano Mascaro encara sua câmera fotográfica como um bloco de notas, no qual pode apontar suas impressões sobre a vida na metrópole. “Meu negócio é caminhar e ver as surpresas que a cidade oferece”, diz. O fotojornalismo, que praticou no início da carreira, é uma influência importante em seu trabalho. Mesmo em retratos, sua interferência na composição da imagem é mínima, para captar uma cena espontânea e real – a exemplo da foto de um grupo de rapazes reunidos num bar em São Luís (MA), cuja única orientação foi para que ficassem próximos à porta do estabelecimento, iluminados pela luz que vinha da rua. “Procuro explorar a atmosfera em que essas pessoas estão, mas jamais interferir a ponto de criar uma cena totalmente nova.” Para Mascaro, é um equívoco a fotografia se aproximar do universo das artes plásticas, mimetizando a pintura. Seu desafio é enfrentar a realidade, saindo do óbvio e do literal.
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Instituto de Arquitetos do Brasil. Departamento de São Paulo (São Paulo, SP)
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)
Galeria Eucatexpo (São Paulo, SP)
Instituto de Arquitetos do Brasil. Departamento de São Paulo (São Paulo, SP)
Galeria Enfoco (São Paulo, SP)
Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_)
Organização dos Estados Americanos (Washington, DC, Estados Unidos)
Museu da Imagem e do Som (São Paulo, SP)
Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_)
Galeria Fotóptica
Kunsthaus Zürich
The Photographer's Gallery
Paço Imperial
Fundação Bienal de São Paulo
Shopping JK Iguatemi
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